Rio -  Ele não se intitula cabeleireiro, mas sim “um artista do cabelo”. E já fez a cabeça de muita gente famosa. Maria Paula, Betty Lago, Isis de Oliveira, Monique Evans, Glória Maria, Vera Fischer e Fernanda Abreu são algumas das celebridades cujas mechas já passaram pela tesoura de Nonato França, desde os anos 70. E onde se corta cabelo, claro, se faz muita fofoca. Histórias que ele está reunindo para contar em livro.
Nonato criou cortes marcantes, como o de Lidia Brondi em ‘Vale Tudo’ | Foto: João Laet / Agência O Dia
Nonato criou cortes marcantes, como o de Lidia Brondi em ‘Vale Tudo’ | Foto: João Laet / Agência O Dia
“Vai se chamar ‘Meu Colar de Pérolas’. Mais que os casos que ouvi, vão chamar a atenção as fotos do meu acervo pessoal, com imagens muito interessantes e curiosas”, ressalta Nonato.
A entrada no mundo global começou quando, há uns 40 anos, Sonia Braga estava em Fortaleza com a peça ‘Hair’ (‘cabelo’, em inglês; mais apropriado, impossível).

“Nos conhecemos lá”, recorda Nonato, que é paraibano. “A Sonia queria ir em um centro de umbanda, para tomar um passe, e eu a levei. Ela estava com um cabelo enorme, até o bumbum. Estava prestes a fazer o teste para ‘Gabriela’, e foi meu primeiro trabalho. Depois veio ‘Dona Flor’, ‘Dancing Days’. Eu fiz todos os visuais dela”, orgulha-se.
Aí, fez amizade com o autor de novelas Gilberto Braga e logo estava cuidando dos fios de personagens da televisão, um atrás do outro, “de Odete Roitman a Maria de Fátima”, como gosta de destacar: “Aquele corte da Lidia Brondi, que lançou moda em ‘Vale Tudo’, é criação minha”, frisa.
Nos anos 80, os cortes de Nonato França saíram das telas e foram para os palcos. Os roqueiros também recorreram à sua tesoura. “Viajava muito a Nova York e estava atento às novidades. Fui eu que coloquei aquelas mechas coloridas nas cabeças de Baby e Pepeu”, conta.
O sucesso foi implacável com o cabeleireiro. De um garoto de origem humilde, logo ele se tornou ídolo de seus ídolos. “Dei uma surtada. Vendi o salão e fui para os Estados Unidos. Depois, voltei cansado dos egos da ‘Hollywood brasileira’”, relata.
Hoje, Nonato ainda faz seus cortes e dá dicas: “Tem que trabalhar dentro do estilo próprio da pessoa. E deixá-la com cara de rica! Até pobre quer ficar com cara de rico!”, decreta.