Rio -  Nos quatro primeiros meses do ano, 400 microempreendedores das comunidades pacificadas do Rio aproveitaram os juros baixos oferecidos pela Agência Estadual de Fomento (AgeRio) para incrementar seus pequenos negócios nas favelas. A agência concede financiamentos entre R$ 300 e R$ 15 mil, com juros a partir de 0,25% ao mês, por meio do Fundo UPP Empreendedor.
O prazo de pagamento, conforme o valor do empréstimo, é de até 24 meses, com uma carência de três meses. Quem pega R$ 1 mil, por exemplo, pagará 24 prestações de R$ 44,25. Já se a quantia for de R$ 3 mil, as 24 parcelas ficarão em R$ 133.
Para obter o financiamento, o empreendedor deve ter um fiador ou formar um grupo de, no mínimo, três e, no máximo, de dez interessados em tomar o crédito. Cada um será o fiador do outro, no chamado aval solidário.
Dona Geralda começou vendendo salgadinhos. E agora, ela quer abrir uma empresa de festas no Catumbi | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Dona Geralda começou vendendo salgadinhos. E agora, ela quer abrir uma empresa de festas no Catumbi | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
Só este ano já foram concedidos R$ 1,6 milhões em empréstimos, com a operação média no valor de R$ 3.500. Como noticiou ontem o ‘Informe do DIA’, a clientela é bem variada e inclui desde donos de biroscas e pequenos restaurantes até especialistas na arte de fazer cocadas e salgados, passando por salões de beleza e marceneiros, entre outros.
“O objetivo é desenvolver o empreendimento, melhorar a formalização e gerar mais empregos, de forma a garantir a sustentabilidade das comunidades pacificadas”, explica o presidente da AgeRio, Domingo Vargas.
Diferentemente das microfinanças — empréstimos concedidos pelos bancos para quem deseja investir em um bem ou em capacitação —, Vargas diz que o microcrédito produtivo orientado atua no foco do empreendedorismo responsável. Além do financiamento, a agência dá assessoria ao pequeno comerciante, acompanha a evolução da atividade, dá dicas de educação financeira, entre outras ações.
Dinheiro é usado para comprar equipamentos
O Fundo UPP Empreendedor dá oportunidade a moradores como Geralda das Graças da Silva, 65 anos, do Morro da Coroa, no Catumbi, que ao lado do marido, Ademar da Silva, 75, começou a vender salgadinhos. Com o empréstimo de R$ 2 mil, ela conseguiu comprar a fritadeira e o freezer. “Agora temos a chance de começar um negócio. Os juros nos bancos são muito altos e a gente não teria como pagar”, explica.
O casal pretende se unir ao filho e à nora, que faz bolos, para criar a empresa Impacto Festas.
Já Antonio Custódio da Silva, 59, morador do Morro Dona Marta, em Botafogo, usou três empréstimos, dois de R$ 2 mil e um de R$ 4 mil, para reformar o Bar do Tota, que mantém há mais de 30 anos com o cunhado. “Tem que pegar o dinheiro para trabalhar, não adianta pegar e não investir”, aconselha.
Governo baixa taxas para 5% ao ano
O programa federal de Microcrédito Produtivo e Orientado, o ‘Crescer’, também baixará a taxa de juros do financiamento de 8% para 5% ao ano. O anúncio foi feito ontem pela presidenta Dilma Rousseff.
“Com o ‘Crescer’, os bancos públicos passaram a oferecer até R$ 15 mil para esses pequenos empreendedores, com uma taxa de abertura de crédito de 1%. Agora, vamos reduzir os juros para eles a partir do final de maio, a 5%. Era 8% e passou agora a ser 5% ao ano, portanto um juro praticamente zero”, afirmou Dilma, em evento em São Paulo.
LOCALIDADES
Para obter o crédito, o empreendedor deve ir aos postos com documentação completa e ter um fiador sem restrição de crédito.
Postos: Cidade de Deus, Batan, Babilônia, Chapéu Mangueira, Tabajara, Cabritos, Turano, São João, Quieto, Matriz, Coroa, Fallet, Fogueteiro, Prazeres, Escondidinho, Complexo do Alemão, Rocinha/Vidigal, Jacarezinho, Adeus, Baiana, Fazendinha, Vila Cruzeiro, Nova Brasília e Chatuba.