quinta-feira, 23 de maio de 2013

Doze milhões sem uma pátria


Doze milhões sem uma pátria

Relatório da Anistia Internacional aponta o drama dos sem-nacionalidade e de refugiados

BEATRIZ SALOMÃO
Rio - Em todo o mundo, existem 12 milhões de pessoas consideradas sem pátria e 15 milhões de refugiadas, por questões como guerras e intolerâncias política e religiosa. Os dados são do relatório ‘O Estado dos Direitos Humanos no Mundo’, da Anistia Internacional, divulgado ontem. O documento revelou ainda que, dos 159 países pesquisados, 112 (70%) torturaram cidadãos e 101 reprimiram a liberdade de expressão.
De acordo com Maurício Santoro, assessor de direitos humanos da Anistia, alguns dos países europeus e árabes conferem cidadania apenas a crianças cujos pais são cidadãos locais. Filhos de estrangeiros são marginalizados, sem acesso a serviços como edução, saúde e emprego. “Apátridas ficam em um limbo jurídico preocupante. Eles acabam sendo utilizados como mão de obra barata e são vítimas de ações xenofóbicas”, explica Santoro.
Sobre os refugiados, ele destaca a Síria, país que contabiliza 1,5 milhão de pessoas nesta situação. O êxodo se dá, principalmente, para Turquia e Egito, e ainda para a Jordânia, Paquistão e Irã. Guerras e abusos sexuais são as principais causas da fuga. Mulheres e crianças são predominantes entre os refugiados.
TORTURA
Oriente Médio e Síria são locais em que foi constatada a prática da tortura, principalmente contra ativistas de direitos humanos e jornalistas. Na América Latina, casos de tortura são relacionados à violência policial. Já no quesito cerceamento da liberdade de expressão, a Turquia é o país com maior número de jornalistas e escritores presos, apesar de ser uma democracia.
Ainda segundo o relatório,prisioneiros de consciência foram detidos em 57 das nações analisadas. “São pessoas presas por resistência pacífica, sem luta armada. A Anistia trabalha para libertá-las”, disse Santoro.
A minoria mais perseguida do planeta
Cerca de 800 mil pessoas vivem em condições de extrema pobreza em campos de Mianmar, na Ásia. A maioria é da etnia rohingya, que é apátrida. Em vez de documentos de identidade, eles têm certificados de estrangeiros. Não podem ter filhos sem autorização, estudar em instituições públicas, nem possuir terras.
Originários de área que hoje inclui parte de Mianmar e parte do vizinho Bangladesh, os rohingya são muçulmanos, num país de 89% de budistas. Os conflitos são constantes e violentos. Lei adotada por Mianmar em 1982 exclui esta etnia da lista de 135 consideradas nativas do país.
A ONU a classifica de “uma das minorias mais perseguidas do planeta”.

Nenhum comentário: