quarta-feira, 12 de setembro de 2018

11 de Setembro: Dia do Árbitro.

Dia 11 de setembro, comemora-se o “Dia do Árbitro de Futebol”, que no Brasil também chamado de juiz, é o indivíduo responsável por fazer cumprir as regras, o regulamento e o espírito do jogoA vida desse profissional não é nada fácil: antes mesmo de o jogo começar, a torcida já xinga sua mãe. O árbitro é um ser abençoado pelo destino. E a mãe do juiz, ó ser abençoada. “O melhor árbitro é aquele que erra o menos possível. Não tem jeito de não errar, isso não existe”, diz o vice-presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol de São Paulo, Márcio Campos Sales (que já foi árbitro).
                 Um juiz de futebol é, basicamente, um ser que em milésimos de segundo deve tomar decisões que podem provocar contra si a reação de centenas de milhares de pessoas, e isso enquanto está circundado entre as mesmas. Juízes de futebol podem ser responsáveis pelas maiores e mais atrozes crises da humanidade, como a perda do Campeonato Brasileiro pelo Santos em 1995, a Inglaterra campeã da Copa do Mundo em 1966, o título paulista de 1973, quando tivemos dois campeões devido a um erro matemático do árbitro. O árbitro é um ser humano igual a todos os outros. É falível e não vai acertar sempre.
                 Ele pode apitar mil e duzentas partidas e o que fica são os erros cometidos. E, como necessariamente aprendemos com nossos erros, o árbitro tem que ter a humildade e a hombridade de assumi-los. Em uma partida de futebol o arbitro é o único participante que se comete um erro é crucificado e na maioria das vezes tido como o principal responsável pelo insucesso de uma equipe. Não importa se o jogador deixou de marcar um gol ou se o goleiro não defendeu um chute que parecia ser fácil, a culpa sempre recai na equipe de arbitragem pelos equívocos que possam ter vindo a cometer.
O INÍCIO DE TUDO
                Em 1902, os árbitros iam a campo trajando paletó, gravata, bermudas (até a altura das canelas) e meias. Além do desconforto dos uniformes usados pelos jogadores e árbitro da partida, o que mais chamava a atenção era o calçado usado para a prática esportiva. Os sapatos, pesados e pouco flexíveis, se assemelham aos atuais calçados de segurança, utilizados em fábricas. Tempos de bom futebol e de muitas dificuldades. O árbitro que apitou o primeiro jogo oficial no Brasil e que aconteceu dia 3 de maio de 1902, foi Antonio Casimiro da Costa, no jogo entre Mackenzie x Germânia no estádio Parque da Antarctica Paulista. O Mackenzie venceu por 2 a 1.
               No futebol brasileiro já tivemos grandes árbitros, alguns deles chegando inclusive a apitar Copa do Mundo. Por exemplo: Almeida Rego apitou a Copa de 1930, Mário Vianna apitou as Copas de 1950 e 1954, João Etzell Filho a Copa de 1962, Armando Marques as Copas de 1966 e 1974, Airton Vieira de Moraes, o popular Sansão apitou a Copa de 1970, Arnaldo Cézar Coelho as Copas de 1978 e 1982, Romualdo Arpi Filho a Copa de 1986, José Roberto Wright a Copa de 1990, Renato Marsiglia a Copa de 1994, Márcio Rezende de Freitas a Copa de 1998 e Carlos Eugênio Simon as Copas de 2002, 2006 e 2010. Duas Copas tiveram a final com brasileiros no apito, a Copa de 1982 e 1986. Muitos árbitros entram no anonimato depois que encerram a carreira, no entanto, alguns deles ficarão por muito tempo na lembrança dos torcedores, pelas polêmicas, atrapalhadas e fatos inusitados que ocorreram ao longo de suas carreiras. Vamos citar apenas alguns.
MARGARIDA
                 No fim da década de 80, no Rio de Janeiro, um árbitro passou a se destacar no futebol carioca. Jorge José Emiliano dos Santos ficou conhecido por conta de seu comportamento irreverente ao apitar as partidas – tanto ao marcar faltas e distribuir cartões, geralmente com gestos exagerados, quanto por um andar espalhafatoso pelo gramado. Apelidado de ‘Margarida’ e homossexual assumido, era considerado um juiz de bom nível técnico. Faleceu em 1995, aos 41 anos, vítima de complicações provocadas pela Aids, mas já estava no imaginário do futebol carioca.
JOSÉ DE ASSIS ARAGÃO
                 É o primeiro e único árbitro artilheiro do mundo. Que o digam os santistas, que estavam ganhando de 2 a 1 e apenas empataram com o Palmeiras no Paulistão de 1983, graças ao fato de Aragão estar bem posicionado na pequena área – impedido, diga-se de passagem e marcar, com um pulinho, o gol de empate dos palmeirenses. Na década seguinte, passou a ser técnico de times pequenos do futebol paulista, proporcionando aos torcedores o espetáculo curioso de vê-lo xingando as mães dos ex-colegas, do mesmo jeito que qualquer um de nós o faria.
ARMANDO MARQUES
                 De 1961 até 1963, sua carreira passou no anonimato, ninguém conhecia Armando Marques. Até que chegou o dia 15 de agosto de 1963, quando se enfrentaram no Pacaembu, São Paulo e Santos. Quando o São Paulo marcou o terceiro gol aos 40 minutos do primeiro tempo, os jogadores santistas partiram pra cima do árbitro, que imediatamente expulsou Pelé e Coutinho. No segundo tempo quando o Tricolor fez 4 a 1, começou o cai-cai dos jogadores santistas e a partida não chegou ao seu final por número insuficiente de jogadores santistas em campo. Esta partida entrou para a história do futebol brasileiro, como o jogo em que o Santos fugiu de campo.
