'Foi uma grande falta de profissionalismo', desabafa Mestre da Vila de Santa Tereza

Ateliê responsável pela confecção das fantasias não cumpriu o prazo estipulado e fez integrantes desfilarem com roupas incompletas

POR RAFAEL ARANTES

Rio -  Durante a primeira noite de desfiles das escolas da nova Série Ouro do Carnaval carioca, um fato inusitado acabou tomando o centro das atenções da Marquês de Sapucaí. Com um problema na confecção e entrega das fantasias pelo ateliê, a Vila de Santa Tereza desfilou com diversos componentes sem fantasia. Enquanto as passistas passavam pela Avenida apenas com um biquíni branco, a bateria da escola não teve toda sua roupa entregue, e vivenciou um grande drama em seu desfile.

"Houve um imprevisto no nosso ateliê, que acabou prejudicando toda a escola. Eles nãoconseguiram terminar as roupas dentro do tempo planejado. Quando parte da meta ficou pronta, o grande trânsito acabou atrapalhando a chegada do caminhão na Sapucaí. É uma situação muito triste, muito difícil de digerir. Expliquei tudo o que estava acontecendo antes do desfile, e os ritmistas decidiram entrar na Avenida mesmo sem fantasia. Não existia outra saída, fomos à luta", contou Mestre Dó, ao DIA na Folia.

Bateria da Vila Santa Tereza desfilou sem fantasia completa | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

Com abatimento visível na expressão de todos os componentes, a escola cumpriu todo o percurso de desfile mesmo com o triste imprevisto. Muito chateado com a situação, Mestre Dó não escondeu o descontentamento, e o sentimento de revolta com a falta de profissionalismo do ateliê responsável pela confecção das roupas.

"Sempre busco exaltar a importância da bateria, somos o coração da escola. A roupa dos ritmistas deveria ser uma das primeiras a ser confeccionada. Agora, temos todo um trabalho correndo o risco de ser prejudicado pela falta de profissionalismo de algumas pessoas. Nosso presidente confiou totalmente no ateliê, depositou toda uma responsabilidade em uma equipe que prejudicou todo um projeto. Não tem como explicar uma sensação dessas, só dá para dizer que é muito triste", desabafou.

Ritmistas enfrentaram o drama e decidiram desfilar | Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia

O comandante também não escondeu toda a sua preocupação com a possível relação da ausência das fantasias com as notas da apresentação da bateria. Triste com a situação, Dó reforçou ao máximo a dedicação de todos os ritmistas, que demonstraram toda sua garra e superação ao passar pela Avenida executando o trabalho desenvolvido por toda a temporada.

"Não vou negar que estou abalado até agora, é difícil demais. Quando chegamos na dispersão fiz questão de agradecer a todos os meus ritmistas pelo apoio e dedicação. É um sentimento muito ruim, uma sensação horrível. Não consegui evitar as lágrimas, mas tenho a certeza que cumprimos nosso dever, executamos nosso trabalho da maneira que planejamos. Espero que não julguem nossa apresentação com base nesse incidente. Vamos seguir trabalhando da melhor maneira possível, fazendo nossa parte", concluiu.