Rio -  Aos 3 anos, Márcia Jaqueline era gordinha e, para perder peso, começou a dançar jazz. Até então, ela nem pensava em fazer balé, muito menos em se tornar primeira bailarina do Theatro Municipal, onde está em cartaz até janeiro com ‘O Quebra-Nozes’, balé com música de Tchaikovsky que acaba de completar 120 anos.
A bailarina Márcia Jaqueline em cena | Foto: Divulgação
A bailarina Márcia Jaqueline em cena | Foto: Divulgação
O espetáculo conta a história da menina Clara, que ganha de Natal um quebra-nozes em formato de soldadinho e se encanta pelo presente. Embarcando no clima de fim de ano, Márcia faz um balanço de sua carreira e fala sobre sua trajetória, dos primeiros passos até hoje, quando interpreta a Fada Açucarada, personagem dos sonhos de Clara, no palco do Municipal, onde descobriu a vocação para a dança.
Desde 2003, Márcia Jaqueline vem fazendo primeiros papéis, mas foi em 2007, em ‘O Lago dos Cisnes’, que ela ganhou o título oficial de primeira bailarina. Já sua história de amor pela dança começou em 1985, aos 3 anos, por causa dos quilinhos a mais que tinha quando criança. “Era muito gordinha e, preocupados, meus pais me levaram ao pediatra, que recomendou que me matriculassem no jazz”.
Mas a primeira grande virada em sua vida aconteceu aos 9 anos, quando começou a fazer aulas de balé na Escola de Dança do Theatro Municipal, na Lapa. “Morava em Campo Grande, acordava às 4h para estar na aula às 7h. Era difícil, mas me apaixonei e nunca mais consegui largar”, lembra a bailarina. Não demorou para que os professores percebessem seu talento. “Pulei várias etapas e me formei mais cedo, com apenas 14 anos”, conta ela.
Depois de formada, Márcia, que tem 30 anos, começou a estagiar no Corpo de Baile do Theatro Municipal. “Só pude ser contratada dois anos depois, aos 17, quando atingi a idade mínima para isso. Foi a fase mais difícil e cheguei a pensar em desistir. O apoio da minha família foi fundamental”, comenta ela, que para, suspira e completa: “Às vezes, é preciso abdicar de lazer e descanso, mas faço o que gosto”.
Focada no futuro, ela esquece o cansaço e a dor no corpo provocada pelos exaustivos ensaios. “Gostaria de passar mais tempo no palco. A carreira de bailarina é muito curta, quero fazer muitos balés que ainda não fiz e ver melhoras nessa área, que não tem muito incentivo e popularidade por aqui”, conclui.
Serviço:
O Quebra-Nozes
Clássico que conta a história da menina Clara, que se encanta pelo presente de Natal que ganhou de seu padrinho, um quebra-nozes em forma de soldadinho.
Theatro Municipal do Rio. Praça Floriano s/nº, Centro (2299-1711). De qua a dom, às 20h. De R$ 25 (galeria) a R$ 504 (frisa e camarote). Livre. Até 6 de janeiro.