Moacyr Luz: Jorge, guerreiro!
Uma quantidade de uca capaz de intimidar ‘Zé Pilintra’, siris desentocados na margem esquerda da Gamboa, violões e pandeiros, um cardápio servido na garagem do prédio, cômodo adaptado em sua residência oficial, e vamos festejar de peito aberto, porque facas e lanças se quebram sem o meu corpo tocar.
Há praticamente um cessar fogo, bandeira branca do Vidigal a Vila Vintém, do Leme ao Pontal, Jorge Ferraz, Jorge Aragão, Jorge Ben.
A primeira missa, que hoje acompanho da Senhor dos Passos, acontece na madrugada. Rezas e sincretismo, sussurro contrito ou um solitário atabaque branco que se ouve desde a Central do Brasil emolduram esta manhã de fé.
O Glorioso é o padroeiro de Portugal e da Etiópia, a ferradura pilando uva e café, esteio de um povo, raiz de suas culturas.
Conheço dezenas de músicas inspiradas e dedicadas ao Santo Guerreiro. Eu mesmo compus uma canção com o meu parceiro Aldir Blanc, ‘Medalha de São Jorge’, cantada em feitio de oração. Nos versos finais, um aviso:
“Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita ‘vez’ tem ar de anjo e cara de dragão...”
“Que a malvadeza desse mundo é grande em extensão
E muita ‘vez’ tem ar de anjo e cara de dragão...”
A rima clama por tempos melhores, longe de coréias e bombas onde manto sagrado desbota na miséria humana.
Que Pixinguinha, outra entidade do mesmo dia, nos traga solfejos de ‘Carinhoso’, notas encordoadas no terço da misericórdia, recitando pedidos de amor e paz a todos desse planeta ainda azul de esperança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário