Rio -  Uma das maiores promessas das divisões de base do Flamengo, o meia-atacante Erick Flores agora terá que suar a camisa no tribunal. Ele é acusado de atropelar e não prestar socorro ao soldado da Polícia Militar da UPP da Rocinha Claudio Fadel, que tem a sua idade, 23 anos. Claudio perdeu os movimentos do pé direito, fraturado em várias partes.
O acidente ocorreu dia 5 de novembro, na Av. Nelson Cardoso, no Tanque, na saída da escola de samba Renascer de Jacarepaguá. No inquérito da 41ª DP (Tanque), consta que Erick tirava seu carro estacionado numa calçada, de ré, quando atingiu o PM, que dirigia uma moto. O atleta nega.
“Não tenho nada a ver com isso. O cara bateu na minha traseira. Se alguém ficou no prejuízo nessa história, este alguém sou eu. Estou mais que tranquilo”, diz Erick, que foi emprestado pelo Fla e hoje joga no Avaí, em Santa Catarina.
Foto: Arquivo Pessoal
Claudio está internado desde o dia 5 em hospital da PM, com pinos no pé direito, que não poderá mais mover | Foto: Arquivo Pessoal
Claudio, no entanto, conta outra história. Internado até hoje no Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, ele diz que foi humilhado pelo atleta e que sua sorte foi ter sido socorrido por um policial militar, o capitão Fábio Pacheco, lotado no HCPM.
“Eu fiquei gritando no chão e ele (Erick) ainda me esculachou com palavrões. Só foi detido porque o capitão segurou ele até a chegada da viatura”, conta o soldado, que terá de ser reformado. Claudio diz que, ao chegar o carro da polícia, o atleta se comprometeu a ajudá-lo: “Falou só para sair fora. O cara sumiu”.
Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Erick: 'Se alguém ficou no prejuízo (...) este alguém sou eu' | Foto: Carlos Moraes / Agência O Dia
Erick atingiu a vítima 2 vezes
Se a principal testemunha do atropelamento não fosse um PM talvez o jogador nem respondesse a um inquérito. O capitão Pacheco socorreu Claudio e impediu que o jogador deixasse o local do acidente.
“Eu saía da escola com mais dois amigos, André Luiz e Durval Mota, quando ouvimos o barulho da colisão e gritos. Ainda vi o Erick tentando fugir, mas ele se enrolou na direção e deu ré novamente, atropelando o Fadel de novo. Eles queriam meter o pé, estavam exaltados, falando que eram policiais, mas segurei todo mundo lá”, contou o capitão.
O oficial da PM e seus amigos que presenciaram o acidente se colocou à disposição da família do soldado Fadel. “Não havia como o Fadel ter batido na traseira dele. O Erick causou o acidente e queria fugir do flagrante. Nem saiu do carro para ver o que tinha acontecido. Queria pular fora. Mas isso não vai ficar assim”, prometeu Pacheco.