Mulheres contam a experiência de terem sido criadas somente pelo pai
Condição acontece com Paulinha (Klara Castanho) e Bruno (Malvino Salvador) em 'Amor à Vida'
Rio - Neila Ariana Cardoso, Mariana Gibara e Bruna Paixão não se conhecem, mas poderiam trocar figurinhas se quisessem. As três têm em comum a experiência de terem sido criadas apenas pelo pai, ainda na infância. A atriz mirim Klara Castanho, intérprete de Paulinha na novela ‘Amor à Vida’, também vai viver as dificuldades de não ter a figura da mãe para auxiliar em sua criação. Em contrapartida, ela será muito amada pelo pai adotivo, Bruno (Malvino Salvador), e mimada pelos avós paternos, Ordália e Denizard (Eliane Giardini e Fúlvio Stefanini).
Quando tinha apenas um aninho, a designer Mariana Gibara — hoje com 25 anos — perdeu a mãe. Seu pai, Carlos Roberto Gibara, na época, ficou sem chão. “Ele sofreu muito a perda da minha mãe, acho que nunca superou. Mas, depois de dois anos, ele se casou de novo e minha madrasta ajudou a me criar. Principalmente com os assuntos de menina. Minha avó também foi muito presente, mas ela era muito careta. Minha madrasta era mais moderna”, comenta Mariana. Viver sem o carinho da mãe foi, sem dúvida, um grande sofrimento para ela. “A mãe sempre é mais carinhosa com a filha e eu senti muita falta disso. Ela me faz muita falta até hoje. Meu pai se tornou uma pessoa fechada. Eu queria brincar e, muitas vezes, ele não tinha paciência. Mas entendo que para ele foi bem sofrido também”, avalia a designer.
A estudante Neila Ariana Cardoso, de 26 anos, viveu com a mãe até os 9 anos, mas viu sua vida mudar radicalmente quando ela precisou se mudar definitivamente para a Alemanha e Neila ficou morando com o pai, Waldir Cardoso. “Foi difícil essa separação. Foi um choque para mim. Mas meu pai soube levar e superar. Me criou com muito esforço, conversava muito comigo e fazia de tudo para suprir a falta dela”, conta. “Não ter a imagem da mãe para ajudar quando a gente fica mocinha é complicado. Me lembro que, quando menstruei, meu pai me disse que ele era pai e mãe, e que eu tinha que deixar a vergonha de lado para contar as coisas para ele”.
Fábio Costa, pai de Bruna, bem que tentou, mas não sabe dizer se atuou bem no papel de pai e mãe. “Até hoje não sei dizer se a tarefa foi cumprida. Não fui tão bom como pai e mãe, mas eu tentei. Mãe é insubstituível. Eu tive muita ajuda dos meus pais, que foram morar comigo, na época. Sem eles, não sei o que seria de mim”, lembra.
Bruna, na opinião do pai, teve uma adolescência longa, o que fez com que ele se sentisse, por muitas vezes, impotente. “É complexo administrar filha adolescente, o trabalho e mais tantas outras coisas juntas. Me via perdido quando tinha que orientá-la com os namorados, sexualidade, comportamento, a forma de se vestir e com as confidências dela. É um pacote grande, mas a gente aprende a viver e a dar valor apenas as coisas que valem a pena”.
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