segunda-feira, 20 de maio de 2013

Pode chegar, freguês


Pode chegar, freguês

Entre legumes, verduras e frutas, Ângela Leal solta a voz para vender sua mercadoria

O DIA
Rio - Aos 66 anos, após emendar vários papéis menores, Ângela Leal está redescobrindo o prazer de ser protagonista. O convite da direção da emissora para viver a feirante batalhadora que é abandonada pelo marido e se desdobra para criar os filhos, Rosália (Thaís Fersoza) e Édison (Arthur Aguiar), pegou a atriz de surpresa.
“Eu me sinto valorizada. É uma alegria poder fazer, no auge da maturidade, uma personagem apaixonante e que conduz a novela. Minha história é mais forte do que qualquer personagem que tenha feito. Mas acho que Xepa talvez seja mais forte do que a história da minha vida. Vai ser uma briga boa”, prevê ela, mãe da atriz Leandra Leal, ex-secretária de Cultura do Rio e dona do Teatro Rival.
Após estudar os feirantes, a atriz Ângela Leal concluiu que para vender muito tem que ter bom humor
Foto:  Divulgação
Tendo no currículo personagens fortes como a velha Biga de ‘A História de Ana Raio e Zé Trovão’ (1991), e a Maria Bruaca, de ‘Pantanal’ (1990), ambas da extinta TV Manchete, a atriz ressalta que sempre teve um perfil popular. “Não penso no sucesso, mas em representar com dignidade e transparência a mulher brasileira. Essa é a minha responsabilidade”, diz.
Agora, no remake de ‘Dona Xepa’, baseado no texto da peça homônima de Pedro Bloch, a atriz aposta que tem tudo a ver com a simplicidade da personagem.
“Sou muito popular. Chego aos lugares e falo com todo mundo. Adoro gente de qualquer camada social. Principalmente os da inferior, que são mais abertos, que a gente tem mais possibilidade de chegar perto. Sou guerreira como a personagem, também tive muitas adversidades na vida e superei. E tenho meu jeitão, meio fuleiro de ser, igual a Xepa”, compara a atriz, que atuou na primeira versão da novela, vivendo a Regina, amiga da feirante, na Globo, em 1977. “O tema da mulher que fica sozinha e tem que cuidar dos filhos é atemporal”.
Biônica
Yara Cortez viveu a Dona Xepa na primeira versão
Foto:  Divulgação
Após uma participação em ‘Bela, a Feia’ (2009), Ângela Leal se submeteu a duas cirurgias no quadril para tratar uma artrose. Só retornou ao trabalho em 2012, na minissérie ‘Rei Davi’.
“Coloquei duas próteses. Sou um pouco biônica agora. Estou ótima”, conta.
Aos poucos, ela também voltou a frequentar a feira da Rua Frei Leandro, no Jardim Botânico, onde mora. Lá, aprendeu bordões e sabe como agradar ao freguês. “O feirante mal-encarado, amargurado, volta para casa com sua mercadoria. O bem-humorado vai com o bolso cheio”, diz.
Homenagem ao jeito de andar de Yara Cortes
No remake da Record, Ângela Leal vai homenagear a atriz Yara Cortes, que viveu a Dona Xepa na versão de 1977, na Globo, imitando o jeito dela andar e deixando à mostra a raiz branca dos cabelos: “Yara foi um pouco minha mãe. Ela me dizia o que era bom e o que não era”.

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