quinta-feira, 11 de julho de 2013

Bruno Chateaubriand: Somos todos iguais

Bruno Chateaubriand: Somos todos iguais

Meu maior sonho? Que a palavra gay suma e existam, apenas, homens e mulheres e suas diversas condições

O DIA
Rio - Vivemos em uma sociedade que a cada dia incentiva mais os rótulos. Entendo que exista, de fato, a necessidade de se separar por grupos todas as pessoas. Religião, cultura, condição social. Confesso que não sou muito fã disso. Acredito que tudo tem que ser bem mastigado, bem fácil de se entender. Afinal de contas, o tempo é cada vez menor para se conversar, para se ouvir, para interagir. Tudo é rápido e as primeiras impressões são as que ficam.
Esse movimento “supermercado”, em que os produtos são dispostos em uma prateleira, separada por preços, cores, acidez, amargura, não me fascina. Descobrir as pessoas é o melhor, afinal, elas são universos distintos a serem explorados, para além dos rótulos que lhes impõem.
Hoje vivemos um debate acalorado sobre orientação sexual. Gays, heteros cada um com as suas características. Mas não seria isso a mesma coisa? Todos nós não seríamos compostos de matéria prima semelhante? Homens com cromossomo XY e mulheres com XX... Esse debate do certo e errado me cansa um pouco. Se nossas escolhas não interferem na vida alheia e não ocasionam o caos coletivo, acho que deveriam ser, no mínimo, respeitadas.
A palavra amor desempenha essa função. Agregadora e conciliadora. Amor é base, ao meu ver, para a solução de todos os problemas. Homem gostar de homem? Mulher gostar de mulher? Qual o problema? O que vale é uma vida plena, sem mentiras. Uma vida de verdade!
Na novela ‘Amor à Vida’, da Globo, situações do universo homossexual são retratadas. Temos o personagem Félix, vivido por Mateus Solano, que teve a sua orientação sexual aprisionada por uma imposição de sua família, particularmente do seu pai, que contratou uma garota de programa para se casar com ele. Félix demonstra amargura em tudo que se relaciona à família tradicional. E, provavelmente, devido à sua frustração, tenha se transformado num vilão. Como contraponto, na mesma novela, observa-se um casal — Niko (Thiago Fragoso) e Eron (Marcello Antony) — realizado, que está, no momento, em busca de uma barriga solidária que possa gerar um filho e assim constituir uma família nos moldes mais convencionais (em vez de mãe, pai e filho, agora temos, pai, pai e filho). Por que não?
Sabe qual o meu maior sonho? Que um dia a palavra gay suma do nosso dicionário e que existam, apenas, homens e mulheres e suas diversas condições e características sexuais.
Bruno Chateaubriand é jornalista. Fernando Molica está de férias


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