Rio -  A Petrobras poderá ser a vilã da vez nas manobras na contabilização das importações. Instrução normativa da Receita estabeleceu que a empresa terá até 50 dias para informar as compras realizadas no exterior. Tal fato fortalece a desconfiança de que os dados da balança comercial de 2012 podem ter sido manipulados. Estimativa da Associação de Comércio Exterior do Brasil aponta que até R$ 9 bilhões deixaram de ser registrados nas importações. Assim, o superávit comercial de R$ 19,438 bilhões divulgado pelo governo, um dos piores dos últimos 10 anos, seria de R$ 10,4 bilhões.
Os problemas com a Zona do Euro e a economia americana ainda fragilizada justificam os números. Porém, essas manobras comprometem a transparência na geração de informações, evidenciando que estamos ainda dependentes do petróleo do exterior e que nossa produção esta aquém das necessidades da política energética. A continuidade de política governamental dependente da Petrobras míngua o patrimônio de uma das maiores petrolíferas do mundo, reduzindo as reservas de recursos para financiar suas operações. Tudo em troca de falta de repasse do aumento dos preços relacionados à importação e à desvalorização do real.
Janeiro demonstra naturalmente timidez nas ações comerciais, mas percebe-se que as perspectivas do governo em relação a um PIB mais consistente e a uma inflação controlada correm risco. O Planalto infla o superávit primário através de antecipações de dividendos e manipulação em vendas de títulos e jogando o problema para frente, esperando que a situação melhore. É forma de mascarar o que a realidade já vem demonstrando para o cidadão: o aumento de preços. O que se espera é que o governo seja transparente para que haja contrapartida dos empresários e do cidadão que confiouseu voto, acreditando numa melhor qualidade de vida.
Coordenador do cursos de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina