segunda-feira, 13 de maio de 2013

Comprovação do desvio de verba pública na Portela


Comprovação do desvio de verba pública na Portela

Na fase final do inquérito, Polícia Federal diz ter evidências das irregularidades e caminha para responsabilizar o presidente Nilo criminalmente por peculato

JOÃO ANTONIO BARROS
Rio - O crime está configurado. A investigação da Polícia Federal sobre as irregularidades nas contas da Escola de Samba Portela encontrou evidências de erros e comprovação de desvio de dinheiro público. Na fase final do inquérito, os apuradores já ouviram quase toda a cúpula que administra a escola de Madureira há oito anos e o trabalho caminha para responsabilizar criminalmente por peculato (desvio de recursos públicos praticado por servidor) o presidente Nilo Mendes Figueiredo — capitão reformado da Marinha. 
Nilo Figueiredo não quis falar ao DIA sobre as acusações e trabalho da PF. Advogado diz que ele só falará depois
Foto:  Paulo Alvadia / Agência O Dia
As irregularidades foram detectadas pelo Controladoria Geral da União (CGU) na concessão de duas verbas à Portela, em 2005 e 2007, pelos ministérios de Turismo e Esportes. Somados, os repasses chegam a R$ 2,350 milhões e faziam parte do pacote para promover a imagem do Brasil e dos jogos Pan-Americanos de 2007 no desfile. Mas não foram utilizados para este fim. No mês passado, a CGU determinou à escola o ressarcimento imediato de R$ 525 mil. 
Na Polícia Federal, além de Nilo Figueiredo, já prestaram depoimento dois vice-presidentes: Nilo Figueiredo Júnior (filho do presidente) e o delegado aposentado Aguinaldo Ribeiro. Os dois afirmaram que só assinaram a prestação de contas da escola de samba e nunca manipularam qualquer verba na Portela. O dinheiro, asseguraram na Delegacia de Combate a Crimes Financeiros, era movimentado apenas por Nilo. Na edição de ontem do DIA, dois ex-diretores da Portela, que falaram à PF, acusam Nilo de fraude eleitoral e desvio de verbas da escola.
Nilo Figueiredo não quis falar ao DIA sobre as acusações e o trabalho da PF. O advogado da Portela, Ricardo Costa, alegou que ele só falará depois.
Escola deve fortuna a fornecedores
Sinal vermelho para contas da Portela também com as empresas de água, luz e aluguel. Sem dinheiro em caixa, a escola deve mais de R$ 500 mil aos fornecedores e teve suspensos os serviços na quadra, na sede e no barracão.
A dívida com a Cedae alcança os R$ 355 mil. Só de um imóvel, na Rua Rivadávia Corrêa, na Saúde, o valor ultrapassa os R$ 90 mil. O corte no fornecimento de luz e água interrompeu, inclusive, a tradicional feijoada realizada aos sábados pela Velha-Guarda na quadra da Portela.
A investigação da PF vai além da Portela. A Acadêmicos da Rocinha registra irregularidade no uso da verba de R$ 300 mil do Governo Federal. O investigado é o empresário Maurício Matos, que na época dirigia a escola.

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