sábado, 13 de outubro de 2012

Dirigente: 'Wellington Nem será uma das estrelas do futebol mundial'

Rio -  Um dos principais motivos do sucesso do Fluminense no Brasileirão é a mescla de jogares experientes com os jovens tricolores. De um lado, Fred, Deco, Thiago Neves e Rafael Sobis. Do outro Wellington Nem, Wallace, Samuel e Marcos Júnior, todos contribuindo para uma elenco equilibrado e forte.
Foto: Divulgação
Nem foi elogiado por dirigente | Foto: Divulgação
Para Gerente de futebol do Fluminense, Marcelo Teixeira, os jovens do Fluminense tem um potencial individual muito grande. O dirigente fez muitos elogios a Wellington Nem e disse que o jogador pode ter um futuro muito promissor.
''O (Wellington) Nem será uma estrela do futebol mundial, sem dúvida alguma.É um garoto dedicado, tem uma identificação com o clube muito grande. É um menino que gosta muito do clube e merece todo esse destaque'', afirmou.
Apesar da boa fase, Wellington Nem não teve um começo muito fácil no Flu. Sem oportunidades nos profissionais, o atacante foi emprestado ao Figueirense em 2011, clube no qual disputou o Brasileiro daquele ano. Foi um dos destaques da equipe catarinense, marcando dez gols e foi eleito a revelação do campeonato do ano passado e voltou para ser titular nas Laranjeiras. Depois de brilhar em muitos jogos com a camisa tricolor, chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira de Mano Menezes.

Enquanto titulares ficam na academia, Fellipe Bastos e Carlos Alberto discutem em coletivo

Rio -  O clima no treinamento do Vasco nesta sexta-feira foi de tensão. No Recreio, os titulares ficaram na academia fazendo um reforço muscular se preparando para a partida de domingo contra o Santos. No gramado, os reservas participaram de um coletivo.
Companheiros de equipe não perdoaram o novo penteado do meia | Foto: Divulgação
Carlos Alberto ás vezes exagera na vontade | Foto: Divulgação
Na atividade, Fellipe Bastos e Carlos Alberto, que estavam em times opostos, exageravam nas entradas deixando o clima pesado. Em uma delas, os dois jogadores chegaram a discutir.
Para a partida contra o time paulista, a tendência é que a equipe que enfrentou o São Paulo sofra duas alterações. Fabrício entra na vaga de Renato Silva, na zaga, e de Auremir na lateral direita no lugar de Jonas - ambos no departamento médico. No fim da atividade, Juninho, Alecsandro, Rodolfo e Marlone deram voltas no campo.

No dia das crianças, Adriano posta foto em centro de reabilitação infantil

Rio -  Apesar de se envolver em polêmicas fora de campo, o atacante Adriano mostrou mais uma vez que é se preocupa com as causas sociais. Nesta sexta-feira, dia 12 de outubro, o jogador postou uma foto em sua página do Twitter em que aparece junto de algumas crianças.
Foto: Reprodução Internet
Adriano posa para foto com crianças | Foto: Reprodução Internet
A foto mostra o jogador em um centro de reabilitação de crianças no bairro de Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ídolo rubro-negro, o Imperador fez a alegria da criançada e postou na rede social:

''Aqui em Pedra de Guaratiba, em um centro de reabilitação de crianças. Levando um pouco de carinho. Feliz dia das crianças''

 

Seedorf reclama de críticas ao Botafogo e faz comparação com o Chelsea

Rio -  Apesar da má fase vivida pelo Botafogo no Brasileiro, a maior estrela da equipe, Seedorf segue confiante. Dono de uma trajetórica impecável na Europa, o meia holandês fez uma comparação do Alvinegro com um time do continente que nasceu para tentar explicar qual o tipo de planejamento do time carioca.
Foto: Divulgação
Seedorf pediu mais paciência com o Botafogo | Foto: Divulgação
''Vamos pensar no que o Botafogo está fazendo, criando jogadores, sem falar que já deu muito para o Brasil e para a Seleção. Tem um clube na Europa que só conseguiu sua primeira vitória internacional no ano passado, o Chelsea. Hoje, é um dos times mais importantes do mundo, logo depois de vencer apenas seu primeiro título'', afirmou.
O meia ainda pediu um pouco de calma aos torcedores e aos jornalistas. Seedorf admitiu o momento complicado da equipe, mas disse que o Botafogo vem crescendo nos últimos anos.
''Quando cheguei aqui, falaram do Carioca, que o Botafogo sempre chegava e fiquei feliz. Tem gente que morre do outro lado do mundo com fome, isso sim é um problema. Aqui no Brasil, há dificuldades no dia a dia. Essas críticas precisam diminuir. É bonito fazer crítica sem ser justo?'', concluiu.

UPP Manguinhos vai mudar a vida de 1 milhão de pessoas

Ocupação de favelas amanhã deverá beneficiar moradores de 28 bairros da região

POR Maria Inez Magalhaes
Rio -  A ocupação policial do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, programada para acontecer amanhã, vai beneficiar mais de um milhão de pessoas. A tomada da área pelas forças de segurança refletirá na segurança de quem mora e circula em 28 bairros da região, que tem dois batalhões — o 3º BPM (Méier) e 22º BPM (Maré) — e seis delegacias: 21ª DP (Bonsucesso), 23ª DP (Méier), 24ª DP (Piedade), 25ª DP (Engenho Novo), 26ª DP (Todos os Santos) e 44ª DP (Inhaúma).
Policial militar aborda um motorista na Avenida Dom Helder Câmara | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Policial militar aborda um motorista na Avenida Dom Helder Câmara | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
As favelas da Varginha e Mandela também serão alvos das ações de amanhã. Com a presença de policiais na região, a cúpula da Segurança Pública prevê a diminuição nos índices de criminalidade da área, um deles é o roubo de carros. A área é cortada por três vias importantes: as avenidas Dom Helder Câmara, dos Democráticos e Leopoldo Bulhões, onde bandidos costumam aterrorizar motoristas promovendo arrastões, blitzes falsas e ‘bondes’ para transportar armas e drogas.
Os constantes confrontos violentos na Leopoldo Bulhões fez o endereço ficar conhecida como Faixa de Gaza.
Para evitar a fuga de criminosos, essas vias serão monitoradas amanhã pela Guarda Municipal, que vai cuidar do trânsito na área.
Hoje, cerca de 1.500 policiais que participarão da operação amanheceriam de prontidão nos quartéis e delegacias. Eles estão a postos monitorando as informações sobre a região, analisando o planejamento das ações e recebendo as últimas instruções sobre a operação que dará início à implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Manguinhos, a 29ª do Rio.
Foto: Arte: O Dia
Arte: O Dia
Os primeiro a entrarem nas comunidades serão os policiais dos batalhões de Operações Especiais (Bope) e Choque, da PM, e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil. Com o território dominado, agentes das delegacias especializadas e distritais dão prosseguimento à ocupação.

CÚPULA NO QG
A Core deve permanecer no Jacarezinho revezando a ocupação com a PM. Os policiais civis vão checar informações sobre as investigações que cada unidade tem sobre a região, uma das mais violentas da cidade nas últimas décadas.
A operação será acompanhada por representantes das forças de segurança em tempo real pela primeira vez do QG da PM, no Centro. É lá que foi montado o Centro de Comando e Controle que começa a funcionar hoje com tecnologia de ponta.
Policiamento é reforçado nos acessos às favelas
Durante todo o dia de ontem, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) patrulharam os principais acessos a Manguinhos e Jacarezinho. As ações da Polícia Militar incluíram ainda revista aos moradores, mas ninguém foi preso. Há informações de que criminosos da área fugiram para outras favelas do Comando Vermelho, entre elas Nova Holanda, no Complexo da Maré.
Um dos procurados é Diogo de Souza Feitosa, DG, resgatado da 25ª DP (Engenho Novo). A ação foi a que motivou a cúpula da Segurança Pública a pacificar a região. Ele faz parte da lista dos 10 criminosos mais procurados da região. No entanto, o secretário José Mariano Beltrame afirmou que a operação não será uma caçada aos criminosos. “Nossa ideia é recuperar território e garantir a tranquilidade das pessoas. Não vamos fazer de um marginal um troféu”, garantiu ele.
Funcionários da Secretaria Municipal de Assistência Social também fizeram ontem operação na área. O órgão também vai participar da operação, amanhã. Eles recolheram 11 usuários de crack nas proximidades da estação de Manguinhos. Mas, duas horas depois, outros viciados na droga circulavam pela área.
Policiais vão a hospitais para dar brinquedos
O Dia das Crianças foi marcado por ‘ação policial’ em hospitais da Zona Norte do Rio. A razão: alegrar a vida de meninos e meninas internadas por diversos motivos. No lugar das armas, PMs carregavam 600 brinquedos para presentear os pequenos nos hospitais do Andaraí, Pedro Ernesto e Jesus, estes dois últimos em Vila Isabel. A iniciativa do 6º BPM (Tijuca) contou com doações PMs e moradores da região.
Segundo o tenente-coronel Márcio Rocha, esse foi o primeiro ano do projeto:
“Sempre que a população vê um aparato policial, acha que tem um problema. E hoje nos unimos para fazer crianças sorrirem”.
Internada para fazer tratamento renal, Raíssa de Lima, 8, não escondia a alegria com uma boneca na mão. “Quero um kit de beleza para boneca”, brincou.
Crianças que vivem em áreas com UPPs curtem o dia no Maracanã
Mais de quatro mil crianças de 28 comunidades pacificadas do Rio de Janeiro comemoraram o Dia das Crianças, ontem, em evento organizado pela Coordenadoria de Polícia Pacificadora, no Estádio de Atletismo Célio de Barros, no Maracanã.
Com atrações para todos os gostos, a garotada participou de várias atividades, desde oficinas culturais até disputas atividades esportivas, como atletismo, futebol e vôlei.
Já aqueles que preferiram ficar na plateia puderam assistiram apresentações circenses, além de shows de pagode e funk.
Acompanhado da esposa e do filho de 3 anos, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, cumprimentou os mais de 150 policiais que trabalhavam no evento e fez questão de reforçar a parceria entre a comunidade e a polícia.
“Antes das Unidades de Polícia Pacificadora, existiam comunidades opostas que não podiam dividir o mesmo espaço (por causa da disputa de território por traficantes rivais). Agora, elas estão juntas com a polícia em um único evento. É esta integração que conquistamos a cada dia", contou o secretário.
Colaboraram Angélica Fernandes e Paloma Savedra

Ronaldo ganhou R$ 6 milhões para participar do 'Medida Certa'

São Paulo -  Ronaldo teria custado muito caro à TV Globo, segundo informações da coluna Painel FC, assinada por Bernardo Itri e publicada na Folha de S. Paulo desta sexta-feira.

