quarta-feira, 15 de maio de 2013

Rainha verde e rosa: 'Tenho um vínculo muito grande, é um sonho estar aqui'


Rainha verde e rosa: 'Tenho um vínculo muito grande, é um sonho estar aqui'

Evelyn Bastos comenta forte ligação com a Estação Primeira e relembra trajetória até chegar ao posto de rainha da Surdo Um

RAFAEL ARANTES
Rio - Pelas ruas da comunidade todo mundo lhe conhece ao longe. Agora, é sob os gritos de "rainha" que a jovem sambista desce a ladeira e mostra que é verde e rosa as cores de sua bandeira. Com apenas 19 anos de idade, a  sambista segue vivendo uma grande fase no mundo do Carnaval.
Após ser coroada musa do Carnaval em 2012 e rainha em 2013, o espetáculo de 2014 será num novo cargo. Convidada pelo presidente Chiquinho para ocupar o posto de rainha de bateria da Mangueira, Evelyn não titubeou ao aceitar e dar início à uma nova era na Passarela do Samba.
Filha da ex-rainha de bateria Valéria Bastos, a bela marca o retorno de uma sambista da comunidade no posto e admite que é impossível não se emocionar. Nascida e criada na comunidade, a universitária tem pela frente a missão de representar o pavilhão verde e rosa e mostrar que é, realmente, uma filha fiel. No Buraco Quente, Olaria e Chalé, o ecoar anuncia um novo dia, uma nova fase. Confira a entrevista com Evelyn Bastos:
Evelyn Bastos é a nova rainha de bateria da Mangueira
Foto:  Rafael Arantes / Agência O Dia
DIA na Folia: Como começou sua história com a escola?
Evelyn Bastos: Sempre morei aqui na Mangueira, desde os quatro anos comecei a entrar. Minha mãe me colocou nos projetos sociais de passista mirim e então entrei para a Mangueira do Amanhã.
Teve alguma influência?
Minha mãe. Por sempre ter gostado, ela queria que eu fizesse parte também. Sempre me incentivou e me fez estar presente. Como comecei bem pequena, ainda não tinha aquela história de olhar e querer ir. Influência mesmo foi com ela.
E a relação com Dona Neuma?
Sempre tivemos uma relação muito boa, até mesmo de frequentar a casa dela. Estudei na creche dela, pois arrumou um espaço para mim. Fico até emocionada só de lembrar, ela tem um espaço muito especial na minha vida.
Como foi sua caminhada na escola?
Fui passista, princesa e musa mirim e rainha na Mangueira do Amanhã. O senhor Álvaro, que hoje faz parte da gestão do Chiquinho, era presidente em 2005, e me chamou para fazer parte, mas como eu era muito nova ainda não podia. Mesmo assim, ele e minha mãe foram até o Juizado de Menores e conseguiram uma autorização para que eu desfilasse, e fui a passista mais nova da história da Mangueira, com 11 anos. Depois disso, passei a ser musa da escola, com 15 anos, tendo ficado até os 17.
Evelyn é nascida e criada na comunidade verde e rosa
Foto:  Rafael Arantes / Agência O Dia
Daonde surgiu a ideia de concorrer ao "Musa do Carnaval"?
Assim que fiz 18 anos, fui convidada pelo Ivo para representar a Mangueira no concurso, e graças a Deus, o resultado foi positivo. No início achei até que era azar, pois estava indo numa leva muito boa (risos). Quando vi quem ia participar não imaginava ganhar, eram meninas que eu sempre admirei, bem mais velhas que eu. Foi uma surpresa muito grande.
E como decidiu tentar buscar o posto de Rainha do Carnaval?
As torcidas organizadas, principalmente pelas redes sociais, passaram a pedir para que eu me candidatasse levando o nome da Mangueira junto comigo. Só que no início eu ainda estava indecisa, pois ainda estava no posto de musa e tudo mais. No começo eu ainda estava prestando pré-vestibular, pensei que não fosse conseguir conciliar muito bem e tudo mais. Mas depois de tanto incentivo, de tanto carinho, acabei indo e foi outra alegria né? (risos)
