Rio -  E o mundo acompanhou semana passada o fim de mais um confronto sangrento — principalmente do lado palestino — entre Israel e o grupo Hamas. O confronto entre israelenses e palestinos data da década de 1940, mas, nesta década, praticamente todo ano israelenses fazem incursões na Faixa de Gaza. Para especialistas, o cessar-fogo atual traz pelo menos uma novidade animadora: a atuação do novo governo egípcio.
O governo egípcio é comandado por Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana. Por isso, analistas esperavam alinhamento ideológico radical com o Hamas. Mesmo assim, Mursi conseguiu unir esforços a diplomatas dos Estados Unidos e chegar ao cessar-fogo — embora agora sofra com protestos em seu país porque ampliou seus poderes por decreto. A trégua inclui a interrupção tanto dos mísseis do Hamas como das incursões israelenses.
Foto: Arte: O Dia
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O texto prevê a abertura das fronteiras de Gaza com Israel e o Egito, o que pode ajudar a aliviar a situação na Faixa, que veio piorando a cada ano. “As condições se deterioram, principalmente por causa do bloqueio à Faixa de Gaza nos últimos anos, o que é um combustível para o radicalismo religioso”, diz o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Muniz Ferreira.
Paralelamente, explica Muniz, o fato de o Hamas conseguir disparar mísseis contra Israel e, esta semana, ter feito atentado em Tel Aviv, mostra que a política de segurança israelense não funciona mais.
Já Argemiro Procópio, da Universidade de Brasília, observa que o conflito foi o primeiro após a Primavera Árabe. “Se demorasse mais tempo, a situação em Gaza poderia ter se espalhado por outros países”, observa.
Conflitos se acentuaram com a expansão de Israel
A expansão israelense na Palestina, que começou após a partilha do território pela ONU, se acentuou no fim do século passado. O confronto dos israelenses com facções palestinas envolvidas com o fundamentalismo religioso, porém, ganhou corpo na década de 1980, após a Intifada.
Foi naquela época que o grupo Hamas ganhou força. Antes, o movimento mais significativo era o Fatah, do atual chefe da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.