Para participar  do quadro em que expõe sua obesidade e se propõe a emagrecer, o ex-craque cobrou R$ 6 milhões, segundo pessoas próximas ao ex-atacante. A intenção de Ronaldo, que começou o programa com 118 quilos, é perder 18 quilos. Ou seja: se cumprir a meta estabelecida, a cada quilo perdido, o ex-jogador deve ganhar R$ 333 mil.

Procuradas pela coluna, a Globo e a assessoria de imprensa de Ronaldo afirmam que a participação no quadro não envolveu dinheiro.

Amigos do ex-atleta, aliás, dizem que ele se dedica muito ao 'Medida Certa' para cumprir a meta.

Taty Princesa visita o Hemorio no Dia das Crianças

Rio -  A funkeira Taty Princesa aproveitou o Dia das Crianças para visitar o Hemorio, no Centro do Rio. A cantora foi ao local a convite de Vando e Júlia Ribeiro, pais de Pedrinho e que montaram no hospital  o projeto Amigos de Pedrinho, para apoiar crianças que lutam contra a leucemia. Junto com os voluntários do projeto, Taty visitou todas as enfermarias e distribuiu presentes e CDs para as crianças.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Festa de ‘descasamento’ vira assunto de ‘Salve Jorge’

POR Flavia Muniz
Rio -  Sofrimento, rios de lágrimas, decepção... Nem sempre. O divórcio pode ser um processo doloroso para uns, mas para outros é o início de uma nova fase. E para marcar a mudança da vida de casado para a de solteiro, tem gente fazendo até festa: o ‘descasamento’.
Não chega a ser novidade por aqui, mas também não emplacou. Ainda. No que depender de Bianca, personagem de Cleo Pires em ‘Salve Jorge’, próxima novela das 21h, que estreia na Globo dia 22, o evento tem tudo para virar moda. Com direito a vestido branco, carro clássico, bolo separado ao meio com bonequinho do noivo enterrado de cabeça para baixo no glacê, doces bem-separados e até buquê preto, a personagem anuncia que está livre e desimpedida.
Na novela ‘Salve Jorge’, Bianca (Cleo Pires) e o ex-marido (Diego Cristo) celebram o divórcio | Foto: Divulgação
Na novela ‘Salve Jorge’, Bianca (Cleo Pires) e o ex-marido (Diego Cristo) celebram o divórcio | Foto: Divulgação
Na vida real, Cleo, que é casada com o publicitário João Vicente de Castro, descarta essa possibilidade. “Não penso em festa de casamento, que dirá de ‘descasamento’”, ironiza a atriz. Giovanna Antonelli e Claudia Raia, que interpretam, respectivamente, a delegada Heloísa e a vilã Lívia, nunca ouviram falar nesse tipo de comemoração. “É legal para a personagem, uma mulher libertária, moderna, jovem, mas é estranho celebrar uma frustração, algo que não deu certo. Por outro lado, vale cultivar o bom relacionamento. A amizade continua e o amor pode se transformar”, avalia Claudia. “Eu nem sabia que existia isso. Acho que não faria uma festa assim, é moderno demais para mim”, brinca Giovanna.
Lisandra Souto (Amanda), recém-separada do ex-jogador de vôlei Tande, contou que os colegas de trama sugeriram fazer uma festa assim para ela: “Não me anima. Quando a gente se separa não é um momento feliz. Mas tem gosto para tudo, não é?”. Na contramão das mulheres da novela, Alexandre Nero (Stenio) toparia celebrar a solteirice. “Eu faria, sim. É legal conviver com quem se amou um dia”, acredita o ator.
Da ficção para a realidade, a empresária Meg Sousa soube do sucesso do evento no exterior e gostou da ideia. Em 2009, depois de quatro anos casada, ela resolveu organizar a própria festança do divórcio, à fantasia. A comemoração, para 400 convidados, agradou tanto que ela fez mais duas, uma delas para festejar a boda de papel rasgado. “As pessoas estranharam o fato de eu querer comemorar o que não deu certo. Mas eu não quis ficar deprimida, preferi festejar a minha nova vida sozinha”, relembra Meg. O ex-marido foi convidado, mas não quis participar.
As atrações foram as mais variadas. Teve violinistas, gogo boys, kit sensual (com preservativos e chicletes), kit ressaca (com comprimidos para mal-estar), drag queen e dançarina do ventre. A anfitriã usou vestido preto sexy, com véu, grinalda e até buquê.
Uma festa do divórcio, segundo a empresária, não é muito mais barata do que uma de casamento. Os preços variam de acordo com a criatividade do cliente, e elas podem chegar a R$ 40 mil. Meg acabou se especializando no evento e agora vê na divulgação da novela a expansão do seu negócio.

Conheça a nova periguete da novela das 21h

POR Regina Rito
Rio -  Suelen (Isis Valverde), de ‘Avenida Brasil’, sai do ar dia 20, mas em breve os telespectadores vão conhecer Lurdinha (Bruna Marquezine), a nova periguete das 21h.
Foto: TV Globo
Foto: TV Globo
Ela estará na novela ‘Salve Jorge’, de Gloria Perez, que estreia dia 22.
A jovem é funkeira e mora no Complexo do Alemão, no Rio. Para encarnar o personagem, a atriz teve que mudar radicalmente o visual — clareou e alongou as madeixas —, fez aulas de funk , participou de workshops e tem controlado sua alimentação para manter a boa forma.
Bruna, 17 anos, declarou recentemente: “Estou muito feliz por ter a chance de interpretar essa personagem que, apesar de ter a minha idade, é bem diferente de mim. Ela tem atitude e é funkeira. Já eu sou muito tímida. A Lurdinha gosta de expor o corpo e é namoradeira. Não tem uma blusa que cubra a barriga. É tudo muito justo e curto.”

Wanderley Monteiro e Luiz Carlos Máximo são tricampeões na Portela

Enredo da azul e branco exalta os 400 anos do bairro de Madureira e os 90 da escola

POR Raphael Azevedo
Rio -  Maior campeã do Carnaval do Rio, a Portela definiu, na madrugada deste sábado, seu samba-enredo para 2103. Após uma final de alto nível e com a quadra lotada, a composição assinada por Wanderley Monteiro, Luiz Carlos Máximo, André do Posto 7 e Toninho Nascimento sagrou-se campeã. Wanderley e Luiz Carlos faturaram pela terceira vez consecutiva. O enredo, que exalta os 400 anos do bairro de Madureira e os 90 da escola, está sendo desenvolvido pelo carnavalesco Paulo Menezes.
Usando uma camisa do Madureira, Wanderley Monteiro comemorou bastante e dedicou a vitória a todos os portelenses. "Nosso samba tem duas coisas muito fortes. Além de contar bem o enredo tem um refrão muito forte que agradou bastante. Isso tudo foi importante. Estou muito feliz com essa conquista".
Wanderley (de camisa amarela, à esquerda) e Luiz Carlos Máximo (também de amarelo, à direita) são tricampeões na Portela | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Wanderley (de camisa amarela, à esquerda) e Luiz Carlos Máximo (também de amarelo, à direita) são tricampeões na Portela | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Para Toninho Nascimento, que faturou pela segunda vez, o enredo sobre o bairro da Zona Norte facilitou na hora de fazer a composição. "Madureira tem uma cultura muito rica. A música está impregnada nas pessoas e isso deixou os compositores mais inspirados. Agora vamos festejar", disse. Na finalíssima, a parceria liderada por Neyzinho do Cavaco também brilhou e tinha a preferência de muitos torcedores e segmentos.
'Portela tem tudo para ser campeã', diz presidente
Assim como no ano passado, o samba escolhido se destaca pela melodia diferenciada e letra empolgante. Na opinião do presidente da Portela, Nilo Figueiredo, o enredo sobre Madureira fará com que a escola tenha um ano especial. "O momento é muito bom. A quadra é nova e o Parque Madureira fez com que o bairro mudasse. Tudo está diferente e, por isso, tenho certeza de que os componentes farão um grande desfile. Não podemos adivinhar a cabeça dos jurados, mas a Portela tem tudo para ser campeã", apostou.
Patrícia Nery, a nova rainha, posa com presidente Nilo | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Patrícia Nery, a nova rainha, posa com presidente Nilo | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Ao ser perguntado sobre o fato de Eduardo Paes ter manifestado preferência pelo samba de Wanderley Monteiro, conforme O DIA revelou no início da semana, o dirigente afirmou que o prefeito "é um portelense doente". "Ele ama a escola e tem todo o direito de se expressar", analisou Nilo, negando que o fato tenha influenciado na escolha final.
'Vamos surpreender', afirma nova rainha
Nova rainha de bateria da Portela, Patrícia Nery prestigiou a finalíssima e sambou bastante no palco. Eufórica, a morena afirmou que sempre sonhou em ocupar o posto. "Sou de Madureira e amo samba. Como todo garota do bairro, sempre sonhei em ser rainha da Portela. É a escola com mais títulos e a mais tradicional do Rio. Vamos comemorar os 400 anos de Madureira na Sapucaí e vamos surpreender. Não tem como dar errado, o título é nosso". No último desfile, Patrícia, que entrou no lugar da atriz Sheron Menezzes, foi rainha da Renascer de Jacarepaguá.
Robson e Ana Paula com carnavalesco Paulo Menezes | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Robson e Ana Paula com carnavalesco Paulo Menezes | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
A noite também foi de estreia para Robson e Ana Paula. O experiente casal de mestre-sala e porta-bandeira, que assumiu o posto após a demissão de Rogerinho e Lucinha Nobre, afirmou que "já se sente em casa". "Portela e Madureira são duas coisas apaixonantes. Nossa escola tem tudo para arrebentar na Sapucaí. E nós estamos prontos para ajudar", contou Ana Paula.

Dona de 21 títulos, a azul e branco não vence sozinha desde 1970.



