terça-feira, 20 de maio de 2014

Paulinho teme por racismo em primeira Copa da carreira: 'É revoltante demais'

Paulinho teme por racismo em primeira Copa da carreira: 'É revoltante demais'

Volante do Tottenham, que disse já ter sofrido discriminação, torce por Mundial sem esse tipo de episódio e conta emoção de estrear no novo estádio do clube que mais o projetou

IG
Inglaterra - Paulinho estava deixando a adolescência, 17 anos e a poucos meses de atingir a maioridade, quando aceitou defender o Vilnius, da Lituânia. E foi com a imaturidade natural da idade que teve de encarar uma das atitudes mais desonestas da humanidade: o racismo. Pensou em largar o futebol, mas recebeu o apoio necessário para seguir a carreira. Agora, aos 25, retornou à Europa para jogar em uma das ligas mais fortes do mundo, tornou-se ídolo de uma das maiores torcidas do país e está prestes a disputar uma Copa do Mundo pela primeira vez, e com status de titular da seleção brasileira comandada por Luiz Felipe Scolari. O fantasma da discriminação, no entanto, segue perambulando pelos campos, e com maior frequência, algo que preocupa demais o volante do Tottenham.
O problema afetou diretamente um companheiro de seleção: o lateral-direito Daniel Alves, que viu um torcedor do Villarreal atirar em sua direção uma banana enquanto se preparava para cobrar escanteio. A atitude do jogador do Barcelona, no entanto, foi surpreendente. Ele comeu um pedaço da fruta e seguiu o jogo normalmente. Paulinho espera que cenas como essa não se repitam na Copa realizada em seu país. "Nós não vivemos num mundo ultrapassado, mas nossa sociedade se mostra cada vez mais ultrapassada. Como uma pessoa pode ser racista em pleno século 21? Eu jamais irei entender isso. Torço muito para que ninguém manche a Copa desta forma. Somos todos iguais", completou o jogador.
Paulinho admite receio por atos de racismo na Copa
Foto:  Divulgação
Enquanto espera para festejar a realização de um evento sem atos de discriminação, Paulinho viverá outra expectativa. O jogo de abertura, entre Brasil e Croácia, dia 12 de junho, não marcará apenas sua estreia em Copas, mas também a chance de poder atuar na Arena Corinthians, novo estádio do clube pelo qual se tornou ídolo e teve papel fundamental em 2012, quando integrou o grupo campeão da Libertadores e do Mundial, diante do Chelsea, que se tornaria seu rival em Londres, agora com a camisa do Tottenham.
"Será uma emoção a mais. Jogar meu primeiro jogo de Copa do Mundo no estádio do clube que mais marcou minha carreira será indescritível. Espero que possamos fazer uma grande apresentação, conquistando uma boa vitoria", projetou Paulinho, autor de 34 gols em 167 partidas pelo Corinthians.
As boas atuações pelo alvinegro paulista lhe renderam uma transferência para o futebol inglês e um lugar cativo na seleção brasileira. A consolidação como titular veio com Scolari na campanha vitoriosa na Copa das Confederações do ano passado, batendo a Espanha, atual campeã mundial, na decisão. Paulinho foi eleito o terceiro melhor jogador da competição, atrás de Iniesta e Neymar.
Por jogar em casa, cresce a expectativa em torno do Brasil por título. Um peso que terá de ser sustentado por um grupo inexperiente em Copas - apenas seis dos 23 convocados por Felipão já participaram do torneio. "A maioria do nosso time pode não ter uma Copa na bagagem, mas todos têm uma rodagem boa no futebol mundial, atuam em grandes clubes, enfrentam pressão, adversários fortes... Não creio que isso irá nos prejudicar." Ele concorda, no entanto, que o favoritismo é da seleção brasileira. "Mas a pressão por vencer a Copa em casa será grande. Estamos preparados para passar por isso e chegar ao título, que é nosso grande objetivo. E não podemos esquecer também dos nossos adversários, que, para mim, serão os grandes obstáculos", concluiu.
Paulinho também analisou sua primeira temporada pelo Tottenham. Ele começou como titular, mas perdeu a posição após a saída do técnico André Villas-Boas, além de ser atrapalhado por problemas físicos. "Tive um ótimo começo, me adaptei rapidamente, mas passei por lesões que me impediram de ter uma boa sequência nos últimos meses. Nos últimos jogos, voltei a render o melhor que posso", disse o volante, que marcou oito gols em 37 aparições com a camisa do time inglês.
Reportagem: Thiago Rocha
    Tags: Brasil , Copa do Mundo , Paulinho

    Nenhum comentário: