quarta-feira, 29 de maio de 2013

Dona de boate diz que cabeleireiro morto em banheiro foi vítima de queda

Dona de boate diz que cabeleireiro morto em banheiro foi vítima de queda

Polícia ouve funcionários de estabelecimento da Zona Oeste onde vítima foi encontrada. Caso é tratado como homofobia

CAIO BARBOSA
Rio - O cabeleireiro Luiz Antônio de Jesus, de 49 anos, que foi espancado no banheiro da Boate Queen, em Jacarepaguá, domingo, não resistiu ao traumatismo craniano causado pelas agressões e morreu às 15h30 desta terça-feira, na UTI do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Segundo familiares, ele era gay.
Em nota, a dona da boate, Jade Lima, lamentou a morte do cabeleireiro e negou que tenha havido qualquer agressão por parte de funcionários da casa noturna. Segundo ela, Luiz Antônio foi vítima de uma queda. Desolada com a morte do irmão, Angelina clamava por justiça. “Isto é um absurdo! Como uma queda seria capaz de desfigurar uma pessoa daquela forma?”, questionou.
A Divisão de Homicídios assumiu o caso e apura como crime de homofobia, seguindo a portaria 574, criada em 2012 pela Chefia de Polícia Civil.
Boate Queen, em Jacarepaguá, foi interditada para a realização de perícia: vítima agredida em banheiro
Foto:  Alexandre Vieira / Agência O Dia
Horas antes de a morte ser confirmada, o delegado Antônio Ricardo, da 32ª DP (Taquara), ouviu depoimentos de familiares da vítima e de funcionários da casa noturna, que costuma ser frequentada pelo público LGBT. Ele também analisou imagens de câmeras de segurança do estabelecimento. O caso foi noticiado com exclusividade pelo DIA na edição desta terça-feira
Na noite seguinte ao crime, outro frequentador disse ter sido vítima de comportamento homofóbico no mesmo banheiro. E acusou um segurança de tê-lo retirado do local, após ter paquerado esse funcionário. O segurança negou e foi liberado após prestar depoimento.
Enquanto o inquérito esteve na 32ª DP, a principal linha de investigação era de lesão corporal grave cometida para o roubo dos pertences do cabeleireiro.
Luiz ficou em coma e não resistiu aos ferimentos
Foto:  Reprodução
“O casaco de couro que ele vestia e o celular foram levados, mas não acredito que isto tenha motivado a barbaridade que foi feita. Tanto é que a carteira, com documentos e dinheiro, foi encontrada dentro da calça jeans”, argumentou Angelina de Jesus, uma das irmãs da vítima.
Organizações prestam solidariedade
Não demorou para que a solidariedade chegasse a familiares de Luiz Antônio. Antes mesmo da morte, representantes do Centro de Referência e Promoção à Cidadania LGBT, vinculado à Prefeitura do Rio, ofereceram apoio jurídico e psicológico à família.
“Quem sofre uma violência desta natureza demora para se restabelecer socialmente. Mesmo com a morte, oferecemos todo respaldo à família, que também é lesada em um episódio como este”, garantiu a coordenadora do órgão, Sheila Corrêa.
O sepultamento do cabeleireiro, que era homossexual assumido, de acordo com familiares, será custeado pelo Rio sem Homofobia, do governo do estado. Luiz Antônio de Jesus será enterrado nesta quarta-feira, no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá.
Carlos Tufvesson, coordenador especial da Diversidade Sexual da prefeitura, também ofereceu auxílio do setor jurídico e fez um apelo àqueles que estavam na casa noturna no momento do crime através de uma rede social na internet:
“Peço encarecidamente para que qualquer pessoa que estava na Queen: ajude para que esse crime não fique impune. É a impunidade que traz a banalização da vida do ser humano”, escreveu. Segundo familiares, a vítima encontrava-se com a saúde debilitada.


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