Rio -  O decreto do prefeito Eduardo Paes proibindo, a partir de segunda-feira, a circulação de vans, Kombis ou microônibus na Zona Sul carioca caiu como uma bomba no Sindicato dos Permissionários dos Serviços de Transporte de Passageiros e Comunitário do Município do Rio de Janeiro (SindsVan-Rio).

Cerca de 100 mil pessoas usam o transporte alternativo somente na Zona Sul, que conta com 30 linhas e mais de 600 veículos.

“Ninguém nos comunicou que haveria essa proibição”, protestou Guilherme Bisserra, diretor jurídico do sindicato. Está marcada para o dia 29 audiência pública com o prefeito para discutir o assunto.
Vans que descumprirem decreto levarão multa de R$ 1.251,48 e serão apreendidas: 100 mil pessoas usam o transporte alternativo na Zona Sul | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Vans que descumprirem decreto levarão multa de R$ 1.251,48 e serão apreendidas: 100 mil pessoas usam o transporte alternativo na Zona Sul | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
De acordo com o decreto de Eduardo Paes, publicado no Diário Oficial do Município, só poderão circular na Zona Sul as linhas que realizam o itinerário Parque da Cidade-Gávea e Parque da Cidade-Fashion Mall, que passam pela Favela da Rocinha e pelo Morro do Vidigal, ambos em São Conrado.

Centro está na mira

Ainda segundo Guilherme Bisserra, a decisão de Eduardo Paes vai totalmente contra o diálogo que o sindicato vem tentando fazer com a prefeitura do Rio.

“A decisão prejudica, principalmente, os que necessitam do transporte público em horários de pouca circulação de coletivos”, afirmou ele, que complementou: “O trabalhador que volta muito tarde do trabalho é dependente das vans. Além disso, durante o dia, os ônibus não conseguem dar vazão a grande quantidade de passageiros”, afirmou.
'A proibição das vans não vai representar nenhuma melhoria para os moradores da cidade. Além disso, os ônibus estão sempre lotados, os maiores prejudicados são os trabalhadores que utilizam o transporte todo o dia' | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
O lojista Eduardo Figueireido é contra o novo decreto: 'A proibição das vans não vai representar nenhuma melhoria para os moradores da cidade. Além disso, os ônibus estão sempre lotados, os maiores prejudicados são os trabalhadores que utilizam o transporte todo o dia' | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Segundo a Coordenadoria Especial de Transporte Complementar, vinculada ao Executivo municipal, a proibição deve se expandir para outras regiões da cidade, como o Centro, mas ainda sem data definida.

As vans que forem flagradas serão lacradas e rebocadas, além de receber multa no valor de R$ 1.251,48. A fiscalização, diz a prefeitura, será feita por membros da Coordenadoria, do Detro, Polícia Militar, Detran e Guarda Municipal.

"Não falta transporte na Z. Sul", diz Paes

Segundo o decreto, o objetivo da proibição é reordenar o trânsito nos bairros de Botafogo, Urca, Humaitá, Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon, Lagoa, Jardim Botânico, Gávea, Vidigal, São Conrado e Rocinha.

“O transporte alternativo deve servir para complementar o grande transporte. Você tem que colocar a van onde não tem transporte nenhum. Em alguns pontos das zonas Norte e Oeste, onde há uma dificuldade de acesso à rede, a van tem um papel. Na Zona Sul, pelo amor de Deus, o que não falta é transporte. Tem metrô, ônibus”, disse o prefeito.

Há pouco mais de 10 dias, um casal de turistas foi atacado após embarcar num van em Copacabana. A mulher foi estuprada pelos criminosos. Desde segunda, está proibido o uso de insulfilm em vans.
A prefeitura não informou antecipadamente. Não sei o que vou fazer da minha vida. Sou motorista há 10 anos e agora parece que minha profissão foi jogada no lixo, e ainda faltam 12 prestações da minha van para serem pagas” | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
O motorista Raimundo Nonato reclamou da falta de informações: 'A prefeitura não informou antecipadamente. Não sei o que vou fazer da minha vida. Sou motorista há 10 anos e agora parece que minha profissão foi jogada no lixo, e ainda faltam 12 prestações da minha van para serem pagas' | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia