Familiares e mangueirenses se despedem de Delegado em velório
'Ele nunca deixou a escola e vai fazer muita falta', lamentou irmã do lendário mestre-sala
POR RAPHAEL AZEVEDO
Rio - O corpo do ex-mestre-sala Delegado foi velado na quadra da Mangueira, na Zona Norte do Rio, durante a noite desta segunda-feira. O enterro será nesta terça-feira, às 13h, no Memorial do Carmo, no Caju. Familiares e dezenas de integrantes da escola estiveram no Palácio do Samba e se despediram do baluarte durante o velório, que começou no fim da tarde.
'Vai fazer muita falta', diz irmã
O intérprete Luizito, a porta-bandeira Marcella Alves e o coreógrafo Carlinhos de Jesus foram alguns dos que fizeram questão de acompanhar a cerimônia. A presidente da escola mirim Mangueira do Amanhã, Tidinha, ex-porta-bandeira que fez par com Delegado nos anos 80, também esteve na quadra assim como o presidente Ivo Meirelles.

Carlinhos de Jesus foi ao velório de Delegado e se emocionou. Na imagem, ele aparece ao lado de Tia Suluca (D), irmã do mestre-sala | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Irmã de Delegado e baiana mais antiga da verde e rosa, Arlete da Silva Fialho, a Tia Suluca, de 84 anos, se emocionou durante o velório. "Ele era o irmão do meu coração. A gente estava sempre juntos nos ensaios da Mangueira. Ele nunca deixou a escola e vai fazer muita falta. Estou com muita dor", lamentou.
"Meu tio foi tudo para mim e para minha família. Minha mãe está recebendo ele no céu com muito carinho. Ele foi um mangueirense que sempre encantou a todos", contou Tamara da Silva, 51 anos, sobrinha do baluarte.
Filho mostra tatuagem com rosto de Delegado

Filho caçula de Delegado, Ronaldo mostra tatuagem feita em homenagem ao pai | Foto: Raphael Azevedo / Agência O Dia
Dezenas de coroas de flores foram enviadas por agremiações do Rio e pela diretoria da Liesa. Ronaldo Vieira Coelho, 45 anos, o caçula dos seis filhos de Delegado, exaltou a memória do pai e fez questão de mostrar a tatuagem feita no braço com rosto do sambista.
"Fiz essa tatuagem há uns dois anos no dia dos Pais para homenagear ele. Ele adorou. Espero que seu nome seja lembrado para sempre", resumiu.
"Fiz essa tatuagem há uns dois anos no dia dos Pais para homenagear ele. Ele adorou. Espero que seu nome seja lembrado para sempre", resumiu.
Presidente de honra da Estação Primeira, Delegado, de 90 anos, morreu no fim da manhã desta segunda-feira na Clínica Santa Branca, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Hégio Laurindo da Silva ficou 10 dias no CTI, e tinha câncer.
Considerado o maior mestre-sala de todos os tempos, Delegado atuou na função por mais de 36 anos e sempre tirou nota máxima.
Nos anos 60 e 70, formou uma dupla imbatível ao lado da lendária porta-bandeira Neide. Sempre com seu apito amarrado no pescoço, fazia questão de estar em todos os ensaios da Mangueira.
Nos anos 60 e 70, formou uma dupla imbatível ao lado da lendária porta-bandeira Neide. Sempre com seu apito amarrado no pescoço, fazia questão de estar em todos os ensaios da Mangueira.
Personalidades exaltam legado de Delegado
Haroldo Costa (ator, escritor e comentarista de Carnaval)
Conhecia ele há mais de 50 anos e posso dizer que foi uma das figuras mais importantes do Carnaval. Chegamos a viajar juntos numa excursão para a Europa e ele fez muito sucesso. Com sua dança, criou um estilo e sempre brilhou com muita competência.
Alcione (cantora)
Estou muito chocada com essa notícia. Delegado foi uma das maiores personalidades da Mangueira. Vou guardar sempre na memória a lembrança de uma figura elegante e preocupada com o futuro. Sempre fez questão de ensinar o que sambia para as crianças. Que Delegado descanse em paz.
Rosemary (cantora)
É um dia muito triste para o Carnaval. Delegado sempre foi uma pessoa muito discreta e humilde, com uma personalidade encantadora. Todos devem reverenciar sua memória para sempre. Influenciou toda uma geração de sambistas e mestre-salas. A Mangueira perde uma de suas maiores figuras.
Relembre a trajetória gloriosa de Delegado

Lendário mestre-sala da Estação Primeira de Mangueira morreu aos 90 anos
Elmo José dos Santos (diretor da Liesa e ex-presidente da Mangueira)
Foi um dos maiores sambistas de todos os tempos. Ele tinha um biotipo que ajudava na dança. Eu era jovem e me lembro dele correndo nas ruas do morro para manter a forma. Nos desfiles, sempre foi um gigante e impressionava a todos pela elegância e pelo jeito de dançar. Sempre brinco dizendo que ele não buscava a nota 10. Ele é que tirava a nota máxima do jurado. Era um deus dançando e vai fazer muita falta. Fez questão departicipar ativamente da escola até o fim e isso deve ser louvado. O samba está chorando.
Carlinhos de Jesus (coreógrafo)
O Delegado sempre foi minha grande referência na dança. Na infância, não tive a oportunidade de ver os bailarinos clássicos ao vivo. Por isso, via o Delegado nos desfiles e ficava impressionado com aqueles passos. Posso dizer que aprendi a dançar vendo esse grande mestre. Quando virei professor de dança, fazia questão de ensinar os passos do Delegado. O Rio perdeu um dos maiores representantes da ginga, da malemolência e da dança popular. Sempre vi Delegado como um mito.
O Delegado sempre foi minha grande referência na dança. Na infância, não tive a oportunidade de ver os bailarinos clássicos ao vivo. Por isso, via o Delegado nos desfiles e ficava impressionado com aqueles passos. Posso dizer que aprendi a dançar vendo esse grande mestre. Quando virei professor de dança, fazia questão de ensinar os passos do Delegado. O Rio perdeu um dos maiores representantes da ginga, da malemolência e da dança popular. Sempre vi Delegado como um mito.
Leci Brandão (deputada estadual-SP, cantora e mangueirense ilustre)
Entrei para a ala de compositores da Mangueira em 1971 e conheci Delegado, mas antes já ouvia falar nele. Sempre vi ele dançando com a Neide (porta-bandeira) e ficava impressionado com a coreografia dele. Era um coisa única e as pernas dele pareciam não ter ossos. Ele era um bailarino de verdade e nunca foi deslumbrado. Era o melhor de todos e nunca se achou, era humilde. As celebridades do samba estão indo embora. A Mangueira está triste.
Entrei para a ala de compositores da Mangueira em 1971 e conheci Delegado, mas antes já ouvia falar nele. Sempre vi ele dançando com a Neide (porta-bandeira) e ficava impressionado com a coreografia dele. Era um coisa única e as pernas dele pareciam não ter ossos. Ele era um bailarino de verdade e nunca foi deslumbrado. Era o melhor de todos e nunca se achou, era humilde. As celebridades do samba estão indo embora. A Mangueira está triste.













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