Relíquias em perigo
POR JOÃO RICARDO GONÇALVES
Rio - Pesquisadores do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), com a colaboração de 200 cientistas do Brasil inteiro, finalizam ainda este mês documento essencial para a preservação da natureza do país: a lista que vai compor o livro vermelho de espécies ameaçadas da flora brasileira.
O documento ainda será aprovado por outras organizações, mas o CNC adiantou, a pedido de O DIA, casos particulares de plantas do Estado do Rio que não têm chances de escapar da relação final.

Arte: O Dia
Entre as espécies que precisam de proteção especial (confira no infográfico) estão bromélias encontradas nas obras da Linha 4 do Metrô, as Alcantarea glaziouana; uma árvore que só existia no Rio e estava escassa, mas foi encontrada no próprio Jardim Botânico, a Terminalia acuminata; além de espécies mais conhecidas, como o xaxim e o mogno.
Ao todo, 4.711 espécies de plantas anteriormente consideradas ameaçadas de extinção por várias listas foram reavaliadas, com base no sistema de critérios e categorias da União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN), na sigla em inglês.
CONHECER E PRESERVAR
Elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente, a última lista que avaliava o risco a espécies da flora brasileira ameaçadas antes do livro vermelho, em 2008, contava 472 plantas que poderiam ser extintas. A situação de cerca de mil era desconhecida.
Por causa do trabalho do CNCFlora, o livro vermelho deve contar com “o dobro ou o triplo” de espécies. “Isso não quer dizer que o número de espécies ameaçadas cresceu nessa proporção, mas revelamos a situação de outras que era desconhecida”, conta o coordenador da lista, Miguel de Moraes.
Objetivo principal é a preservação
De acordo Miguel Moraes, a iniciativa de criar o livro vermelho teve como um dos princípios a interdisciplinaridade entre órgãos governamentais e faz parte de uma tentativa no Brasil de promover a conservação focada especificamente em espécies e não apenas de áreas. “Numa fase posterior, serão formuladas ainda sugestões para reverter o quadro dessas espécies que estão ameaçadas. Não basta apontar o problema, temos que darsoluções para revertê-lo", explica o pesquisador.
Segundo Miguel Moraes, não é possível dizer qual é a planta mais ameaçada do Brasil — o levantamento geralmente enquadra os vegetais em uma série de categorias e estimar o número de exemplares é muito difícil. “Podemos dizer, porém, que a região que mais preocupa é a do Cerrado”, afirma Moraes.
No Brasil, é registrada 1 espécie nova de planta a cada dois dias. O país concentra 20% da diversidade da flora mundial. Por isso, é tão difícil - e importante - conhecer as espécies mais ameaçadas do Brasil.
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