Rio -  Vítima do câncer, Rosenilda Lázaro, 38 anos, passou por cirurgia de retirada do seio (mastectomia), em 2010, e foi obrigada a esperar dois anos pela operação de reconstrução da mama. Esse panorama começou a mudar, graças a uma nova lei publicada ontem. Pacientes da rede pública terão a partir de agora direito à cirurgia reparadora imediatamente após a retirada do tumor.
Rosenilda teve que retirar um seio em 2010, e esperou dois anos para conseguir fazer a cirurgia reparadora | Foto: Álbum de família
Rosenilda teve que retirar um seio em 2010, e esperou dois anos para conseguir fazer a cirurgia reparadora | Foto: Álbum de família
De acordo com a portaria, que altera uma lei de 1999, um mesmo procedimento fará a mutilação e o reparo da mama, nos casos em que a mulher tiver boa condição de saúde. Caso contrário, ela será acompanhada e operada assim que alcançar as condições clínicas requeridas. “Cabe à equipe médica avaliar se é possível realizar os dois procedimentos juntos. A decisão é tomada com base em fatores como condição da área afetada para evitar infecção ou rejeição da prótese”, explica o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães.
Segundo a presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Maira Caleffi, 60 mil mulheres aguardam pela reconstrução no país. A espera chega a cinco anos, porém muitas desistem. Entre as mulheres que não possuem condições clínicas de fazer a operação, estão fumantes, diabéticas, obesas ou cardiopatas. “A reconstrução não é um fator estético, mas faz parte do tratamento. Significa uma reinserção no ambiente emocional, afetivo e sexual”, disse.
Após a retirada do tumor, Rosenilda utilizou um expansor no local, até a reconstrução total do seio. Para ela, a nova cirurgia representou um renascimento. “Não é fácil ficar sem a mama, mexe com a autoestima. O cabelo cai, mas cresce de novo. Os seios são uma parte do corpo que não é aproveitada. Isso é muito duro”, relata.
Medida vai ajudar as mais pobres
Autora do projeto que virou lei, a deputada licenciada Rebeca Garcia conta que a ideia surgiu após acompanhar mulheres que passaram por mastectomia. Rebeca iniciou trabalho para criação de um banco de prótese. Já a senadora Ana Amélia, relatora do Projeto de Lei, ressalta que a medida vai favorecer, sobretudo, mulheres mais pobres. “A lei universaliza a reconstrução da mama e ajuda aquelas que não têm dinheiro para cirurgião plástico”, disse.
Reportagens de Beatriz Salomão e Flor Castilhos