Moacyr Luz: Corra e olha o céu
Sim, nossas tempestades me remetem a Garrincha, o gênio da bola.
Outro craque da gema, Moreira da Silva, lançou em 1959, passa de 50 anos, um samba chamado ‘Cidade Lagoa’ com versos que parecem inspirados nesta semana:
Basta que chova mais ou menos meia hora
É batata, não demora
Enche tudo por aí
Toda cidade é uma enorme cachoeira
Que da Praça da Bandeira
Vou de lancha a Catumbi
Ouço dizer que terremoto no Japão é feito encosta de Friburgo, cai toda hora. Os caras pintadas do sol nascente cuidaram de erguer prédios e viadutos moldados em estruturas que suportem essas ondas sísmicas.
Aqui, personagens de um seriado vintage, o Rio Maracanã transborda desde que o Conde de Bonfim ainda era brigadeiro e o estádio de mesmo nome, um derby de cavalos velozes.
Ponto de referência, o casal de namorados combina por celular: “Amor, me encontra na Lagoa, ali na curva da enchente, isso, em frente a árvore que vai tombar”.
Privilégios da vida, estava num almoço concorrido em boa conversa, quando o mestre Millôr Fernandes fala em volume médio: “Eu gostaria de conhecer Paraty”. Alguém interrompe: “Mas você não esteve lá, semana passada?” “ Sim, olhando só pra baixo pra não torcer o tornozelo nas pedras do calçamento”.
Um dia após o caos pluviométrico, reparo a cidade assustada. Alguém tossiu na Rua do Catete e todos em voltam apontaram pro alto no desespero das galochas, um Gene Kelly descompassado.
Espero o dia em que olhar pro céu seja apenas pra ver o sol trazer bom dia como a bela canção de Cartola e Dalmo Castelo.
Em tempo: Aprendi os acordes de ‘Cidade Lagoa’ com o querido amigo Jards Macalé, o mais novo setentão da praça.
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