Rio -  O presidente Barack Obama decidiu enviar ao Congresso dos EUA proposta que restringe a aquisição de armas semiautomáticas, além de propor a investigação sobre antecedentes de compradores. Já não era sem tempo. Mais uma tragédia tipicamente norte-americana — há um ano e oito meses atrás também provamos dela numa escola em Realengo — deixa famílias enlutadas, autoridades impotentes e o mundo incrédulo. Mais um episódio macabro num país onde a arma individual é direito constitucional. Cena própria de filme de terror, já rotineira nos EUA, onde se calcula existirem 300 milhões de armas de posse da população.
Contra o elemento surpresa e o imprevisível, quase sempre não existe a possibilidade de defesa, há que se reconhecer. Mas enfrentar o poderoso lobby do setor é dever do governo. Dificultar a aquisição é uma das estratégias eficazes para reduzir tragédias. O que é mais valioso: a vida humana ou a riqueza dos impostos do comércio de armas, que causam tragédias?
É preciso rediscutir, nos EUA, o direito ao uso individual. Desculpas e lágrimas de autoridades não vão ressuscitar preciosas vidas. Um psicopata, de posse de três armas pertencentes à própria mãe, acaba de causar uma tragédia escolar sem precedentes. Autoridades da maior potência mundial não podem mais permanecer, portanto, combatendo tão somente projetos de outros países de armas de destruição de massa. As de destruição individual também têm que ser combatidas.
O fato é que a cultura da arma nos EUA e no mundo precisa ter fim. Armas e munições, só para quem exerce legalmente missões de defesa da sociedade ou de vigilância. O Congresso norte-americano têm a palavra para quebrar tal paradigma, antes que tragédias semelhantes continuem ocorrendo. É preciso ação e menos perplexidade com tragédias sempre muito prováveis.
Tenente-coronel da Reserva da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro