Rio -  Os Bombeiros foram novamente chamados, na manhã desta segunda-feira, para combater um princípio de incêndio nas lojas da Saara, no Centro do Rio, que pegaram fogo no último sábado. Segundo o Corpo de Bombeiros, no entanto, não havia um novo princípio de incêndio, apenas fumaça, o que seria natural devido a temperatura ainda elevada no local. Os bombeiros estão no local e fazem o trabalho de rescaldo. A Defesa Civil do Rio interditou as quatro lojas após o incêndio. 
Bombeiros voltaram ao local do incêndio no Saara nesta segunda-feira | Foto: Paulo Alvadia
Bombeiros voltaram ao local do incêndio no Saara nesta segunda-feira | Foto: Paulo Alvadia
O incêndio que atingiu quatro lojas começou às 9h20 deste sábado, no estoque do segundo andar da loja de moda infantil Bibinha, e se alastrou, atingindo também o comércio ao lado, a Estrela das Festas, de bijuterias, que pertence ao mesmo dono, oempresário Paulo Constantino. “Na hora, outros lojistas tentaram ajudar, jogando baldes, mas o fogo se alastrou rápido. Havia muita fumaça”, contou Carlos Augusto Mello, locutor do Lojão das Promoções, que fica em frente à loja.
Paulo Constantino, desolado, perdeu todas as suas mercadorias, recém-adquiridas para o estoque de Natal. A loja tinha seguro, mas os produtos, não. “Todo comerciante da Saara sonha com o Natal”, lamentou Maria França Ribeiro, dona de um prédio na mesma rua.
Bombeiros das unidades do Centro, Caju e Vila Isabel combateram as labaredas com o auxílio de cinco viaturas, sendo uma dotada de escada Magirus. Por volta das 13h30, a laje de uma das lojas desabou, mas ninguém ficou ferido. Um curto-circuito pode ter sido a causa do incêndio. Cerca de 30 homens do Corpo de Bombeiros efetuaram a fase de rescaldo, e a Defesa Civil deve avaliar hoje a necessidade de interdição.
Acesso difícil atrapalhou a chegada dos bombeiros
No momento em que o incêndio começou, os homens do Quartel-General do Corpo de Bombeiros, a 500 metros do local, foram acionados, mas, segundo o presidente da Saara, Ênio Bittencourt, a chegada demorou meia hora — o que teria agravado a situação.
Ainda segundo Bittencourt, os prédios da região são centenários, com muitas madeiras em sua estrutura e instalações elétricas antigas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o problema foi chegar ao local, pois o percurso tem quase um quilômetro. Agrava o fato de passar por ruas de tráfego intenso, como a Presidente Vargas.
“Tinha muitas pessoas na rua e não dava para entrar com os carros no meio”, disse um oficial.
De acordo com Daniel Plá, professor da Fundação Getúlio Vargas que estava no local, a demora para a reabertura das cerca de 100 lojas que ficam ao redor das afetadas pelo incêndio dará prejuízo aos lojistas da região. “Estas lojas ficaram fechadas até o meio-dia, gerando perda de R$ 350 mil em vendas”, contabilizou Plá.
Emocionados, empregados dizem que o Natal acabou
O empresário Paulo Constantino, há 30 no comércio local, chegou à Saara em estado de choque e sequer conseguia falar. Ele foi consolado por seus funcionários, que também perderam parte de seus pertences, como documentos e cartões de crédito.
“Saímos correndo só com os objetos de trabalho e deixamos nossas bolsas para trás. Não sei se vamos recuperar”, disse a funcionária Aline Feliciano, grávida de cinco meses. Há quatro anos trabalhando na loja Bibinha, Aline se solidarizou com o chefe e disse que ele não merecia isso. “Ele é um ótimo patrão e nós o consideramos como um pai”, lamentou.
Já Heloísa Santos, funcionária da casa há 20 anos, diz que não tem mais motivos para comemorar o Natal. “Foram 20 anos jogados na lata do lixo em minutos. Todos os meus documentos estavam no estoque, só estou com a roupa do corpo. Meu Natal acabou”, emocionou-se.
Maria Aparecida, que trabalha na loja em frente, comparou o incêndio a um filme de terror. “Foi horrível. Pela quantidade de fumaça, parecia que a nossa loja também estava pegando fogo”.