Rio -  O governo tem empregado esforços para aumentar a produção industrial e estimular o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Dentre as medidas adotadas, uma das mais visíveis tem sido o estímulo ao setor automobilístico. Embora o governo tenha aumentado o IPI na virada do ano e programado elevar o imposto de forma gradual, mudou de ideia no fim de março. Saiba como essa política afeta o valor dos automóveis.
Por Alexandre Canalini
PERGUNTA E RESPOSTA
“Pensei em comprar um carro novo para aproveitar o IPI reduzido. Quando vi o preço do carro novo me animei, mas quando recebi a avaliação do meu carro usado, fiquei desanimado. Meu carro está conservado, mas perdeu muito valor. O que faço?”
Márcio, Vila Isabel

O mercado de automóveis obedece a boa e velha regra da oferta e procura. Quanto maior a oferta de um bem, menor tende a ser seu valor de mercado. Da mesma forma, quanto menor a oferta de um bem, maior tende a ser seu valor. Analisando os últimos doze meses, podemos entender melhor esse mercado.
O governo, preocupado com o aquecimento da economia, promoveu redução do IPI para o setor automotivo. Com imposto menor, o custo do carro novo caiu e a reação natural dos consumidores foi adquirir um carro novo antes que o imposto voltasse a subir.
Esse efeito provocou uma elevação na venda de carros novos e ao mesmo tempo cresceu a oferta de carros usados no mercado. Em decorrência disso, os carros usados perderam valor não somente pelo fato de terem que reduzir o preço em relação ao carro novo, mas também em função da grande oferta de usados que o mercado teve. Se o preço do carro novo diminuiu, o preço do carro usado seguiu a queda. Se, por um lado, você ganha nacompra de um carro novo mais barato, por outro lado, você perde na desvalorização do seu automóvel atual.
Por isso, minha recomendação é tentar minimizar a desvalorização do seu veículo através de vendas diretas para outros interessados, que não sejam a concessionária que te venderá o carro novo. Quando comprar seu carro, tente pechinchar para conseguir uma boa condição. É preciso pesquisar e ter paciência para fazer um bom negócio.
Alexandre Canalini é professor de Finanças da FGV. Amanhã, Sucesso nos Negócios