Enredo: "Madureira… onde o meu moração se deixou levar"
Autores: Wanderley Monteiro, Luiz Carlos Máximo, André do Posto 7 e Toninho Nascimento


E lá vou eu cantando com a minha viola
O amor tem seus mistérios
Por onde me deixo levar
Laiá
Nossa história começa por lá
No engenho da fazenda
Dos cantos de “canaviá”

Bate o sino da capela
Ôi… que é dia de santo, sinhá


Tem mironga de jongueiro
O tambor me chamou pra dançar


Tempo rodou na roda do trem e veio
A inspiração do partideiro
Que versou no Mercadão
Foi nesse chão
Que a estrela brilhou no tablado
O “Madura” pisou no gramado
O malandro charmoso dançou
No pagode com outro gingado
Quando o bloco chegou
Agitou o suingue do black
E a nega baiana girou

Cai na folia, sem grilo, meu bem vem na fé
Na ilusão da fantasia
Vai como pode quem quer


Surgiu a serrinha imperial
Em outros caminhos para o mesmo ritual
Portela, meu orgulho suburbano
Traz os poetas soberanos nesse trem para cantar
Que Madureira é muito mais do que um lugar
É a capital de um sonho que me faz sambar

Abre a roda, chegou Madureira
A poeira já vai levantar
O batuque ginga ioiô
Ginga iaiá

Martinho da Vila se despede hoje das disputas de samba

Mestre dá adeus hoje aos concursos das escolas . “Virou bagunça, o dinheiro dita das regras”, desabafa. Até sábado, mais sete agremiações escolhem seus hinos

POR Francisco Edson Alves
Rio -  Quarenta e cinco anos após vencer, pela primeira vez, o concurso de samba-enredo na Vila Isabel, Martinho da Vila, 74 anos, joga a toalha: “Este é meu último ano.” Os negócio em torno das disputas, com contratação de intérprete e até de torcida, desanimaram o bamba. Hoje, a partir de 22h, é a última chance de torcer por uma composição do mestre no Carnaval.Todos as 12 escolas do Grupo Especial escolherão esta semana seus hinos para 2013.
Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
Martinho assina o samba com o filho Tunico da Vila e Arlindo Cruz. Ele critica o esquema dos concursos: hoje, compositores gastam até R$ 50 mil | Foto: Márcio Mercante / Agência O Dia
“Os concursos não acontecem mais por amor às agremiações. Viraram uma espécie de campanha política. Só entra quem dá dinheiro, leva torcida, distribui camisas, ingressos. Enfim, virou comércio”, disse Martinho, acrescendo que não paga para concorrer. “Sei que é um caminho sem volta em todas as escolas. Então, ‘tô fora’.” Ele já venceu nove disputas na Vila.
Martinho conta que só concordou em participar este ano por causa dos parceiros, o filho Tunico da Vila e Arlindo Cruz, com quem nunca tinha dividido um samba-enredo. O tema da Azul e Branca é ‘A Vila Canta o Brasil Celeiro do Mundo/Água no Feijão que Chegou mais Um’, que homenageia os agricultores.
‘DINHEIRO DITA AS REGRAS’
O futuro dissidente lembra o tempo em que “os sambas eram feitos por integrantes da ala de compositores, que amavam e frequentavam as escolas.” Eram eles, segundo Martinho, que escolhiam os intérpretes. “Agora, todos são contratados, virou bagunça. É o dinheiro que dita regras”, compara. O gasto dos compositores em três meses de disputa chega a R$ 50 mil.
Tunico da Vila, 38, concorda com o pai e parceiro: “Esse processo virou um show. Infelizmente, quem perde é o mundo do samba. O sujeito pode ter uma grande composição, mas, se não tiver recursos, não entra.”

Mangueira, São Clemente e Salgueiro já escolheram seus sambas. A disputa na Portela estava prevista para terminar na madrugada de hoje. Até sábado,todas as escolas já terão definidos seus sambas-enredo. Confira o roteiro.

PROGRAME-SE
HOJE
VILA ISABEL: A partir das 22h, no Boulevard 28 de Setembro 382. Preço: pista custa R$ 10, mesa para quatro, R$ 50.
GRANDE RIO: Às 22h, na quadra, na Rua Wallace Soares 5, Centro de Caxias. Entrada: R$ 10.
UNIÃO DA ILHA: Começa às 23h, na Estrada do Galeão 322, Cacuia. Ingresso a R$ 15.

AMANHÃ
MOCIDADE: A partir das 22h, na nova quadra, na Avenida Brasil 31.146, Padre Miguel. Individual a R$ 20, mesa para quatro a R$ 200.

QUARTA-FEIRA
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE: A disputa começa às 20h na quadra, que fica na Rua Professor Lacê 235, Ramos. A entrada custa R$ 15.

INOCENTES DE BELFORD ROXO: Começa às 21h, na Av. Boulevard 1.741, São Vicente, Belford Roxo. Preço: R$ 10

QUINTA-FEIRA
BEIJA-FLOR: Às 21h, na Rua Pracinha Walace Paes Leme 1.025, em Nilópolis. O valor da entrada será divulgado segunda-feira no site www.beija-flor.com.br.

SÁBADO
UNIDOS DA TIJUCA: Começa às 22h, na quadrada Av. Francisco Bicalho 47, Leopoldina. Mulheres não pagam até 23h, depois custa R$ 30 para todos. Mesa com 4 lugares sai a R$ 100.
Colaborou Raphael Azevedo

Mega-sena pode pagar R$ 35 milhões neste sábado

Rio -  A Caixa Econômica  Federal sorteia, neste sábado, o concurso 1.433 da Mega-Sena. O prêmio previsto é de R$ 35 milhões. O sorteio será realizado às 20h (horário de Brasília), no Centro de Eventos Ismael Sperafico, em Toledo, Paraná. A aposta mínima é de R$ 2 e pode ser feita até as 19h em qualquer uma das mais de 11,6 mil lotéricas do Brasil.
No último sorteio, realizado na quarta-feira, ninguém acertou as seis dezenas. Cento e vinte e quatro apostadores acertaram a quina e levaram R$ 24.792,19 cada um. Outras 10.268 apostas acertaram a quadra e ganharam R$ 427,71 cada.
Bolão nas lotéricas
Desde o início desta semana, apostadores já podem registrar suas apostas por bolões oficiais , em que grupos de amigos podem fazer suas apostas em conjunto, concorrendo todos com as apostas do grupo, mas recebendo o prêmio individualmente.

As informações são do iG

Especialistas põem em dúvida poder de Banco Central de manter dólar a R$ 2

Brasília -  Apesar de Federal Reserve (Fed - o banco central dos Estados Unidos) ter voltado a injetar dólares na economia, o câmbio foi pouco afetado até agora. Em um intervalo entre R$ 2 e R$ 2,10, a cotação da moeda norte-americana não tem sofrido grandes oscilações desde maio, quando os temores em relação às eleições na Grécia provocaram a desvalorização do real. Na última quinta-feira, o dólar fechou em R$ 2,045.
Segundo analistas, essa estabilidade não é por acaso e marca uma mudança na política cambial brasileira. O governo está intervindo para manter o dólar acima de R$ 2, impedindo que a cotação volte a cair à medida que a crise na Europa se agrava e os Estados Unidos promovem o terceiro afrouxamento monetário em quatro anos.
Para o Brasil, o dólar mais alto aumenta a competitividade da indústria e das exportações. Os especialistas, no entanto, põem em dúvida o poder de o Banco Central (BC) manter a intervenção no câmbio.
Desde o fim de agosto, o BC tem promovido operações de swap  cambial reverso, que funcionam como compra de dólares no mercado futuro, para impedir a queda da cotação.
O último leilão ocorreu no dia 5, quando a autoridade monetária US$ 1,288 bilhão nesse tipo de contrato. Atualmente, a instituição financeira tem US$ 4,93 bilhões comprados no mercado futuro. Além disso, o Tesouro Nacional comprou US$ 4,881 bilhões de janeiro a agosto para pagar os vencimentos da dívida externa.
Sem essas operações, o dólar poderia ter voltado a cair, à medida que os capitais externos continuam a entrar no Brasil, atraídos pela boa situação da economia em relação aos países desenvolvidos.
O economista-chefe da consultoria Austin Rating, Alex Agostini, diz que o comportamento do governo mostra que o câmbio está menos livre que nos últimos anos. “Sem dúvida, existe uma mudança de postura”, disse.
Para ele, além de melhorar a competitividade da indústria, o atual nível do dólar tem outra vantagem: não pressionar os preços internos. “Com o dólar ao redor de R$ 2, não há efeito sobre a inflação, ao mesmo tempo em que as contas externas ficam menos comprometidas [como quando o dólar estava em R$ 1,50]”, avalia.
Agostini, no entanto, acredita que a estabilidade da cotação mais se deve às incertezas em relação à economia internacional do que ao poder de fogo do Banco Central e do Tesouro Nacional.
“Enquanto o Banco Central anuncia operações no mercado futuro e compras à vista, os países avançados atravessam um momento de instabilidade que ajuda o governo a vencer a briga com o mercado, que força a queda do dólar”, ressalta.
De acordo com o professor de Economia Internacional André Nassif, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Banco Central está fazendo o que deveria ter sido feito na crise de 2008: impedir que o dólar volte a cair depois de uma alta repentina.
“O Brasil está repetindo o que vários países da Ásia fizeram há quatro anos, quando intervieram no câmbio e não deixaram as moedas locais subir [em relação ao dólar]”, explica.
Nassif também acredita que o governo, até agora, tem sido mais beneficiado pelas incertezas internacionais do que pelas ações da equipe econômica. “Quem depreciou o câmbio, fazendo o dólar subir de R$ 1,80 para R$ 2, não foi o governo, mas o próprio mercado, que estava receoso em relação às eleições na Grécia”, disse.
Na avaliação do professor, por enquanto, o Banco Central consegue atuar sozinho para manter o dólar em torno de R$ 2. No entanto, caso a nova injeção de dólares na economia norte-americana pelo Fed reduza o valor do dólar no mundo, ele defende que o Brasil adote uma quarentena para os capitais estrangeiros que entram no país, para aumentar o poder das autoridades brasileiras em intervir no câmbio.
“Medidas como o IOF [Imposto sobre Operações Financeiras] para o capital externo se revelaram ineficazes em conter a queda do dólar”, declara.

As informações são da Agência Brasil

Terminam nesta segunda as inscrições para o concurso da Agência Nacional de Aviação Civil

Rio -  Terminam nesta segunda-feira as inscrições  para o concurso da Agência Nacional de Aviação Civil para 170 vagas de níveis Médio e Superior, com salários de até R$10.019,20. Para Nível Médio, são oferecidas 65 vagas, sendo oito para o Rio. As oportunidades são para funções de técnico administrativo e técnico em regulação de aviação civil. Para algumas áreas, é exigida Licença de Despachante Operacional de Voo, expedida pela Anac, e experiência profissional de no mínimo três anos. Os salários (carga de trabalho de 40 horas semanais) variam de R$4.760,18 a R$ 4.984,98.
Para Nível Superior, oferta é de 105 vagas, sendo oito no Rio. Chances para analista administrativo e especialista em regulação de aviação civil. Para algumas áreas, é exigido diploma em Engenharia, Arquitetura, Economia ou Contabilidade e Licença de Despachante Operacional de Voo, com experiência. Vencimentos variam de R$9.263,20 a R$ 10.019,20. Os interessados devem se inscrever até as 23h59 de segunda-feira no www.cespe.unb.br.

Estímulo para usar álcool

Postos terão que informar quando preço do combustível for mais vantajoso que da gasolina

Rio -  O governo federal estuda estratégias para incentivar o aumento do consumo do álcool. Uma das ideias é de que os postos de combustíveis informem obrigatoriamente, em cartazes com “letras garrafais”, toda vez que o preço do litro do álcool estiver num patamar mais vantajoso em relação ao da gasolina para o consumidor encher o tanque do carro.
Foto: Stephanie Tondo / Agência O Dia
ANP estuda medida para exigir que postos informem quando o preço do álcool estiver mais em conta | Foto: Stephanie Tondo / Agência O Dia
Tradicionalmente, se o litro do etanol estiver abaixo de 70% do valor da gasolina, é mais rentável abastecer o carro com combustível derivado de cana. Um grupo de técnicos dos Ministérios de Minas e Energia e Agricultura e da Agência Nacional de Petróleo (ANP) estuda as medidas. A expectativa é de que uma portaria seja publicada com detalhes sobre como deve ser a informação nos postos, como, por exemplo, o tamanho mínimo das letras e localização dos cartazes nos estabelecimentos.
De acordo com técnico do governo, a informação sobre o preço médio dos combustíveis é publicada nos jornais, mas o consumidor nunca sabe se a diferença vale para aquele posto em que ele está abastecendo. Além disso, quem abastece e o próprio frentista nem sempre sabem como fazer a conta ou não têm calculadora perto.

FÓRMULA DE CÁLCULO
O governo considera a iniciativa boa para o consumidor e o meio ambiente, pelo fato de o álcool ser menos poluente. Como a produção de cana é cíclica, os preços variam muito ao longo do ano. São Paulo, Mato Grosso e Goiás costumam ter mais chances de trocar de combustível por causa da proximidade das plantações. Quanto mais distante da produção, menos competitiva é a relação do álcool com a gasolina devido ao custo do frete.
Para calcular qual combustível é mais econômico, basta multiplicar o preço da gasolina por 0,7 e comparar o resultado dessa multiplicação com o preço do álcool. Se o resultado for maior do que preço do álcool, escolha este combustível. Se o resultado for menor do que custo do derivado de cana, abasteça com gasolina.
Redução do ICMS no setor
No final do mês de agosto, o governo do Rio publicou decreto reduzindo de 24% para 2% o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a produção do álcool em todo o estado.

O objetivo é ampliar os investimentos na indústria canavieira, incrementando a produção local. Na safra passada, o Estado do Rio de Janeiro produziu 70 milhões de litros, o que representa apenas 0,5% da produção nacional, de 14 bilhões de litros. A ideia é chegar aos 3,5% em cinco anos.

O governo do Estado do Rio já aprovou os três primeiros empreendimentos, todos do grupo Canabrava. Serão duas usinas em Campos e outra em Quissamã.

Estudo comprova relação direta entre obesidade e fraco desempenho sexual

Piauí -  O aumento vertiginoso do consumo de medicamentos para a disfunção erétil está diretamente ligado ao aumento da obesidade no mundo. O excesso de peso reduz a libido e prejudica diretamente o desempenho sexual.
No Brasil, pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), envolvendo 5 mil homens, mostra que 51% dos brasileiros estão acima ou muito acima do peso e que 37% deles admitem o uso de remédio para ereção. No Rio de Janeiro este percentual chega a 60%.
Na avaliação do coordenador do Grupo Longevidade Saudável no Rio de Janeiro, o geriatra e endocrinologista, Jorge Jamili, não há dúvida de que o aumento de casos de disfunção erétil está relacionado ao aumento da obesidade entre os brasileiros.
Em entrevista à Agência Brasil, o endocrinologista explicou que as alterações hormonais provocadas pela obesidade comprometem o equilíbrio do corpo humano. Levam a desajustes fisiológicos que podem afetar todos os órgãos e sistemas e, em consequência, a saúde e a qualidade de vida.
“O tecido adiposo hipertrofiado dos obesos produz uma excessiva quantidade da substância conhecida como leptina, que tem por finalidade sinalizar ao cérebro a saciedade produzida pelo alimento.
Esta substância também estimula os hormônios sexuais na glândula hipófise, FSH (Hormônio Folículo Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante), responsáveis por comandar as células dos testículos para produzirem espermatozoides e testosterona, respectivamente”.
Segundo ele, a leptina exerce “ação direta sobre as células de Leydig, localizadas nos testículos, onde produzem a testosterona, e as células de Sertoly, responsáveis pela produção de espermatozoides”.
Jamili explica que quando uma pessoa engorda ocorre o desequilíbrio do hormônio insulina e do seu contraregulador glucagon, o que faz com que a produção de insulina seja cada vez maior em decorrência da resistência que o corpo desenvolve a esse hormônio.
“Os efeitos são devastadores e podem levar, caso fora de controle, ao aumento da obesidade. Causam processos inflamatórios, além de servir como a base da síndrome metabólica, que é, de longe, a maior causa de mortes no mundo atual”.
Para melhorar os níveis hormonais, o especialista diz que a saída não é repor a testosterona, sobretudo em homens mais jovens, e muito menos utilizar medicamentos para disfunção erétil.
“O que devemos fazer é evitar ou reverter a resistência leptínica, ou seja, emagrecer, para que os receptores de insulina respondam ao seu comando”, recomenda.
Jamili diz que é preciso ter consciência de que, do ponto de vista do interesse do homem pela mulher, é preciso separar a questão relativa ao desempenho sexual decorrente da presença satisfatória da libido e da ereção propriamente dita.
“No caso do obeso, sob os dois pontos de vista, o desempenho sexual fica comprometido: Tanto o desejo sexual como o desempenho mesmo – este diretamente ligado à ereção”.
E é, segundo ele, neste ponto que reside o problema: “A utilização de medicamentos como o Viagra e similares promove a ereção, mas não melhora a libido.
O ideal é procurar fazer a correção hormonal, eliminando o desequilíbrio, o que levará à melhora dos dois aspectos: tanto da ereção como da líbido – uma vez que a obesidade compromete diretamente os eixos hormonais, sobretudo a testosterona que é o hormônio masculino”.
Jamili relata que os adipócitos hipertrofiados do obeso produzem maior quantidade da enzima aromatase, que é responsável pela conversão de testosterona em estradiol (hormônio feminino).
A pouca testosterona produzida, devido à inibição da resistência leptínica, é convertida em hormônio feminino. “Se a pouca testosterona tem um efeito devastador no corpo e mente do homem, o excesso de hormônio feminino agrava muito mais o quadro clínico”, enfatiza.
O endocrinologista chama a atenção para o fato de que a queda da testosterona produz efeitos devastadores não apenas no interesse e desempenho sexual, mas também na saúde e qualidade de vida dos homens.
“A testosterona é o hormônio que impulsiona o homem a concretizar suas metas. Sua redução no organismo está relacionada com depressão, queda do desempenho físico, falta de foco mental, diminuição do entusiasmo, sarcopenia (perda de massa magra), queda da resistência a doenças e de entusiasmo pela vida. Na realidade, ocorre aceleração do envelhecimento do corpo, da mente e da alma”, alerta.
Ele dá ênfase ao entendimento de que a obesidade é considerada "uma pandemia que afeta e mata indistintamente pobres e ricos, desencadeando uma série de outras doenças crônicas e generativas”.
Jorge Jamili defende a necessidade de se quebrar a lógica perversa decorrente da conjunção entre a má alimentação e o sedentarismo cada vez maior, decorrente do processo de industrialização crescente no mundo.
Para ele, isso será possível a partir de um equilíbrio alimentar conjugado com a prática crescente de atividades físicas. “E este é um problema que afeta as pessoas cada vez mais cedo, em idade cada vez menores. Nunca a medicina verificou crianças com histórico de colesterol alto e com diabete. É um fenômeno atual e que não vem obtendo da mídia [que, na sua opinião, deveria fazer campanhas de esclarecimentos sobre o problema] a atenção que merece e que deveria ter”.
As informações são da Agência Brasil

Dentes saudáveis na infância

Conheça dicas para os pais não descuidarem da saúde bucal das crianças desde cedo

Rio -  O feriadão do Dia das Crianças não acabou, assim como comilanças e doces que acompanham a data. É hora dos pais ficarem ainda mais atentos, então, à saúde bucal dos pequenos. Cuidados simples, mas importantes, devem ser tomados desde os primeiros meses de vida das crianças, para evitar o aparecimento de cáries, como o uso de creme dental com flúor e criar o hábito de limpar os dentes após a amamentação noturna.
Foto: SXC
Foto: SXC
“É fundamental a escovação desde o aparecimento dos primeiros dentes de leite”, explica o coordenador do programa Brasil Sorridente, Gilberto Pucca. Ele esclarece ainda que a higienização dos dentes dos bebês não precisa ser feita necessariamente com a escova de dente, mas pode ser realizada com um pedaço de pano limpo. “Os responsáveis devem iniciar a higienização da superfície do dente que já apareceu logo após a criança se alimentar”, destaca.
Gilberto Pucca explica que os dentes de leite devem ser higienizados. “Não é porque vão ser trocados que não são importantes. Esses primeiros dentes ajudam na mastigação e mantém o espaço dos dentes permanentes”. Os dentes de leite previnem, inclusive, possíveis problemas de mordida e podem evitar que a criança tenha que usar aparelhos”, reforça.
Creme dental
Outra dica importante é o uso de creme dental fluoretado para as crianças. “Não se recomenda pasta de dente sem flúor. No entanto, é bom monitorar para que a criança não acabe ingerindo a pasta rotineiramente”, salienta.
Outro cuidado que os pais devem ter é com a mamadeira noturna e o uso do açúcar, que deve ser evitado. O leite de vaca, líquido ou em pó, tem açúcar natural e não precisa ser adoçado com açúcar ou achocolatado. “É um erro amamentar a criança à noite e deixá-la dormir sem limpar os dentes. A cárie pode surgir assim que os dentes aparecem. Quando a primeira superfície do dente aparece, já está exposta a agressão externa, portanto, aquele pequeno pedaço já deve ser higienizado”, esclarece.

AO SONHADOR, AS BATATAS

Foto Pedro Landim

Nem era batata o desejo da tarde. Ela ma pediu palmitos para acompanhar um bife. Pensou no vidro, mas quis o destino que os pupunhas frescos estivessem disponíveis no supermercado.

Logo abaixo, pertinho do agrião e abaixo do alecrim, estava ali um molho de sálvia, folhas frescas e bonitas.

Domingo de sorte e aroma. Virei para trás, acima das cenouras, e catei duas batatas para a homenagem. Medalhões de filé e uma garrafa de vinho.

Há no sabor da memória a cena em que a sálvia apareceu. Meu pai havia chegado de Paris com Rosa, que na bagagem trouxera potinhos de ervas secas, entre eles aquele perfume bem diferente de tudo que eu conhecia, de sedução imediata no olfato adolescente.

Lembro de um lombinho de porco todo besuntado de mostarda no forno, e das batatas mais gostosas que jamais havia comido, douradas com sálvia, nome bonito que entrou de imediato no vocabulário. Acho que cheguei a sonhar naquela noite com sálvia.

Douradas

Foto Pedro Landim

Então fiz assim: derreti um pouco de manteiga com azeite na panelinha e, no fogo baixo, 'dourei' as folhas frescas de sálvia.

Cortei as batatas cruas em palitinhos, parcialmente descascadas, e assei no forno com azeite até ficarem todas douradas, se desfazendo e grudadas no fundo do tabuleiro. Depois removi as raspas crocante e misturei tudo na panela com a manteiga de sálvia.

No mesmo forno havia palmitos embrulhados no papel de alumínio, enquanto os bifes aguardavam o momento de chiar na frigideira de ferro.

Um dedo de vinho na taça, outro na panela, e nessa batida estamos feitos.

Veja Também: Quase Sonho

Foto Pedro Landim

Segunda-feira, 1 Outubro, 2012

CHAPÉU NO FORNO

Foto Pedro Landim

O cogumelo perfeito. Todos podem ter o seu. O meu já descobri. Técnica que alia textura, perfume e sabor sem desperdícios. Tenha a mão os cogumelos mais frescos, um tabuleiro de forno, um frigideira de teflon, um belo azeite e sal marinho. Opcional da salsa fresca picada.

Os fungos vão inteiros e lambuzados no azeite para o forno de 160°C, durante 30 minutos. Em seguida, na frigideira aquecida e seca, um minuto de cada lado. Tempere com fio de azeite, salsinha e flor de sal.

Ou convide seus cogumelos para alguma das 1001 viagens possíveis.

Pensei num ninho de capellini, os populares cabelinhos de anjo, recebendo os cogumelos finamente fatiados na manteiga, com gotas e raspas de limão, cubinhos de tomate sem pele, salsinha e pimenta dedo de moça fresca. Nuvem de queijo pecorino por cima, já pensou?

Foto Pedro Landim

Shitake foi a feliz cobaia.

Veja também: Arroz na Montanha

Foto Pedro Landim

Terça-feira, 18 Setembro, 2012

PÉ-CERVA

Foto Pedro Landim

Quando um tradicional botequim, daqueles de jiló e 'PF' no balcão, instala entre as cachaças pequena geladeira com premiadas cervejas belgas e brasileiras artesanais, é sinal de que há algo de novo no secular esporte carioca do levantamento de copos: o que vai por dentro deles ganhou importância e consideração.

O bar citado é o Rebouças, autêntico pé-sujo no Jardim Botânico que, atendendo à nova demanda, já serve seus famosos bolinhos de camarão com Catupiry ao lado da catarinense Eisenbahn Pilsen (R$ 10), bela harmonização. E até celebridades como a belga Delirium Tremens (R$ 28, 330ml) andam por lá.

Foto Pedro Landim

A ótima produção de cervejas brasileiras especiais, seguindo ingredientes e métodos nos moldes das melhores do mundo, também vem driblando as Brahmas e Antarcticas em botecos como o Bar da Frente, na Praça da Bandeira, com cerca de 50 rótulos artesanais, todos nacionais. Boa sugestão da casa é o incrível Fofinho de Camarão com a loura Coruja Alba, cerveja de trigo elaborada em Santa Catarina (R$ 24, 600ml).

Foto Pedro Landim

A versão não pasteurizada e 'viva' da referida cerveja, raridade que chega ao Rio refrigerada, pode ser degustada em embalagem de um litro (R$ 34) no Boteco Carioquinha, que tem na Lapa carta de 150 rótulos de 16 países. O Sanduíche de Boteco, que leva bife à milanesa, ovo, alface, tomate e cebola no pão francês, faz bela companhia à Baden Baden 1999, no estilo bitter ale (R$ 21,50, 600ml).

O Imaculada, na paisagem histórica do Morro da Conceição, tem garrafas de boa saída como a catarinense Opa (R$ 16,90, 600ml), no estilo pale ale, para os bolinhos Bola 7: arroz com feijão e fritos no fubá.

Foto Pedro Landim

Já o Boteco Colarinho não poderia ficar de fora com seu investimento nos chopes artesanais, em nove torneiras de líquidos diferentes à disposição, incluindo o chope feito pela casa nas versões pilsen (R$ 4,60, 300ml) e weinzen (de trigo, a R$ 7,40, 400ml).

Outros colossos enchem as canecas, como o escocês BrewDog 5am Saint (R$ 18,90, 300ml), ou o Heineken a R$ 5,90 (300ml). Experimente com a empada de frutos do mar e navegue na onda fermentada.

Foto Pedro Landim

Bar da Frente. Rua Barão de Iguatemi 388, Praça da Bandeira (2502-0176). De ter a sáb, do meio-dia à meia-noite. Dom, do meio-dia às 18h.

Bar Imaculada. Ladeira João Homem 7, Morro da Conceição (2253-3999). De seg a sáb, das 11h às 22h.

Bar Rebouças. Rua Maria Angélica 197, Lagoa (2286- 3212). De seg a sáb, das 6h às 2h.

Boteco Carioquinha. Rua Gomes Freire 822, Lapa (2252-3025). De seg a qui e dom, das 11h à 1h; sex e sáb, das 11h às 3h.

Boteco Colarinho. Rua Nelson Mandela 100, lj 127, Botafogo (2286-5889). Seg, das 17h às 2h; ter a dom, de meio-dia às 2h.

Quarta-feira, 12 Setembro, 2012

CORVINA DE ESPANHA

Foto Pedro Landim

Por mim, todo restaurante seria assim: a cozinha escancarada para o salão em janelas de vidro, questão de abrir o coração. No caso do Eñe, o mar à vista e a Pedra da Gávea ao fundo ajudam a compor um dos mais belos cenários de almoço no Rio.

Era um domingo de trabalho mas não nos deixamos abater, ainda mais diante do convite para conhecer novidades de Sergio e Javier Torres, os gêmeos espanhóis que vivem no triângulo aéreo entre Barcelona, São Paulo e Rio.

E foram surpresas excitantes como o que eu chamaria de, simplesmente, dobradinha de bacalhau: as tripas em caldo untuoso e perfumado, com lâminas de aspargos, brócolis e couve flor, legumes em harmonia para levantar o ânimo, a moral e quem sabe outras coisas.

Foto Pedro Landim

Caminho aberto para o prato da tarde: a corvina assada no vapor em cama de sal grosso, sobre purê de mandioquinha em caldo escuro de vitela e legumes, enfeitada com flores e legumes (foto de abertura).

Corvina? O garçon explicou que muita gente tem preconceito ao saber o nome do peixe, no que respondi: "Não é preconceito. É ignorância mesmo".

O peixe tem que ser fresco e ponto parágrafo. A partir daí, deve ser bem tratado e ponto final. Sardinhas (viva elas!), corvinas, pescadinhas e outros nadadores anônimos deixarão no chinelo robalos congelados, maltratados ou de anteontem. Ainda mais pelas mãos de quem sabe.

Foto Pedro Landim

É um dos motivos pelos quais os chefs, em geral, preferem trabalhar com peixes, que permitem mais criatividade do que as carnes vermelhas. Quem me falava disso outro dia era o italiano Donato de Giuseppe, o homem por trás das panelas do Gero. É vero. E o prato do Eñe é claro (e colorido) exemplo.

Foto Pedro Landim

Tudo começou com batatinhas recheadas com gorgonzola e rabanetes temperados, divertindo a boca. Depois, feijões brancos em seu caldo, minicubos de toucinho e saladinha por cima.

Alho e salsa, a dupla eterna de tantos refogados, em versão talvez da 'salsa verde' ibérica, viraram espuma sobre ravioli com recheio cremosos de alho, e no grand finale um bife de ancho perfeitamente grelhado veio em refogadinho de seus sucos com cebola, alho poró, bacon e ervilhas 'tortas', tudo em corte de juliana finíssima. Confortante.

Na sobremesa, o Jerez estilo Cream da Rey Fernando de Castilla, que já havíamos adorado no Entretapas, veio com sorvete e outras coisas de chocolate, terreno onde os espanhóis adoram justificar a fama de 'descobridores' do produto à base de cacau, cultivado por índios nas américas colonizadas.

Foto Pedro Landim

Preciso dizer que saímos contentes?

Segunda-feira, 10 Setembro, 2012

BEIJADOS PELO MAR

Foto Nelson Porto

É como vislumbrar a Garota de Ipanema em passeio pela Princesinha do Mar, unindo as poesias de Braguinha, Tom e Vinicius sob um sol que bate aqui mas não bate lá: me perdoem a sinceridade, mas não há no mundo recorte de beleza urbana como o que une o Leme ao Pontal, já cantava outro poeta.

Estamos falando de comida? Sim, do momento em que cardápio e paisagem se encontram na orla, em ponto elevado de beleza e sabor.

O guloso atento já percebeu que o Rio vem se tornando, em relação à alta gastronomia, uma cidade de premiados italianos. E mais: alguns dos melhores restaurantes do gênero estão na orla, banhados em maresia e avistando coqueiros, ondas, ilhas e muito céu.

Apesar de brilharem à noite com seus principais menus, são casas que merecem a visita durante o dia e no fim da tarde, quando a luz natural as torna dignas do embate com os melhores ambientes da gastronomia mundial.

Vieira Souto

É admirável, convenhamos, que no século 21 exista na Avenida Vieira Souto um casarão preservado da década de 1930. E mais: que nele funcione há alguns meses um restaurante italiano de primeira linha e dono da melhor carta de vinhos da cidade.

Estive outro dia no Vieira Souto, em tarde invernal que transformou a janela do primeiro ambiente em deslumbrante cartão postal em movimento.

Foto Divulgação

Mas foi no grande salão dos fundos, palco das maiores transformações na reforma que preservou a fachada, e grande parte do interior da casa, que topei com belas faces do cardápio de Jessé Valentim, um chef empolgado com seus novos risottos rústicos.

São pratos feitos com grão italiano do tipo carnaroli especial, que sofre maturação de 12 meses, aumentando a cremosidade e exigindo menos manteiga e queijo - portanto, mais leves -, em opções como o que leva bisque de camarão, vieiras, vôngoles e alcachofra.

Iniciei com Caldinho de feijão branco com lagostins instigante, prosseguindo num Trofie (tiras de massa "enrolada") com espinafre, lulas, vôngole e bottarga, prato fresco a aromático, que deixou saudades.

Chamou também a atenção no menu a Costeleta de cordeiro selada e assada em crosta de linguiça e avelã com molho de vinho chianti; e o cherne com Lardo di Colonnata - o sublime toucinho italiano - ao molho de vôngoles, batata noisette e agrião.

Foto Thomás Rangel

Jantar completo para uma pessoa, da entrada a sobremesa, fica na casa dos R$ 150, sem vinho. A grande pedida na relação preço-qualidade é o almoço de R$ 68 com direito a couvert, entrada, principal e sobremesa, e cerca de 40 opções. Um achado.

Vale lembrar que a citada carta de vinhos é um 'estudo' realizado por João Souza (ex-Terzetto), um dos melhores sommeliers do Brasil, em feliz parceria com o jornalista e crítico de vinhos Alexandre Lalas, editor do site Winereport. Vale solicitar, nem que seja apenas para aprender um pouco.

Foto Pedro Landim

Alloro

E se estamos falando de novidades, bem merecia uma cascata de fogos - ao velho estilo dos réveillons da infância, perto do antigo Le Méridien - a invenção do Alloro, no hotel imenso que hoje chama-se Windsor Atlântica.

Foto Divulgação

Com grande janelas de cortinas que se abrem para o calçadão do Leme, e ambiente luxuoso e clássico, a casa chegou há menos de um ano com a moral do chef Luciano Boseggia, que em 1985 aportou no Brasil para se tornar o comandante das cozinhas do grupo Fasano em São Paulo.

Nascido em Brescia, no norte da Itália, a autor do livro (brasileiro) 'Il Riso in Tasca' (editora DBA), ensinando seus célebres risottos, Luciano está curtindo feliz a maresia carioca e me fez sorrir de uma orelha à outra em recente tarde de domingo.

A começar pelo couvert da casa, um colosso que dispensaria até a entrada não fosse a seção do cardápio dedicada às polentas, salivante para um guloso como este que escreve.

Antes mesmo de vir o menu, a mesa recebe porções de tartare de salmão com creme azedo, mozarelas de búfala com tomatinhos, presuntos de Parma e muitos outros sabores ao lado de uma cesta de pães irretocável.

Foto Divulgação

Entre as tais polentas, combinações como ragu de pato; gorgonzola doce e nozes; ou a 'branca em camisa negra', charada que matei: lula com sua tinta por cima.

Senhorita Paret foi no Tortelli de abóbora com ragu de camarão e amêndoas, fresco e preciso em suas texturas e caldos.

E arrisquei com felicidade o 'Casoncelli alla Bresciana', massa em forma de concha e recheada com linguiça, na manteiga de sálvia e com toque adocicado da Mostarda di Cremona (feita com frutas em calda, especiarias e essencia de mostarda).

Excelente pedida, harmonizada segundo sugestão da casa com taça de um riesling alemão de colheita tardia, vinho semi-seco que se elevou junto ao prato.

Foto Divulgação

Uma bela adega aparente serve à carta de vinhos de João Pedro Lamonica (ex-Garcia e Rodrigues), com 200 rótulos e preocupação com a relação preço-qualidade elogiada por experts como Oscar Daudt, do site Enoeventos. Pulamos a sobremesa e fechamos com o café rodeado de pequenas trufas de chocolate com especiarias.

Refeição individual completa, sem vinho, na base de R$ 150.

Fasano Al Mare

Foto Alexander LandauNosso quarto 'colírio' para os olhos no litoral carioca desafia a sobriedade das demais casas da grife Fasano, situado no térreo do hotel que divide com o Copacabana Palace a preferência das maiores estrelas internacionais da música e do cinema.

O visual interno do Fasano Al Mare, desde 2007 vizinho da Pedra do Arpoador, começa no bar à entrada do salão, com estante vazada e revestida de espelhos, aparente a quem passa do lado de fora e permitindo a quem está dentro vislumbrar o azul (ou verde, ou prata...) do mar.

O luxo salta aos olhos nas mesas de jacarandá, entre colunas de mármore branco e ambientação assinada pelo francês Philippe Starck. Responsável pelos fogões na espaçosa cozinha subterrânea está um jovem de 36 anos chamado Luca Gozzani, italiano de Florença que acaba de ser promovido a coordenador das cozinhas do Hotel Fasano Rio e São Paulo.

Foto Alexander LandauLuca foi o primeiro a ter carta branca do chefão Rogério Fasano para criar pratos com seu estilo, e atualmente eles podem ser conferidos em sabores como o Tartare de carne com cogumelos porcini e queijo pecorino; o Risoto Negro em tinta de lula com ostras, vieiras, mexilhões e salsa; e o Espeto de peito de pato com vagem e ameixas envoltas em Lardo di Colonnata.

Na última vez em que lá estive, lembro de me deleitar com as Minilulas com ervilhas e nhoque de azeitonas pretas, e de um tiramissu inesquecível. Essa é a sobremesa que todo grande restaurante italiano vai dizer que faz a melhor.

Dos seis ou sete que já provei no Rio, porém, a medalha de ouro é do Al Mare: uma 'nuvem' com biscoitos crocantes e creme de mascarpone que derrete sob cacau em pó e raspas de chocolate.

Jantar individual completo, sem vinho, em torno de R$ 180.

Cipriani

E chegamos enfim ao restaurante carioca que deixa o quesito 'comida' para entrar na categoria 'experiência'.

Foto Pedro Landim

No coração do Copacabana Palace, provavelmente o hotel mais famoso e desejado do Brasil, com janelas que são verdadeiras paredes de vidro abertas para a célebre piscina, o Cipriani se inspira em casas da Piazza San Marco, em Veneza, com seus lustres, cortinas e espelhos italianos, carpete em tons de rosa e dourado e suntuosos arranjos de flores.

Foto Divulgação

E é pelo norte da Itália que passeia a cozinha do chef Nicola Finamore. Se o cliente conseguir parar de olhar ao redor e prestar atenção no prato, vai perceber sabores como a Polenta de grão branco com camarão perfumado ao limão siciliano, entrada divina que me conquistou na primeira garfada; ou o Duo de linguado em farinha de milho, redução de balsâmico e repolho roxo refogado.

Foto Pedro Landim

Que o maitre não me ouça, mas a 'torre' de pequenos doces, trufas, financiers e petits fours que acompanha o café dispensa a sobremesa e encerra com perfeição um passeio que o carioca deveria fazer pelo menos uma vez na vida, vale a economia e o investimento.

Assim como no Le Pré Catelan, o Cipriani também oferece sua Mesa do Chef, montada para até seis pessoas dentro da cozinha, com menu ilimitado e pratos harmonizados com vinho. Brincadeira de R$ 500. O jantar completo para uma pessoa, sem vinho, fica em torno de R$ 180.

No fim das contas deste quarteto fantástico beijado pelo mar, a constatação de que o Rio está se tornando um ponto luminoso no planisfério da alta gastronomia e do luxo. Alguém pode resistir à semelhante paisagem?

Foto Pedro Landim

(A foto de abertura é de Nelson Porto, da tropa de elite do site Todo Rio).

Quinta-feira, 6 Setembro, 2012

PIRAÍ NO TORRESMO

Foto Alexandre Vieira

Hoje no cardápio, saborosa contribuição do repórter e amigo Caio Barbosa, que vai da política aos botecos com categoria. Voltando de Piraí, contou sobre esses torresmos que estão me tirando a concentração...

A tarefa de cobrir eleições é dura, mas nos reserva alguns prazeres e surpresas que dificilmente teríamos se a pauta fosse qualquer outra. Um exemplo? Qual seria a possibilidade de eu vir a conhecer o bar do Seu Geraldo, em Piraí, se não tivesse de ir à cidade do vice-governador Pezão para acompanhar o quadro político local? Praticamente nenhuma.

Pois o bar, oficialmente chamado Rei do Torresmo, é daqueles que vale a visita. Vale, inclusive, "perder" um dia, subir a Serra das Araras e uma hora depois chegar a Piraí para ancorar no minúsculo boteco de uns 15 metros quadrados incrustado na Praça da Preguiça, não mais que cinco minutinhos da saída da Via Dutra.

Cheguei ao bar por recomendação de um dos candidatos a prefeito da cidade, que me deu um argumento por demais suficiente para conhecer a birosca: foi o boteco que caiu no gosto do ex-presidente Lula.

Preferências políticas muito à parte, pois o negócio aqui é outro, acho que num ponto todo mundo concorda em relação a Luiz Inácio: ele, como eu e o amigo Pedro Landim, gosta de um bom pé-sujo. E fui lá ver se o gosto do presida ainda estava apurado após anos e anos no Palácio do Planalto.

Foto Caio Barbosa

Pois o pé-sujo é daqueles de almanaque. Duas mesinhas (é o que cabe), um microbalcão de frente para a rua, instalado para apoiar o cotovelo e apreciar o vaivém das piraienses e um outro balcão onde ficam expostos as especialidades de Seu Geraldo. Não há outro funcionário. É Geraldo quem se divide entre a cozinha às suas costas e o balcão.

Cerveja é no esquema self service. Você, de casa ou não, está convidado a meter a mão na geladeira e puxar sua garrafa, estupidamente gelada.

O torresmo é escandaloso. Ainda não consegui encontrar uma descrição à altura. Casca crocante, gordura e carne. Como manda o figurino. Nem vou falar na moela, na costela de porco e na paleta.

"Seu Geraldo, vi que o você não tem chouriço aqui. Mas imagino que em algum lugar de Piraí se coma um de qualidade. Você saberia me dizer onde?"

"Olha, se você esperar mais dez minutos, come aqui mesmo. Ele já está no fogo", respondeu Seu Geraldo.

Foi o melhor chouriço que comi na vida. Encerro por aqui recomendando com euforia a visita a Piraí.

Quarta-feira, 15 Agosto, 2012

NOITES DO VIDIGAL

Foto Pedro Landim

Moto vai, moto vem, olha curva, desvia do caminhão e encosta ali que tem sempre vaga quando a noite cai. Gal Costa atravessa a rua em seu último disco, ou Marvin Gaye solta a voz pelas portas abertas de um bar pintado de branco-astral. Licença poética, por favor, porque a empatia rolou no Atelier Café do Vidigal.

Espaço de birita e arte onde um globo de espelhos gira entre manequins que vestem perucas de pena, Marilyns sorriem no colorido de telas customizadas, máscaras susurram na parede de tijolos e o assunto envolve sempre arte... e birita.

Do lado de fora tem varandinha embaixo das árvores, mesinhas com ombrelones e a brisa do mar que envolve a favela. Ipanema e Arpoador acesos escorrem no lado esquerdo da paisagem, caipirinhas e cervejas saem no ponto para o brinde mas de acordo com a lua o improviso acontece.

Foto Pedro Landim

Em homenagem às atrizes e musas que moram por lá ou frequentam a comunidade, Sérgio Friedman, o dono, tirou da coqueteleira o Sunset Boulevard: abacaxi, licor de menta, vodca, limão e gelo. (No título original, o coquetel faz referência a Crepúsculo dos Deuses (1950), dirigido por Billy Wilder e vencedor de três Oscars).

E é mesmo no pôr-do-sol que a história começa, de terça a sábado, varando a madrugada até às 4h, dependendo dos clientes. Quer dizer: é bom programa para o antes e o depois. Ou durante, curtindo o sobe e desce de corpos e veículos.

Foto Pedro Landim

No primeiro domingo do mês, a casa abriga evento único na cidade: a Feijoada Poética. No melhor estilo 'a gente não quer só comida', enquanto o feijão tempera os pratos, poetas como Elisa Lucinda se apresentam, recitam, cantam, vale o que vier.

Às sextas-feiras, a cantora Nadia Godoy, após 30 anos na Europa, canta acompanhada de base gravada e sax ao vivo, entre sets de MPB e divas da canção norte-americana. Sábado é a vez da baiana Mariah, que mistura música eletrônica à percussão dos Ogans Mcs.

Num cabide há roupas de grifes em off, peças escolhidas a preços agradáveis, mas por enquanto só na espécie porque a casa não aceita cartões.

Foto Pedro Landim

Para o rango, Sérgio prepara simpatias como um picadinho ao molho madeira com champignons, pratos de fim de semana como bobó de camarão, risoto de bacalhau ou espetos mistos em pequena churrasqueira na varanda que tive a sorte de conhecer: carne, frango, cebola, tomate, pimentão e uma linguiça calabresa que ai meu deus. Vem no prato comprido e enfeitado com batata palha, farofa e molho.

Vez em quando a chef Graça Prazeres pinta na área com cardápio vegetariano que surfa na onda do crudivorismo. Alimentos 'vivos', sementes, grãos germinados e que tais.

No resumo, é programa que deixa longe (ou lounge?) o trânsito aflito de carros e pessoas da cidade. Não se assuste, pessoa, se eu lhe disser que a vida é boa.

Foto Pedro Landim

Segunda-feira, 30 Julho, 2012

O CANTO DO GALETO

Foto Pedro Landim

A linguiça de bacalhau é peça única na cidade. Servida e bem servida entre batatas douradas, cebolas, ovos e azeitonas, valeria a visita se apenas ela estivesse por ali na casa que nasceu para os galetos mas bateu asas e decolou como um boteco daqueles que só mesmo no Rio de Janeiro.

As aves estão por lá e descansam perfeitas em brasa de carvão, com molhos caseiros de frutas frescas como o de laranja com alho e ervas.

Se eu fosse você, aliás, perguntava por um tal filé de sobrecoxa que dorme em cachaça curtida em barris de umburana e jequitibá, e vem assim perfumada, beleza para quem acha que comida com cachaça é apenas, assim, um charme no cardápio.

Outro dia um freguês reclamou da farofa de ovo: "Dá para colocar um pouco mais de farinha?". Pois é, o freguês nem sempre tem razão. A farofa de ovos em profusão é um pitéu, e as batatas portuguesas, muito finas, secas e crocantes - respeitando a regra das duas frituras -, mostram como acompanhamentos dão pistas da qualidade geral da cozinha.

Foto Pedro Landim

'Marvadas'

Na frente da casa há dois anos, responsáveis pela transformação 'orgânica' da galeteria antiga ao lado do Cervantes (ou seria o Cervantes aquele bar ao lado do Sat's?), Sérgio e Elaine formam casal de respeito.

Ela decora o bar sem pressa, sem descaracterizar o cenário tradicional, temperando em cores as mesas, um pano de chita ali, um espelho customizado acolá...

E uma estante de pinho de riga está a caminho para os 100 rótulos de cachaça escolhidos numa enquete entre os maiores conhecedores do assunto, capitaneada por Sérgio, um dos maiores apaixonados por bar e cachaça que se vê por aí.

É desses que saem de manhã de Copacabana, num táxi, para checar a dica de um pé-sujo em Campo Grande.

Por essas e outras, o Sat's virou ponto de encontro de donos de botecos, músicos e alguns estrangeiros como um tal de Anthony Bourdain, que passou tarde inteira por lá gravando para seu programa no Travel Channel.

Na foto abaixo, Bourdain sorri, com alguma cachaça nas ideias, entre Sergio e Elaine, encoberta.

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E o detalhe: se você estiver lendo esse post às 5h da manhã, está sem sono e com fome, vai lá que a casa está aberta. De ouvir cantar o galo devorando o galeto.

Terça-feira, 24 Julho, 2012

RIO DE TAPAS

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Se o sentido gastronômico interessar a dicionários brasileiros, alugo minha definição para 'Tapa':

"Pequena porção de comida preparada com ingredientes de qualidade e técnicas variadas, de procedência ou inspiração espanhola, sugerindo taças de vinho na degustação embora afaste qualquer tipo de formalidade, nascendo em balcões a serviço da descontração, do sabor, da sociabilidade e das relações humanas".

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Calle Sierpes, Sevilha, sul da Espanha, século 18. Poeira e calor. O movimento incessante do centro comercial da cidade e a fina flor da aristocracia local vendo a vida passar por trás das grandes janelas de cristal dos cassinos e clubes da moda.

Hora do aperitivo, e pela porta saíam mensageiros e empregados rumo às tabernas para buscar taças de vinho como o distinto Jerez.

Na curta jornada, as taças eram protegidas e tapadas com pedaços de papel pardo, logo substituídos por fatias de jamón, nacos de queijo ou embutidos. Gentileza para seduzir a clientela abastada.

Armados de seus melhores acepipes, os bares daquela Espanha iniciaram a batalha dos sabores: quem tapava melhor? A tapa protegendo a taça. A taça escoltando a tapa. Sacramento de um casamento eterno. Assim nos conta o cozinheiro sevilhano Enrique Becerra, em seu 'El gran libro de la tapa y el tapeo'.

Pedro Landim

Bascos

Início de 2008. Noite fria a poucos metros do Mar Cantábrico. Parte antiga da cidade basca de San Sebastián, no norte da Espanha, a 18 quilômetros da França.

Por trás da porta de vidro, abrindo espaço entre pessoas, risadas, taças e brindes, sobre apertado balcão de madeira, estendo a mão por cima das cabeças para alcançar pequeno prato corriqueiro da casa: um naco de foie gras na chapa sobre compota caseira de maçã e molho de salsa.

Alguns passos pela rua de pedra, nova taça e balcão versando em tema único: anchovas frescas e marinadas sobre fatias de pão. Por cima delas, opções. Fui nas ovas de ouriço. Depois, no creme de caranguejo 'centolla'.

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Uma esquina, mais vinho (cava, branco, tinto, rosé?) e um oceano de 'pintxos' (grafia basca) que, a rigor, são as tapas espetadas em palitos, ou montadas sobre fatias de pão (os 'montaditos'), típicos do País Basco, povoando bandejas enfeitadas entre vasos de flores e garrafas, sob pernas de porco pendendo em forma de sublimes presuntos.

Cada balcão querendo superar o anterior em variedade e sabor: camarões, linguiças, bacalhaus, pimentões, anchovas, mexilhões, alcachofras, berinjelas, cogumelos, lulas, polvos, lagostins... Salteados, fritos, crus, defumados, marinados, curtidos, embutidos, frios, quentes, simples, sofisticados...

Compartilhei com dois amigos espanhóis que acabara de fazer no balcão minha súbita revolta diante da mais óbvia e não realizada das empreitadas: como pode o Rio de Janeiro não ter um bar de tapas?

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Magia

Final de 2011. Noite quente no Humaitá, Zona Sul do Rio. Na taça, cava borbulhante. No pão, linguiças espanholas 'chistorras' fatiadas sob um ovo de codorna frito. Ao meu lado, sem que eu ainda soubesse ou tivesse trocado palavra alguma, minha futura mulher. Mas isso é outra história. Ou quase.

Não será o caso de amor iniciado no balcão resumo bem acabado da magia das tapas?

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A Semana

Prestes a abrir sua primeira filial, no Jardim Botânico, o citado Entretapas é hoje uma das pontas do triângulo que sugere, antes tarde do que nunca, o início de um roteiro carioca de tapas conforme descritas no verbete lá de cima.

O Venga! (Ipanema e Leblon) e o Pintxo (Ipanema) completam a lista que acaba de inspirar a realização da primeira Tapas Week no Rio: com apoio da Embaixada da Espanha, o festival vai até o próximo domingo, dia 29, e contará também com o restaurante Eñe, dos irmãos espanhóis Javier e Sergio Torres, em São Conrado, que prepara repertório de pequenas porções para a festa.

Cada casa criou menu de quatro tapas salgadas e uma sobremesa, ao preço fixo de R$ 55 (R$ 85 no Eñe, com cinco tapas e duas sobremesas).

O Entretapas tem delícias como pimentão espanhol de 'piquillo' recheado com brandada de bacalhau; o Venga! tem 'croquetas' de paella e salada de bacalhau no menu; o Pintxo serve tapa de foie gras com manga; e o Eñe tem cozido de lentilhas com 'chorizo'.

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Revolución

Não custa lembrar que a Espanha foi palco da última 'revolução' gastronômica, quando mestres bascos como Juan Mari Arzak e Martín Berasategui, diretamente influenciados pela Nouvelle Cuisine francesa, ensaiaram grande salto na década de 80.

O catalão Ferran Adrià, discípulo confesso da turma, foi a criatura que se tornou criador, um dos maiores da gastronomia em todos espaços e tempos, nos anos 2000. E há muito das tapas em sua cozinha 'tecnoemocional', a mais influente do século 21.

Hoje, as tapas se espalham pelo mundo e resumem todas as regiões espanholas e seus produtos, naturalmente mescladas e adaptadas a cada cultura. E já definidas, pela recente evolução, como 'alta gastronomia em miniatura'.

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Brinde

Embora a cerveja seja sempre parceira, são taças de vinho as companheiras clássicas no 'tapeo', de acordo com a história já contada de sua origem. Reza cartilha ortodoxa, a duração de uma tapa deve ser a mesma da taça: nenhuma das partes pode sobrar ou faltar. Na Espanha, o frescor da sidra é boa opção, e na região basca a acidez se impõe no 'txacoli', vinho frisante de uvas brancas. Bebidas que não existem por aqui.

