Rio - Mortes e lesões provocadas pela violência no trânsito matam mais de 1,2 milhãode pessoas no mundo todos os anos. Apesar de representar uma tragédia de proporções catastróficas, com custos econômicos, sociais e emocionais incomensuráveis, esse problema não vem recebendo a atenção necessária, principalmente nos países de baixo e médio desenvolvimento que, por ironia, estão no topo do ranking das estatísticas mundiais sobre a morbimortalidade do trânsito.

Essa negligência, um quase conformismo, foi que estimulou as Nações Unidas a realizar a 1ª Conferência Mundial Ministerial para a Segurança no Trânsito, que reuniu em Moscou, em novembro de 2009, representantes de 140 países-membros da ONU.

Chefiando a delegação brasileira, também integrada por autoridades do Ministério da Saúde e dirigentes de ONGs, representávamos, junto com os demais colegas da América Latina e Caribe, a região do planeta com a mais alta taxa de mortalidade per capita no trânsito, que é de 26 mortes por 10 mil habitantes.

Estamos falando de um fenômeno trágico, recorrente, mas que pode e deve ser evitado. Para isso é preciso, acima de tudo, vontade e iniciativa política. Depois, o absoluto comprometimento da máquina pública em todas as esferas de poder e, por fim, mas não menos importante, a decidida participação da sociedade.

Uma década inteira dedicada às ações de segurança no trânsito foi a missão que cada membro de delegação presente à conferência recebeu. Mais do que assumir um compromisso político mundial, o evento representa, na prática, um sagrado pacto das autoridades com cada um de seus compatriotas.

Precisamos mudar, com urgência, as estatísticas que comprovam o elevado número de acidentes de trânsito com vítimas, como a divulgada pela Polícia Rodoviária Federal no Carnaval. Enfim, guardadas as proporções, todos nós, poder público e organizações privadas, somos culpados pela desenfreada tragédia no trânsito. Melhores resultados só serão conquistados com a união de todos, governo e sociedade.
Hugo Leal é deputado estadual pelo PSC e autor da Lei Seca