Rio -  O repórter comunitário Flávio Henrique Moreira de Lima Caffer presta depoimento nesta segunda-feira no Fórum do Rio sobre o caso envolvendo um vídeo que serviu de prova para a prisão do ex-presidente da União Pró-Melhoramentos da Rocinha, William da Rocinha, e do seu vice à época, Alexandre Leopoldino Pereira da Silva.
Responsável pela edição do vídeo, Flávio revelou que foi coagido por Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão (morto em março deste ano), a incriminar a dupla. Com a edição, as imagens sugerem que os dois estariam vendendo um fuzil ao ex-chefe do tráfico na Rocinha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem. 
Eles foram presos em dezembro de 2011, dias após a ocupação da Rocinha e do Vidigal, quando policiais receberam o vídeo de uma moradora
Confira o vídeo:
Na época, o perito Ricardo Molina, que analisou o vídeo a pedido da defesa de William, apontou que houve montagem e que essa foi além de uma simples edição de imagens. Para Molina, houve a intenção de disfarçar os cortes, e além disso, não há garantia da manutenção da ordem cronológica da gravação.
"Nós estamos mostrando que essas imagens não refletem com fidelidade o que se passou naquele momento. Junto a isso, fizemos um pedido de liberdade", disse o advogado de defesa de William, João Bernardo Kappen.
Vídeo teria sido gravado em 2010
Segundo a Polícia Civil, o vídeo foi gravado às vésperas da ocupação policial da Favela da Rocinha porque as aparências de Nem, William e da quadra de esportes são semelhantes às da operação policial. Já o ex-líder comunitário afirma que as imagens ocorreram na véspera das eleições de 2010, quando ele concorreu ao posto de deputado estadual e foi derrotado.
Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
William foi preso dentro de casa, na Rocinha | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
O líder comunitário negou ter participado da venda do fuzil e disse que já sabia da existência do vídeo. “É uma armadilha. O Nem me chamou na madrugada do dia da eleição para esse encontro”, declarou. “O Nem me disse que se eu entrasse no caminho dele, teria minha vida destruída. Não vendi fuzil. Não vendo fuzil. Não sou criminoso”, afirmou.
De acordo com ex-presidente da associação de moradores da Favela da Rocinha, a quantia que ele aparece recebendo nas imagens seria uma doação para sua campanha eleitoral. “O Nem estava embriagado e nervoso quando me deu o dinheiro. Quando eu desci, devolvi essa quantia. Infelizmente estão tentando destruir a minha vida. A Rocinha sabe quem eu sou. Fiquei oprimido por muitos anos na comunidade”, disse.