Rio -  "A gente faz arquitetura para o povo", disse certa vez Oscar Niemeyer. E uma das obras mais populares do arquiteto é a Passarela Professor Darcy Ribeiro, o Sambódromo.

Há dezenas de traços dele embelezando cidades do Rio, como a passarela da Rocinha, os Cieps, o Museu de Arte Contemporânea (MAC), o Caminho Niemeyer, e outras. Artistas e autoridades lamentaram a morte do gênio.
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Arco do Sambódromo, inaugurado em 1984, marcou o início dos desfiles das escolas | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
“A história de Niemeyer não cabe nas pranchetas”, disse a presidenta Dilma Rousseff. O governado Sérgio Cabral o chamou de o maior arquiteto do Brasil: “Um gênio da arquitetura mundial. Doce no trato, firme nas suas convicções e amado pelo povo brasileiro”.
O prefeito Eduardo Paes exaltou o Sambódromo. “Sinto-me honrado por a cidade ter concluído o projeto original do Sambódromo e, com isso, ter realizado o que o próprio mestre chamou de sonho antigo”.

Foto: Arte: O Dia
Clique no infográfico para ver a imagem completa | Arte: O Dia
 
“E o mundo perde um grande artista, que mudou a linguagem da arquitetura moderna”, disse o poeta Ferreira Goulart. “Um homem maior que a sua arte”, atestou o cantor e compositor Chico Buarque. “Ele vai fazer muita falta”, endossou o cantor Martinho da Vila.
Segundo o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), “suas criações originais, unindo arquitetura e poesia, expressaram os limites elevados da genialidade brasileira e ajudaram a projetar o nome do Brasil no exterior”.

O adeus a Oscar Niemeyer

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Prefeito Eduardo Paes cumprimenta familiares do arquiteto Oscar Niemeyer

“Colocou seu gênio criativo a serviço do belo, também na construção de templos. Um exemplo de respeito pelo pluralismo”, definiu o arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta.

Sydnei Menezes, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio, lembrou da luta do colega de profissão. “Ele foi um dos líderes que lutaram pela criação do conselho próprio. A carteira de Niemeyer no conselho é a 001”.

Projeto de biblioteca para pedreiro

Niemeyer tinha como traços marcantes a simplicidade e a solidariedade. Uma das testemunhas disso é o pedreiro Evandro dos Santos, de 53 anos, morador de Brás de Pina.

“Há oito anos, vi Niemeyer num programa de televisão, liguei para a emissora e falei com ele ao vivo. Ele perguntou do que eu precisava, e respondi que queria projeto dele para construir uma biblioteca. Em duas semanas, ele me entregou”, conta, emocionado.

O encontro inesperado fez surgir a Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Menezes, hoje com 57 mil livros. “Ele me recebeu como se eu fosse autoridade, me ouviu atentamente”. O pedreiro acredita que só conseguiu financiamento do BNDES para a obra graças à assinatura de Niemeyer.
Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
O pedreiro Evandro pediu e ganhou de Niemeyer um projeto para construção de uma biblioteca comunitária em Brás de Pina, que hoje conta com 57 mil livros | Foto: Paulo Araújo / Agência O Dia
Homenagem nas redes sociais

“Pura ousadia!”, “O traço de Niemeyer não terminou, continuará no plano espiritual” e “Perfeita!” foram alguns dos comentários de usuários das redes sociais sobre a capa desta quinta-feira de O DIA, que só no Facebook teve mais de 1.000 compartilhamentos.
Idealizada e realizada pelo editor executivo de Arte do jornal, André Hippertt, a imagem é clean como o trabalho do arquiteto.
Foto: Reprodução
Capa de O DIA foi elogiada em redes sociais | Foto: Reprodução
“A vida se desfaz em linha, a obra se eterniza em curva. O conceito que utilizei foi o de unir o fato de Oscar Niemeyer ter tido uma vida muito longa e uma obra extensa. Imaginei o desenho de um eletrocardiograma que simularia uma linha do tempo iniciada em 1907 (ano de seu nascimento) e que terminava em 2012, sua morte. Quando o coração para de bater, a linha reta do eletro se transforma num desenho emblemático dele.”
Velório será aberto ao público às 8h
O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer chegou ao Rio de Janeiro às 22h05 desta quinta-feira, no Aeroporto Santos Dumont.
O caixão foi escoltado por motocicletas até o Palácio da Cidade e chegou às 22h40 no local.
O velório acontece neste momento somente para os familiares. O velório será aberto ao público às 8h e deve terminar às 15h, quando o corpo de Niemeyer seguirá para o Cemitério São João Batista, em Botafogo, onde será enterrado.
O sepultamento está marcado para às 17h30.