segunda-feira, 3 de março de 2014

Filme '12 Anos de Escravidão' tem torcida brasileira

Filme '12 Anos de Escravidão' tem torcida brasileira

Longa é o favorito da 86ª edição do Oscar, que acontece hoje à noite, em Los Angeles

KARINA MAIA
Rio - Ainda não se sabe para quem irá o Oscar na 86ª cerimônia da Academy Awards, hoje à noite, em Los Angeles. Mas uma coisa é certa: a torcida por ‘12 Anos de Escravidão’, de Steve McQueen, é pesada. Um dos preferidos a conquistar a estatueta de melhor filme, o longa-metragem já ganhou o Globo de Ouro, o Bafta (prêmio da Academia Britânica de Artes da Televisão e do Cinema) e a atenção da crítica e do público com a história real de um homem negro e livre vendido como escravo, em 1841.
Por aqui, o tema escolhido por McQueen também tem gerado repercussão, principalmente após o ator negro Vinícius Romão ter sido confundido com um assaltante e passar 16 dias preso injustamente, até ser solto na última quarta-feira. Muitos atribuíram o fato ao racismo e, ao falar sobre ‘12 Anos de Escravidão’ com O DIA, alguns atores negros da nossa dramaturgia citaram o caso.
No filme ‘12 Anos de Escravidão’, ator Chiwetel Ejiofor é Solomon Northup, um homem negro e livre, sequestrado e vendido como escravo
Foto:  Divulgação
“Expor problemas raciais é sempre muito bem-vindo. Não vê o menino (Romão) que foi preso?”, diz Nando Cunha, que completa: “Como artistas, temos a responsabilidade de abordar esse assunto. Não vejo esse debate no Brasil”. Neusa Borges reforça o discurso de Nando e ressalta: “No Brasil, 60% da população é negra. Mas a cabeça do brasileiro é branca”.
Os elogios a ‘12 Anos’ são muitos, porém também há quem o critique. Apesar de achar que seu tema é importante pelos questionamentos que carrega, a opinião do ator Maurício Gonçalves sobre o filme difere da maioria. “Ele é cheio de clichês, como quando mostra o fazendeiro apaixonado por uma escrava”, justifica ele, decepcionado. “Quando se trata de escravidão, ninguém tem coragem de falar mal”, avalia.
Zezé Motta, que interpretou Xica da Silva no filme de mesmo nome de Cacá Diegues, em 1976, se limita a defender a produção nacional sobre o tema. “Não sei se ‘12 Anos...’ se aprofunda mais no assunto do que já foi feito aqui. Até porque cada país tem uma cultura diferente”, pondera Zezé.
Culturas diferentes, sim, mas em ambas o tema chama a atenção pela escravidão fazer parte de suas histórias “O governo americano vai mandar cópias do filme e do livro do qual ele é baseado para todas as escolas do país. É capaz de ele ganhar o Oscar pela sua importância histórica, além de ser um muito bom”, diz Rubens Ewald Filho, que comenta a cerimônia a partir das 20h30, na exibição ao vivo da TNT.
Entre os longas que concorrem com o drama dirigido por McQueen estão mais oito produções, com temas variados, de golpes — caso de ‘O Lobo de Wall Street’ e ‘Trapaça’ — ao sequestro em alto-mar de ‘Capitão Phillips’. ‘Clube de Compras Dallas’, em que as atuações de Jared Leto e Matthew McConaughey chamam atenção, também está no páreo, além de ‘Gravidade’, com Sandra Bullock; ‘Nebraska’, todo em preto e branco; ‘Philomena’, que, assim como ‘12 Anos...’, ‘O Lobo...’ e ‘Trapaça’, também é baseado em fatos reais, e ‘Ela’, sobre o romance entre um homem e seu sistema operacional.

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