Rio -  O verão ainda nem chegou, mas as temperaturas já aumentaram bastante. Em algumas cidades, como o Rio de Janeiro, os termômetros já passam dos 35°C. Com isso, não tem jeito, o uso do ar-condicionado passa a ser uma constante no dia a dia das pessoas, tanto em casa quanto em estabelecimentos comerciais.

É aí que mora o perigo. Não, o ar-condicionado não faz mal à saúde, garantem os especialistas. Mas seu mau uso pode, sim, causar riscos: “O importante é que o ar-condicionado esteja limpo, ou seja, tenha uma manutenção periódica e seja usado em uma temperatura razoável, não muito baixa. Usado de maneira adequada, ele não faz mal nenhum”, afirma o pneumologista Bernardo Maranhão, diretor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
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Segundo Luiz Roberto Fernandes, médico do Hospital São Francisco, o problema é ficar exposto a aparelho mal conservado, com filtro em péssimas condições: “O ar-condicionado retira a umidade do ar e, por isso, resseca as vias aéreas, o que, claro, gera incômodo. Mas é algo normal, esperado. Agora, se o aparelho está mal conservado, os riscos são mais graves: a pessoa fica sujeita a sinusite, rinite, asma e até pneumonia”, alerta ele.

Manutenção é importante

O engenheiro Fábio Takacs, consultor da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), explica que, sem manutenção, a qualidade do ar circulante fica comprometida porque há acúmulo de poeira que passa a ser jogado no ambiente. Além disso, com o passar do tempo, a água retida na bandeja pode causar a proliferação de fungos e bactérias, causadoras, por exemplo, de pneumonias graves.

Por isso, a Anvisa propõe periodicidade para limpeza e manutenção dos aparelhos: filtros e bandejas devem ser limpos todo mês; serpentinas de resfriamento e aquecimento, trimestralmente. Para o uso no carro, o prazo chega a seis meses.

Para a manutenção, o também consultor da Abrava Oswaldo Bueno diz que o ideal é chamar um técnico. Alguns aparelhos domésticos são fáceis de manusear, e o filtro pode ser trocado sem dificuldade. Mas, para a manutenção de outras partes, como dutos e serpentinas, o processo exige um profissional.

Em espaços comerciais, o cuidado deve ser maior

Em ambientes públicos e coletivos, como shoppings, restaurantes, escritórios e hospitais, é necessária a presença de técnicos para a troca do filtro e manutenção do ar. E, como nesses ambientes circulam muitas pessoas, elas ficam mais sujeitas a contágio por doenças. Para reduzir a possibilidade de isso acontecer, o cuidado com a manutenção e limpeza do sistema de ar condicionado deve ser ainda maior.

As vigilâncias estaduais e municipais são responsáveis pela fiscalização, mas, como não há período determinado para a vistoria, ela é feita de forma aleatória, levando-se em conta o grau de exposição desses ambientes ou quando são recebidas denúncias.

Mas Oswaldo Bueno, consultor da Abrava, explica que a situação deve mudar em breve. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), levando em consideração padrões americanos e europeus, estudam prazos máximos para a troca compulsória dos filtros: “Como consultor, sou plenamente favorável a que essa data limite seja estipulada, definida. Assim, poderemos ter mais segurança sobre o que é realizado em termos de manutenção.”

Cuidados a seguir:

Ar-condicionado em bom estado não faz barulho : “Se o seu aparelho está com aquele barulhinho que parece um assovio é sinal de que já passou e muito a época de fazer a limpeza do filtro”, ensina Murilo Sobral, supervisor técnico em sistemas de ar condicionado.

Se o local onde o ar está tem tapete ou carpete, redobre a atenção. Nesse caso, recomenda o pneumologista Bernardo Maranhão, é bom não descuidar nem da limpeza do ar nem dos tapetes para evitar o acúmulo de poeira.

A Anvisa sugere que a temperatura não seja inferior a 23° C. Abaixo desse limite, os riscos à saúde aumentam, já que existem bactérias resistentes ao frio que se aproveitam para se instalar no ambiente e também em nossos organismos.