                 E foi a partir daquele dia, com a expulsão de Pelé, que o árbitro Armando Marques entrou no cenário nacional. E começaram também suas lambanças. Anulou um gol de Leivinha do Palmeiras na final do paulistão de 1971, alegando que foi com a mão. Teve erro de matemática na final do paulistão de 1973, quando Portuguesa de Desportos e Santos decidiam o titulo nos pênaltis. No Fla-Flu de 1968, quando o ponta direita do Fluminense marcou o único gol da partida com a mão e Armando deu o gol. Mais tarde viu o lance na televisão e pediu desculpas a torcida do Flamengo, mas naquela altura já era tarde.
                Outro erro histórico aconteceu na final do campeonato brasileiro de 1974, alias, sempre acontecia nos jogos finais de campeonato. O jogo foi Vasco e Cruzeiro no Maracanã. O time mineiro precisava de apenas um empate. O Vasco vencia a partida por 2 a 1, quando Armando Marques anulou um gol legítimo do jogador Zé Carlos do Cruzeiro, impedindo o time mineiro de se sagrar campeão brasileiro daquele ano. Enfim, foi um grande árbitro, mas sem dúvida alguma, foi também o mais polêmico de todos do futebol brasileiro.
MÁRIO VIANNA
               Tinha seu jeito de se fazer respeitado por todos. Tinha 1.74 de altura e pesava 90 quilos de uma vitalidade que impressionava a todos que o conheceram. E mesmo na Copa de 1954, não mudou seu modo de apitar. Houve um jogador que, talvez por ser estrangeiro e desconhecer a fama de valentão de Mário Vianna, teve a infeliz ideia de desafiá-lo. Foi durante o jogo em que a Suíça venceu a Itália por 2 a 1. Inconformado com uma marcação do árbitro brasileiro, Boniperti partiu para cima do juiz aos empurrões. Mário Vianna aplicou-lhe um direto no queixo. Mandou que o carregassem para os vestiários e, ironicamente, disse para o massagista – “Se ele tiver condições, pode voltar para o segundo tempo”.
MULHERES NO APITO
               Apesar de características físicas antagônicas, as mulheres estão a cada dia ingressando nessa profissão, principalmente as formadas em educação física. Porém, alguns exemplos femininos acabam denegrindo a imagem das árbitras. Foi o caso de Ana Paula de Oliveira que surgiu com uma grande representante do movimento feminino no esporte e acabou saindo do foco, vulgarmente, diante o afastamento obrigatório que a Federação impôs à mesma depois da divulgação das fotos na revista Playboy. A “imagem” para a profissão é extremamente cobrada. Deve-se estar sempre trajado formalmente, em campo ou fora dele, demonstrando credibilidade.
              Mesmo sendo uma função muito ingrata, inúmeros candidatos a árbitros procuram ingressar nesta carreira, ingresso este que está cada vez mais difícil. As exigências impostas são cada vez maiores. Não basta apenas saber as regras do jogo e ser detentor de boas intenções. As exigências vão muito além disso. Não tem mais espaço para árbitros baixinhos e barrigudos, pois a estatura é um dos critérios eliminatórios para ingressar nos cursos promovidos, além de vários outros fatores como idade, exames clínico, oftalmológico e eletrocardiograma de esforço, escolaridade, várias negativas sobre a vida pessoal do candidato, alem de provas teóricas e de aptidão física.
              Mesmo com todos esses pré-requisitos sabe-se que apenas a aprovação em cursos não é garantia de uma carreira de sucesso, pois pode o árbitro ser aprovado e nem sequer vir a atuar pela entidade. Outro fator importante é a falta de leis que regulamentem a profissão de arbitro de futebol aqui no Brasil.
              O árbitro pode ter uma sequência de trinta partidas com boa atuação, porém, se errar um jogo está perdido. A imprensa pressiona a Federação que bota o cidadão na geladeira. Hoje em dia, o mínimo erro é identificado pelas câmeras de vídeo de alta resolução. Hoje em dia o árbitro está cada vez mais em evidência dentro de uma partida de futebol, tendo uma importância muito grande dentro do campo.
              Mesmo este não podendo participar diretamente da partida fazendo ou impedindo gols, ou ainda sendo um dos destaques desta ou daquela equipe, muitas vezes é tido como culpado por vitórias ou derrotas das equipes aos olhos de torcedores, jogadores, dirigentes e apaixonados por este esporte que move milhões de aficionados, tornando-o o grande vilão de uma partida. Embora muitos critiquem a presença dele dentro de uma competição, sabe-se que é imprescindível para a realização de uma partida, portanto, fica aqui nossa humilde homenagem aos árbitros de futebol.
Anacleto Pietro Bom, Olten Aires de Abreu e Airton Vieira de Moraes (Sansão)
Armando Marques                                                                                                             
Dulcidio Vanderley Boschilla
Oscar Roberto de Godoy
Oscar Scolfaro
Arnaldo Cezar Coelho
José Roberto Wright
Romualdo Arpi Filho
José Luiz Seneme
Paulo César de Oliveira
Mário Vianna
José de Assis Aragão
Renato Marsiglia
Márcio Rezende de Freitas
Carlos Eugênio Simon
Renato Gaciba
Salvio Spinola
Margarida

Por José Carlos de Oliveira