Rio -  O irretocável espírito esportivo e a elegância ficaram evidentes nos aplausos ao arquirrival Fluminense pela confirmação do título do Campeonato Brasileiro. Já a inteligência que justifica o fato de ser considerado um jogador diferenciado se confirmou ao citar música de Michael Jackson para descrever o comportamento dos atletas no País. Com performance de legítimo camisa 10, o holandês Clarence Seedorf se apresentou nesta segunda-feira na gravação do programa "Altas Horas", da "TV Globo", que vai ao ar no fim de semana.
Foto: Luiz Fernando Menezes / Agência O Dia
Seedorf faz alerta aos jogadores sobre comportamento | Foto: Luiz Fernando Menezes / Agência O Dia
Muito à vontade, o meio-campista do Fogão, logo de início, foi perguntado peloapresentador Serginho Groisman sobre as chances de voltar à seleção holandesa aos 36 anos. A resposta foi enfática (e enigmática): “Isso já foi. Perdemos duas Copas do Mundo e está bom para mim. Quando se fala em Holanda hoje, é algo relacionado a ser embaixador da minha seleção. Mas vamos ver isso ainda."

Entre muitos elogios ao Brasil e evidências do carinho e respeito pelo Botafogo, Seedorf mostrou seu repertório em dois momentos. Primeiro, quando questionado sobre os erros de arbitragem: “O Michael Jackson tem a música "Man In The Mirror" (homem no espelho, em tradução livre). Acho que ela cai bem. A arbitragem tem errado e está muito pressionada, mas os jogadores precisam olhar no espelho para o própriocomportamento. A arbitragem pode melhorar, mas nós também”.

Depois, ao falar sobre a rotina de concentração dos clubes brasileiros antes dos jogos, o holandês foi ainda mais longe: “A palavra concentração já nos remete ao passado, para algo ruim, não muito positivo (em alusão aos campos de concentração na Segunda Guerra Mundial). É uma crença, um mito. O Barcelona não concentra há muito tempo.”

Vida equilibrada para se manter bem aos 36 anos

Aos 36 anos e com um desempenho acima da média, Seedorf reforçou a importância de um equilíbrio na vida fora dos gramados para se manter em plena forma.

“Você pode chegar aos 25 anos com cara de 40. Já tive companheiros que não se cuidaram fora do campo e, com 32, 33 anos anos, estavam acabados para o futebol. A ciência, os medicamentos que existem hoje, ajudam a prolongar a vida do atleta, mas nada adianta se ele não tiver comprometimento”, disse.

O holandês admitiu: “Também gosto de viver, de ir ao cinema e faço as minhas noitadas. Mas tudo tem o seu momento, a hora certa. E você tem que respeitar o corpo”.