Rio -  Estou de branco e azul na Sapucaí.
A Vila Isabel sob a batuta espiritual de Noel Rosa, não vacilou ao abraçar o samba.
Tempos depois, um parceiro querido completa 75 anos no meio do desfile. Olha as luzes da arquibancada irradiando feito velas que comemoram a data num sopro de tradição e se emociona na passarela imaginária em Duas Barras, o arraial de toda a vida.
Sim, Martinho da Vila, sandália rasteira, boné de aba curta, devagar, devagarinho rompendo na melodia do seu último samba, a monotonia de tantas “evoluções”.
Não é de hoje que Seu Ferreira rema contra a maré.
Desde ‘O Pequeno Burguês’, livros tão caros, tantas contas pra pagar, Martinho acena pra um novo caminho. Seu estilo fez escola. O bairro vira uma casa de bamba aonde todo mundo bebe, todo mundo samba.
Imagino, boca seca, os bares abrindo neste domingo como campeões do Carnaval de 2013.
O Petisco organiza um alambrado. Seu Agostinho fritando bolo de vagem no Gato de Botas enquanto mesas vermelhas na esquina da rua colorem o Bar do Costa.
Na base do pendura, um gaiato culpa o compositor: “Dinheiro, pra que dinheiro? Se ela não me dá bola”...
Martinho, ri. Na vista, a retina busca o céu azul feito a escola fundada em 1946.
Temos um samba em homenagem a agremiação e reverências aos primeiros dias de quadra. China e Paulo Brazão, uma história de resistência constante.
A imortalidade da Kizomba.
É o suor na enxada do enredo vencedor.
Claro, a inspiração, ao lado dos craques Arlindo Cruz, André Diniz e o filho Tunico da Vila, nasce dessa trajetória de amor ao samba, ao Carnaval carioca, rendendo frutos à Vila, chão da poesia, celeiro de bamba.
Também tiro uma casquinha nos seus versos e, com o ano novo batendo a porta, só posso cantar forte: “Que a vida vai melhorar, a vida vai melhorar, a vida vai melhorar”...
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