quarta-feira, 22 de maio de 2013

Prefeitura quer banir da rua os blocos comerciais


Prefeitura quer banir da rua os blocos comerciais

Secretaria Municipal de Turismo cria comissão para avaliar pertinência do desfile de grupos sem ligação com o Carnaval de rua do Rio ou com o bairro em que saem

ANGÉLICA FERNANDES
Rio - Com objetivo de cassar os blocos de rua que fogem da tradição do Carnaval carioca, a Prefeitura do Rio terá, já para o ano que vem, uma comissão especial de avaliação composta por nove secretarias.
O grupo vai julgar sete quesitos, que vão desde a relação da agremiação com o bairro até a estimativa de público. O objetivo é reduzir o número de blocos na cidade, que este ano registrou aumento de 15% em relação a 2012.
“Vai reduzir e organizar para ficar de maneira autêntica. Observamos que alguns blocos estão aproveitando o sucesso do Carnaval do Rio para desfilar sem nenhuma ligação com a folia de rua. Eles colocam um carro de som com DJ ou grupo de samba e pagode e dizem que é bloco”, explica o secretário municipal de Turismo, Antônio Pedro Figueira de Mello, que nos próximos dias decretará outras duas exigências no Carnaval de rua carioca: o horário para os ambulantes atuarem nos desfiles e a exclusividade de ações promocionais às empresas ganhadoras de concorrência pública.
Blocos tradicionais, como o Cordão da Bola Preta (na foto, o desfile deste ano), avaliaram bem a proposta da prefeitura e prometem apoiá-la
Foto:  Paulo Alvadia / Agência O Dia
Para o presidente do Cordão da Bola Preta, Pedro Ernesto Marinho, a comissão vai acabar de vez com blocos comerciais. “Tem muitos desfiles que são movidos a interesse financeiro que não combinam com o Carnaval. Isso tira a vaga dos blocos que realmente são a cara do Rio”, opina Pedro Marinho.
De acordo com o secretário, blocos como o do AfroReggae, que leva em média 150 mil foliões para orla de Ipanema, serão o foco das análises da comissão.
“É um exemplo que deve ser examinado sobre a ligação do bloco com a localidade e o impacto no bairro”, conta Antônio Pedro, que acredita na mudança de local como a melhor saída para fluidez na cidade. “O Bloco da Preta, que fechava a orla por horas, foi para Avenida Rio Branco e ficou muito melhor”, completa.
O controle dos ambulantes será mais rigoroso em 2014: eles terão que dispersar junto com os blocos
Foto:  Sandro Vox / Agência O Dia
Neste ano, a prefeitura barrou 91 blocos. Em 2012, 425 blocos desfilaram, enquanto em 2013 o total chegou a 492.
Tradição e relação com o bairro são quesitos básicos
A Comissão Especial da prefeitura terá o acompanhamento de duas associações de carnaval no julgamento dos blocos. A partir do recebimento das inscrições, o grupo terá dois meses para aprovar o desfile.
Os quesitos a serem analisados são: a tradição do bloco; as características dele em relação ao carnaval de rua e ao bairro; a relação que tem com a localidade; o local do desfile; a estimativa de público e os impactos que possam interferir no dia a dia da cidade.
Quanto aos ambulantes credenciados, a Guarda Municipal ficalizará o horário. Sob pena de suspensão da licença, todos deverão dispersar junto com o bloco.
“Não conseguimos liberar a rua quando termina o desfile porque os foliões ficam consumindo dos ambulantes”, diz o secretário.

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