Então vamos 'tapear' - verbo incluído recentemente no dicionário da Real Academia Española: "Tomar tapas en bares y tabernas".

Clássicos

O trio carioca das tapas começa por apresentar as receitas clássicas.

Em comum, estão nas cartas o vermelho do gazpacho - a sopa fria de tomates, pepino, pimentão e alho -, os queijos tipo Manchego de ovelha, os jamóns (presuntos curados) e as tortillas de ovos, batatas e o que mais pintar.

Do mar vêm o 'Pulpo a Gallega', tentáculos de polvo salteados com batatas douradas em azeite e páprica, e as 'Gambas al Ajillo', camarões fritos com alho, vinho, pimenta e salsa.

As condimentadas linguiças 'chistorras' são indispensáveis, assim como as 'croquetas': os croquetes espanhóis macios e de sabores variados, feitos com leite, manteiga e farinha.

Vamos às distinções.

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Pintxo

Caçula da turma e aberto há três meses, o Pintxo, como diz o nome, é obra do basco Joseba Irurzun, de San Sebastián, e de sua mulher, a carioca Cassila Canoro.

Longo balcão, cozinha aberta, decoração de fotos, cartões postais e até figurinhas de álbuns bascos, a casa da Rua Gomes Carneiro foca seu menu nos espetados e montados, com liberdade para brincar com ingredientes e sabores brasileiros.

Entre os pintxos frios, há montaditos de kani com salmão; creme de gorgonzola com nozes; musse de pimentão de 'piquillo'; ou a mistura de jamón, pimentão verde assado, queijo brie e goiabada.

Pedro Landim

Na lista dos quentes, montadito de ovo com chistorra e pimentão de 'piquillo'; camarão com jamón e melado; foie gras com cebola caramelizada e manga; ou a deliciosa 'morcilla', embutido de sangue e arroz, com ovo de codorna. Há opções de combos de 6 ou 10 pinchos.

Na seção das 'Raciones', tapas como alcachofras salteadas; lula na própria tinta; e os mexilhões recheados que seguem receita da mãe do chef Joseba (cuja família paterna produz foie gras nas montanhas do norte espanhol). O 'Salmorejo' é gazpacho com ovo cozido e jamón ibérico.

Para beber, cervejas da série catalã Estrella Damm e 13 vinhos brancos, tintos e rosés espanhóis na carta - quatro servidos em taça -, além de quatro tipos de Jerez e licores como o 'pacharán', presente em drinque com cava. Há quatro tipos de sangria.

Pedro Landim

Venga!

Primeiro a dar as caras na cidade, o Venga! surgiu na Rua Dias Ferreira em 2009, obra dos irmãos cariocas Fernando e Roberto Kaplan, com consultoria inicial de cardápio da chef Ciça Roxo.

É o único dos três que não tem espanhóis como proprietários, criando em ambiente aconchegante uma 'taberna contemporânea', com mesas na varanda e repertório de pintxos quentes e frios.

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Com filial aberta no fim de 2010 na Rua Garcia D'Ávila, a casa parte de clássicos para receitas que se permitem fugir de ingredientes e apresentações espanholas.

Há tapas como os 'Revueltos de Bacalao' (bacalhau desfiado com ovo mexido, batatas e páprica picante); o 'Rabo de Buey al Pedro Ximenez' (rabada desfiada com purê de gergelim e redução de vinho Pedro Ximenez); 'Huevo Loco' (parmentier, chouriço, presunto serrano e ovo poché); ou 'Rollitos de Anchoas' (anchovas enroladas em pão de miga com Emmenthal e mostarda Dijon).

Na casa de Ipanema as paellas surgem no almoço e variam de sabor a cada dia (arroz negro, bacalhau com espinafre, massa fideuá...), e à noite o espaço 'Venga a los Fogones' oferece 12 lugares reservados no segundo andar, com entrada pela cozinha, para degustações exclusivas a preço fixo.

Recentemente, a filial da Garcia recebeu carta de drinques exclusivos criada pelo mixologista João Eusébio, que trabalhou no Dry Martini, em Barcelona.

A Caipirinha Venga, por exemplo, leva cachaça, Jerez Pedro Ximenez, maçã verde e limão tahiti. O Bilbao tem licor 'pacharán', água de flor de laranjeira e sucos de limão siciliano e cranberry.

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O Venga! recebeu recentemente um menu especial do jovem chef carioca Rafael Costa e Silva, que trabalhou no conceituado Mugaritz, em San Sebastián. Ele fez tapas como mini-hambúrguer de atum com molho de pimentão de piquillo; lula cozida na própria tinta com torta de arroz salteada; e bochecha de boi ao vinho tinto com purê de mandioquinha e 'trocitos' de chorizo.

Há 39 opções de vinhos, todos espanhóis, cervejas catalãs Estrella Damm e quatro tipos de sangria.

Entretapas

Aberto em 2011 num dos casarões da Rua Conde de Irajá, pelas mãos do espanhol Antonio Alcaraz e do chef Jan Santos, mineiro que morou, estudou gastronomia e trabalhou em Madri, o Entretapas é o mais fiel representante da escola espanhola na cidade.

O ambiente à meia-luz de restaurante, enfeitado com a 'sombra' imponente de um grande touro na parede e um longo espelho horizontal, ganha atmosfera de bar a partir da mesa alta e compartilhada próxima às janelas, das mesinhas na varanda e no pequeno mas animado balcão.

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O cardápio tem seções como 'De la Tierra', 'Del Mar', 'Las Cazuelitas', 'Croquetas' 'Montaditos' e 'Huevos'.

Da primeira, sugestões como 'Carrilleras al Vino Tinto' (bochecha de vitelo cozida no vinho tinto em base de purê de grão de bico); o 'Ajo Blanco' (sopa fria de amêndoas com toque de alho, vinagre de vinho e uvas brancas); e a 'Costilla Lacada con Damasco' (costela suína desossada e cozida em caldo de legumes, grelhada e acompanhada de purê de damasco).

Na seção marítima, vale apostar na Brandada Entretapas, emulsão de bacalhau e batata sobre base de tomate e geleia de pimentão vermelho. Entre as 'cazuelitas', destaque para as 'Habitas con Jamón': favas salteadas em azeite com Jamón Serrano.

Da seção 'Huevos' vem um campeão de audiência, os 'Huevos Rotos': combinação de ovos estalados, batatas-fritas, linguiças do tipo chistorra e chorizo.

Dos 'Montaditos' no pão, é belo achado a 'Sardina al Pedro Ximenez': sardinha marinada com vinagre de vinho branco sobre base de cebola caramelizada com vinho Jerez doce.

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Aos sábados e domingos a casa abre para almoço e oferece paellas variadas (Valenciana, frutos do mar, costelas e carnes suínas...), e a carta de vinhos tem 47 rótulos, a maioria espanhóis mas com espaço para argentinos, uruguaios e chilenos. Uma nova seção apresenta 10 tintos da Catalunha. Há três tipos de sangria.

O Entretapas promove belos eventos de intercâmbio, a exemplo do 'Como na Espanha', em parceria com Instituto Cervantes, trazendo chefs de diferentes regiões espanholas para cozinhar. O próximo destino será a Andaluzia, e Jan e Antonio estão de passagem marcada para estudar a região.

E pensar que há quatro anos estávamos no deserto...

Segunda-feira, 2 Julho, 2012

EM NOITE LINDA

Foto Rodrigo Azevedo

Lá vêm os patos para ver o que é que há...

No primeiro, paixão à primeira garfada. Salivas e suspiros. Que bela execução dentro da latinha prateada, combinação perfeita de sabores. Untuoso desfiado de coxa confitada, macio alho poró, molho de laranja, raspas cítricas, texturas beijando a boca.

Em resumo: a compota de pato confit com alho poró e laranja é algo a se provar na cidade, criação do chef Ronaldo Canha para o menu invernal do Quadrucci (em cartaz até o fim do ano).

Foto Rodrigo Azevedo

O pato, como já se disse, deu as cartas e pintou depois em trilogia. Adoro isso: a mesmo ingrediente de várias formas no mesmo prato. Ou seria no mesmo pato? No caso, magret com riscos de molho perfumado a baunilha, risoto e a perna 'confit'.

Foto Rodrigo AzevedoForam para mim os pontos altos da noite, seguidos de perto pelos 'camarões e lulas sobre textura de tomate': pontos corretos, frescor e molho suave que esconde cremoso mascarpone por baixo da doçura vermelha.

Raciocinando com a língua eu diria, sobre as credenciais do restaurante do Leblon (e Búzios), que 'culinária italiana contemporânea' significa, a julgar pelos novos pratos, conforto.

Trama de surpresas mas sem afetações que nos afastem de coisas que gostaríamos de comer em casa num dia frio, vendo a pessoa amada por trás da fumacinha que sobe dos pratos.

No prato vermelho de crustáceo e molusco, por exemplo, pontuavam o que o chef Ronaldo chamou de 'inserções', elementos liofilizados presentes com parcimônia. Azeitonas, no caso.

Laboratório

A liofilização é técnica moderna de desidratação onde o alimento é congelado e seus líquidos 'sublimados', evaporados sem passar pelo estado líquido, como informa a Wikipédia. Não perdem assim seus nutrientes e sabor, e têm seus tecidos preservados.

Foto Rodrigo Azevedo

Na sobremesa, framboesas inteiras pintaram dessa forma, numa torta dentro do copo. Assim como o 'crispy' azedinho de pedacinhos de maracujá sobre a calda de chocolate da trilogia doce, dedicada à fruta da paixão. Belos exemplos da 'revolução industrial culinária' bem utilizada.

Com parcimônia, o resultado final é instigante e delicado.

Foto Rodrigo AzevedoLembro agora que estive certa vez, no 'laboratório' de Arzak, diante da máquina liofilizadora. Tinha quase o meu tamanho. Não existe em restaurantes no Rio, que eu saiba, tem preço de carro importado e por isso é mais fácil importar os produtos já processados.

(O chef Felipe Bronze, quem mais tem desvendado tais técnicas contemporâneas em seu Oro, me informa gentilmente, via Facebook, que uma liofilizadora, a pequena, custa em torno de 60 mil euros. Ele gostaria de ter).

Mas voltemos à noite do Quadrucci, antes das sobremesas. Já de Catena Malbec na taça, após deliciosas 'flautas' de Cave Geisse, encaramos o 'Steak de filé ao demi-glace de tomilho e risoto de taleggio', ponto perfeito e arroz muito cremoso de queijo amparado em anel de massa de pastel, com leguminhos recortados.

Diria o antigo samba do Salgueiro: "Em noite linda, em noite bela..."

(Fotos de divulgação de Rodrigo Azevedo)