Rio -  Mais um plantão, apenas um papel. Escalados para trabalhar ontem na emergência do Hospital Adão Pereira Nunes, em Saracuruna, Duque de Caxias, três médicos com cargo de chefia faltaram outra vez o serviço. Junto com outros cinco profissionais, que são diretores e gerentes da unidade, eles foram flagrados pelo DIA nos meses de março e abril aumentando a receita doméstica em outro emprego, bem longe do hospital, na hora em que deveriam atender os pacientes da Baixada Fluminense.
Ontem, após publicação da reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde abriu uma sindicância administrativa para apurar as faltas dos médicos nos plantões. A pasta já sabe que eles não usaram o ponto biométrico — aquele feito com a leitura da impressão digital.
No Hospital de Saracuruna, macas com pacientes ficam espalhadas por corredor: Secretaria de Saúde abriu sindicância, e médicos podem ser exonerados | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
No Hospital de Saracuruna, macas com pacientes ficam espalhadas por corredor: Secretaria de Saúde abriu sindicância, e médicos podem ser exonerados | Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Em nota, a secretaria diz que ‘não compactua com a atuação dos médicos’ e irá descontar no salário deles o dia de ontem. Também será investigado se os dias de falta nos meses de março e abril foram pagos aos servidores, inclusive com bônus extra. Os funcionários podem sofrer sanções que podem ser simples advertência à exoneração do cargo.
Chefe do departamento de Radiologia do Adão Pereira Nunes, a médica Márcia Ferro Rodriguez estava escalada para atuar ontem, a partir das 7h, na Clínica Geral — uma das especialidades mais procuradas na unidade —, mas não apareceu. Ela também dá expediente às terças-feiras no hospital, justamente na hora em que trabalha na Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI), na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
Duas horas de espera
A Clínica Médica do Hospital de Saracuruna é supervisionada por Fernanda Ribeiro Fonseca. Uma das recordistas de plantões consecutivos, segundo a escala, ela também era aguardada para pegar no serviço. A exemplo de Márcia Ferro, não compareceu. O terceiro da lista de faltosos da emergência é o médico Daniel Soto Lopes. O servidor, que em março, em apenas 10 dias, cumpriu quatro escalas de 24h, ontem deixou seu trabalho somente no papel.
A emergência ficou ontem mais uma vez lotada. O tempo médio de espera de um paciente no atendimento foi, no mínimo, de duas horas. Como O DIA mostrou ontem, os plantões nos finais de semana são os que registram justamente a maioria das faltas dos oito médicos que ocupam cargo de chefia na unidade e são escalados apenas no papel.