Moacyr Luz: Esse momo sou eu
Afora frases líricas, estamos na crista do Galo do amanhecer. O Boitatá alvorece na Praça Quinze. Os iniciados têm a senha e desfilam a tempo. Outros, quase de pijama, perambulam sobre os canteiros do Céu da Terra. No silício carioca, gênios aplicam seus neurônios inventando nomes a essas entidades.
E haja criatividade. Suvaco de Cristo, Imprensa que eu Gamo, Vem ni Mim que Sou Facinha e Quero Exibir meu Longa são alguns dos incontáveis blocos de nomes bem intencionados. Identifico meus cabelos brancos quando aceno pro Simpatia, pro Barbas ou na Banda de Ipanema, um sopro na vanguarda de todo esse enredo.
Nossos Momos estão magros. No regime do politicamente correto, o percurso tem um fim. Não dá mais pro tirolês, nem havaianas ou pros lentos concursos do Clóvis Bornay. Nosso tempo em banda larga acelera os desfiles, mas a gente resiste. Tenho medo que, virtuais, cada um tenha seu próprio carnaval, o seu bloco de tela.
Com a alma em cinzas mesmo antes da quarta-feira, descubro uma saída de emergência na força dos Timoneiros da Viola. Anoiteço Flor do Sereno, dobrado no derradeiro rancho de um eterno bêbado e pierrot, um riso palhaço na fantasia, pois é Carnaval.
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