'O pau vai comer de qualquer jeito', projeta Felipão

Treinador lembra polêmica por deixar Romário fora em 2002: ‘Vai ser diferente agora?’

ANA CARLA GOMES E RODRIGO STAFFORD

Rio - A semelhança com a situação vivida na Copa do Mundo de 2002, quando foi muito contestado pela ausência de Romário, veio à tona assim que Felipão anunciou a lista sem Ronaldinho Gaúcho e Kaká. O técnico avisou que está novamente preparado para possíveis críticas e que as cobranças virão, independentemente dos jogadores que foram chamados.
“Vai ser diferente? Se não der certo, é o normal o que vai acontecer. Tenho que estar preparado para isso. Mesmo que eu leve aquele que o jornal e a televisão desejam, o pau vai comer. Eu sei disso. O que adianta eu agradar A, B ou C e ter dor de barriga? Se estiver errado, vocês façam aquilo que acharem melhor”, respondeu Felipão.
Logo após anunciar a lista, Felipão explicou que tinha seguido “critérios dos jogos, pessoais e alguns que envolvem participação de grupo”. O treinador destacou que as observações em relação ao comportamento são feitas pela própria comissão técnica da Seleção.

“Quando nós convocamos, não temos o foco apenas no clube. Nós convocamos de acordo com as nossas observações. O departamento médico age porque alguns jogadores podem estar com problema e temos que saber dos clubes o tempo de recuperação. Mas a observação maior da parte de disciplina e de comportamento é o que acontece na Seleção e o que aconteceu conosco principalmente nos cinco amistosos”, explicou.

Felipão projetou dificuldades na Copa das Confederações

Foto:  Carlos Moraes / Agência O Dia

Sem Ronaldinho e Kaká, a lista de Felipão mostra uma Seleção renovada, com média de idade de 26 anos e apenas quatro jogadores que já disputaram uma Copa do Mundo: Julio César (2006 e 2010), Daniel Alves (2010), Thiago Silva (2010) e Fred (2006).

Entre os jovens talentos, a surpresa foi o meia Bernard, do Atlético-MG. “Das quatro convocações em cinco jogos que eu fiz, o Bernard estava presente em duas delas. Mas, infelizmente, com a lesão do ombro, quando a gente conversava com o Cuca e com o departamento médico, eles nos diziam que era impossível. Ele já deveria ter recebido essa oportunidade anteriormente. Entendemos ser um jogador que usa o lado do campo de uma forma esplêndida”, elogiou Felipão.
A coletiva do treinador ainda teve momentos de descontração. Ao ser perguntado sobre quem foi o último jogador a entrar na sua lista, Felipão olhou para a ordem dos convocados no papel em cima da mesa e brincou: “O último foi o Neymar. Não dizem que os últimos serão os primeiros?”.