Paciente deve investigar se cirurgião plástico tem título de especialista
O problema, segundo Ishida, é que essas pessoas, no afã de fazerem cirurgias plásticas com as quais, muitas vezes, sonharam a vida inteira, acabam caindo nas mãos de operadoras ou intermediadoras, que fazem propaganda de médicos cuja atuação o Conselho Federal de Medicina (CFM) considera antiética e ilegal.
Além de expostos ao risco de morte, ao passar por procedimentos feitos por médicos que não são cirurgiões plásticos, os pacientes podem ficar com sequelas graves. Problemas funcionais, como paralisia facial, além de outros relacionados à própria cirurgia, entre os quais a má cicatrização e os maus resultados, são algumas dessas sequelas. Ishida destacou que, para quem não está satisfeito com a imagem, ficar pior do que já é torna-se a coisa mais terrível que pode acontecer, “porque estraga a vida da pessoa”.
Levantamento do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) revela que, de janeiro de 2001 a julho de 2008, 97% dos processos motivados por cirurgias plásticas foram abertos contra médicos sem título de especialista. De acordo com a pesquisa, 48% dos processados não tinham título de nenhuma especialidade médica, 49,5% eram de outras especialidades não relacionadas à cirurgia plástica e apenas 2,1% eram cirurgiões plásticos.
Luis Henrique Ishida informou que a legislação brasileira abre possibilidade para que profissionais de outras especialidades façam cirurgias plásticas. “A legislação brasileira permite que qualquer médico exerça qualquer área”. Com isso, é aberta uma brecha para que dermatologistas, anestesistas e até ortopedistas façam cirurgias plásticas no país, disse o diretor da SBCP-SP.
Ele ressaltou que, para o leigo, a cirurgia plástica pode parecer um procedimento mais simples. “Muito pelo contrário. É o mais complexo. É a especialidade cirúrgica que tem a residência [período de especialização, que o médico faz depois de formado] mais longa entre todas, junto com a neurocirurgia e a cirurgia cardíaca. É realmente um problema de saúde pública.”
Para obter o título de especialista em cirurgia plástica, o médico tem de fazer dois anos de residência em cirurgia geral e mais três anos em cirurgia plástica. No entanto, Ishida considera que nem mesmo os 11 anos de estudo (seis do curso de medicina e cinco de residência em cirurgia geral e cirurgia plástica) “são suficientes para formar um cirurgião plástico competente”. Além do longo período de estudos, o profissional passa por um exame de qualificação teórico e prático conduzido pela SBCP, para obter o certificado de especialista, e manter uma educação continuada.
As informações são da Agência Brasil
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