Rio -  Por mais que sentencie que o sonho já acabou no título de ‘The dream is gone’, melódico tema que abre seu recém-lançado CD de inéditas ‘Fool metal Jack’, o grupo paulista Mutantes parece querer dar continuidade à viagem sonora dos anos 60. Segundo disco de estúdio do grupo desde sua reunião em 2006, ‘Fool metal Jack’ faz trocadilho no título com o nome do filme ‘Full metal jacket’ (Stanley Kubrick, 1987). Aliás, a faixa-título tem tonalidade sombria.
MÚSICA DE GIL EM PORTUGUÊS

Sempre sob a liderança do guitarrista Sérgio Dias Baptista, o grupo combina sons progressivos e psicodélicos entre rocks (‘Picadilly Willie’ e ‘Look out’) e canções mais serenas (‘To make it beautiful’). Na teoria, soa interessante. Na prática, o CD resulta meramente eficiente.

A rigor, a viagem é indicada somente para gringos ainda deslumbrados com a psicodelia brasileira. Tanto que o disco foi gravado quase inteiramente em inglês — a exceção é ‘Eu descobri’, canção filosófica da safra recente de Gilberto Gil, cantada em português por uma das vocalistas do sexteto — e lançado primeiramente nos Estados Unidos (os brasileiros podem ouvir ‘Fool metal Jack’ através de link postado pelos Mutantes em seu site oficial).

Entre faixas pontuadas por certo suingue tropical, caso de ‘Ganja man’, o disco destaca ‘Bangladesh’, tema que evoca o universo da música indiana e também o universo hippie da era paz & amor. A viagem tem rota saudosista.