Grana ou sonho? Brasileiro conta como foi parar na seleção da Guiné Equatorial
Jônatas Obina revela como surgiu a oportunidade de defender a equipe africana e admite auxílio financeiro: 'Aceitei o convite pelo sonho da Copa, mas o dinheiro também ajuda bastante'
São Paulo - Jogar uma Copa do Mundo é o grande sonho de todo jogador de futebol. Poder defender sua seleção, no entanto, não é uma missão muito fácil. Jônatas Obina é um exemplo claro disso. Nascido em Sete Lagoas, o atacante do Ferroviária de Araraquara foi atrás do grande sonho vestindo cores diferentes do tradicional verde e amarelo. Em 2012, o atleta foi convidado a defender a seleção de Guiné Equatorial, conhecida pelo grande número de integrantes estrangeiros naturalizados, e viu a oportunidade como porta para o seu grande sonho no mundo da bola. A decisão, por sua vez, também teve a influência do dinheiro que ele receberia por atuar na equipe africana.
"Teve um empresário que foi agente de um treinador que trabalhava na seleção da Guiné e me viu em alguns jogos. Quando eu recebi o convite do presidente do país aceitei mais pelo sonho (de jogar à Copa do Mundo), mas o dinheiro também ajudou bastante. Na época, eu tinha um amigo com contatos na Inglaterra e ele disse que jogar por uma seleção me abriria chances no mercado europeu", confessou o atacante de 28 anos.
A nova vida, no entanto, não teve um início fácil. Jônatas admitiu ter sofrido uma certa reprovação do povo da Guiné Equatorial, mas graças ao apoio dos novos companheiros e da comissão técnica, a adaptação acabou fluindo de uma maneira tranquila.
"Em princípio a população ficava com a cara virada porque achavam que a gente estava lá só para tirar a vaga deles. Mas agora nos sentimos tão africano quanto eles. O pessoal da seleção, tanto da comissão quanto os jogadores locais, foram hospitaleiros desde o início. Foi mais fácil se adaptar porque eles ajudaram", disse.
Após defender a seleção nas eliminatórias da CAF para a Copa do Mundo de 2014 (Jônatas atuou em quatro jogos, marcando um gol sobre Cabo Verde), onde a Guiné acabou eliminada na segunda fase, o jogador admite que ainda alimenta o desejo de retornar à equipe africana para tentar transformar o sonho de atuar num Mundial em realidade.
"Eu quero voltar sim (para jogar na Guiné Equatorial). A gente fica na expetativa de ser convocado para tentar colocar a Guiné na Copa. Já que não foi desta vez, tanto eu quanto os guineenses queremos isso para o próximo Mundial", afirmou.
Sobre a quantia recebida para defender o time de Guiné, Jônatas nega qualquer tipo de contravenção ou altos investimentos pelo seu futebol: "Recebo apenas um bônus para jogar. Não tem isso de fortuna".
FIFA DE OLHO EM POSSÍVEIS IRREGULARIDADES
A Fifa está atenta à grande frequência nos casos de naturalização. A entidade, por sua vez, já chegou a recusar alguns pedidos para diminuir o tempo mínimo necessário para uma naturalização. A equipe de Guiné Equatorial é um forte exemplo da influência estrangeira. Além de uma grande quantidade de brasileiros, colombianos, marfinenses, nigerianos e até cabo-verdianos já fizeram parte da equipe africana. E até no futebol feminino local o caso é registrado.
Em meio à polêmica da Fifa sobre a investigação das naturalizações, Jônatas lembrou que outros atletas também aceitam defender outros países pelo mesmo sonho que alimenta. A forte concorrência no futebol brasileiro é um dos maiores motivadores para o fato.
"No Brasil o futebol é muito concorrido. Para nós que lutamos diariamente seria impossível chegar na Seleção. Tem muitos por aí. Em Portugal, na Itália... E agora o Diego Costa, que também acabou se naturalizando para jogar pela Espanha", concluiu.
No ano passado, a seleção de Guiné entrou em campo sem nenhum jogador local. Dos 11 titulares, todos eram naturalizados e a Fifa chegou a ensaiar uma nova investigação sobre o caso.
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