Rio -  Foi-se o tempo em que havia políticos que diziam preferir inaugurar chafarizes e fontes luminosas a investir em saneamento básico. Manilhas escondidas debaixo da terra — rezava a lenda — não davam voto. Hoje, felizmente, essa mentalidade mudou.
Os eleitores, mesmo os mais pobres e com menor grau de instrução, já compreenderam que saneamento é saúde. Podem até não saber que, segundo a Organização Mundial de Saúde, cada real investido em saneamento significa quatro reais que o governo deixa de gastar tratando de doenças. Mas já perceberam que uma coisa está ligada à outra. Que, quando a rua tem asfalto, água e saneamento, o menino fica menos doente.
Pois saneamento e Saúde caminham juntos. Nada menos de 80% dos casos de mortalidade infantil por disenteria têm como causa o consumo de água suja, não tratada. Todos os dias, sete crianças brasileiras morrem por doenças causadas pela falta de coleta e tratamento de esgoto em casa. O Rio, terceiro estado mais rico do país, também vive esse problema. Itaboraí, hoje considerado o Eldorado do Comperj, tem 95% das suas ruas sem saneamento e asfalto. Uma realidade que precisa mudar urgentemente.
Por isso, é alvissareira a notícia de que o estado vai investir R$ 1 bilhão este ano no programa Bairro Novo, além de dar continuidade ao projeto Asfalto na Porta. Porque as prefeituras, sozinhas, conseguem fazer muito pouco. Mas, com parcerias, incluindo aí o governo federal e a iniciativa privada, temos condições de avançar, recuperando com esforço décadas de descaso, herança de um tempo em que a mentalidade vigente dizia que obra debaixo para terra não era coisa para prefeito, mas para tatus. Abençoados sejam então os prefeitos-tatus!
Helil Cardozo é prefeito de Itaboraí e presidente do Consórcio dos Municípios do Leste Fluminense