quarta-feira, 29 de maio de 2013

Antônio Braga: Morte materna. Para além da ficção!

Antônio Braga: Morte materna. Para além da ficção!

Do que morrem nossas mulheres? Morrem por toxemia, pressão alta na gravidez e suas complicações

O DIA
Rio - A morte materna é uma catástrofe. Fomos mobilizados pelo folhetim ‘Amor à Vida’, da Rede Globo, que apresentou a morte de Luana (interpretada por Gabriela Duarte) e seu bebê. Decerto, pensariam alguns, morte materna é algo raro. Infelizmente não é essa a realidade.
Por ano, morre cerca de meio milhão de mulheres, em todo o mundo, em consequência da gravidez e de suas complicações. No Brasil, embora ainda tenhamos dificuldades em registrar esses óbitos, os números chegam a 56 casos a cada 100 mil nascidos vivos, taxa considerada alta pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em países desenvolvidos, como Dinamarca, Canadá e Estados Unidos, as ocorrências ficam entre um e oito casos a cada 100 mil partos.
Do que morrem nossas mulheres? Morrem por toxemia — pressão alta na gravidez e suas complicações; hemorragia por doenças obstétricas não diagnosticadas no pré-natal e por infecção por abortamentos provocados em más condições. De 90% a 95% desses óbitos são evitáveis e dependem da ação conjunta da rede de atenção à saúde da mulher, em todos os níveis.
São muitos os desafios do Brasil no que toca à saúde da gestante. Aumentar a captação precoce do pré-natal, melhorar a assistência prestada nas unidades, garantir agilidade nos resultados dos exames, ampliar e qualificar a participação de equipes multiprofissionais na assistência pré-natal e melhorar o atendimento de planejamento familiar são algumas medidas que devem ser implementadas e revistas constantemente.
Muito já se conseguiu até agora! Mas devemos continuar atentos e engajados na luta pela prevenção de mortes maternas e perinatais; afinal de contas, gravidez não é doença, e nossas mulheres não precisam ter suas vidas ceifadas no momento mais belo de suas existências: a maternidade.
Antônio Braga é diretor do Centro de Doenças Trofoblásticas da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

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