Durante a candidatura, o Chiquinho já havia dado pistas que você seria a nova Rainha.. Como aconteceu?
Então, assim que ele declarou que seria uma menina da comunidade houve uma especulação muito grande, até pelo fato dele ter aguardado para falar algo, o que gerou umapelo muito grande. Via muita gente falando, pessoas pedindo, vindo me perguntar, foi diferente. Depois disso, três dias antes da eleição, o Chiquinho, Elmo e senhor Álvaro se reuniram comigo e com minha mãe no gabinete deles e me convidou para ser rainha, perguntou se eu aceitava. E, sei lá, não precisaria nem perguntar..
Como se sente ocupando um posto que foi de sua mãe?
Era um sonho. Até quando eu fui concorrer à Rainha do Carnaval e ganhei, dava várias entrevistas e falava que era um sonho, mas na verdade, meu sonho era ser rainha da Mangueira. Tenho uma relação muito grande, tem gente que nem entende, mas é um elo muito forte. Tenho um grande amor pela escola. Este sim é meu maior sonho, é muito especial, ainda mais por saber que ela também o ocupou.
Evelyn venceu concurso da Rainha do Carnaval 2013
Foto:  Divulgação
Já dá para escutar uns gritos de "Rainha" aqui.. Como está sendo este assédio? Como está lidando com isso e com a questão do tempo?
Já estou fazendo uma tática. Peguei mais matérias nesse primeiro período da faculdade para diminuir a carga no período mais perto do Carnaval. Mas esse assédio é muito bom. É só imaginar.. O lugar que fui criada, que nasci, que tem pessoas que respeito e admiro e agora ver esse carinho que sempre tiveram por mim estar cada vez mais intenso. É gratificante demais, penso até em descer o morro mais vezes para escutar mais(risos).
Como é sua relação com o Chiquinho?
Tenho um carinho muito grande por ele. Devo muito. Sempre contei com o apoio do Chiquinho até nos meus estudos. A questão da bolsa no Dona Neuma, meus livros, tudo. Estudei em escola particular graças a ele e ao sr Álvaro e sr Albano. Na minha formação acadêmica eu devo 50% a ele, sempre me ajudou muito. Se hoje eu estou cursando uma universidade pública (Educação Física, na UERJ), tenho muito que agradecer. É um grande ídolo, é muito especial para mim.
Evelyn Bastos, Rainha de Bateria da Mangueira
Foto:  Rafael Arantes / Agência O Dia
Qual a expectativa para essa nova gestão verde e rosa?
O Chiquinho sempre organizou as coisas aqui na Mangueira. É surpreendente isso tudo, tem muita coisa crescendo. A confiança que temos nele tem muita relação com as coisas que ele fez até aqui na Vila Olímpica. Confiamos muito nessa organização que ele tem, e acreditamos que ele vai fazer ainda mais pela nossa escola.
Para você, qual valor da Mangueira?
Cara, fico até arrepiada. A Mangueira é muito grande, é um sonho estar aqui. Sempre tive um vínculo muito forte com a escola. Se eu pensasse em alguns anos atrás sem a existência dela, sei que muita coisa que eu conquistei não aconteceria. É um elo muito forte, muito mesmo.
Uma rainha..
Não pode ser minha mãe?(risos).. Então, a Mangueira, rainha do samba.
Um ídolo..
Ai meu Deus, são tantos.. Hoje? Mais do que nunca, o Chiquinho.
Um sonho..
Concluir minha faculdade e poder dar uma vida melhor para minha família.
Um desfile..
O de 2002 (Brazil com "z" é pra cabra da peste, Brasil com "s" é a nação do nordeste)
Verde ou rosa?
Rosa.
Cartola é..
O verdadeiro poeta.
Jamelão..
Um ícone.
Dona Neuma..
Minha madrinha.
Valéria Bastos..
Amor.
Surdo Um..
Mané!
Um samba..
O negro samba, o negro joga a capoeira. Ele é o rei na verde-rosa da Mangueira.
Evelyn Bastos: A nova rainha de bateria da Mangueira
Foto:  Rafael Arantes / Agência O Dia

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