Rio -  Disposição, vontade de aprender, visão de futuro e ambição pelo crescimento sem limites. Não, definitivamente esse perfil não é mais exclusividade de jovens empreendedores brasileiros. Os recém-saídos dos bancos universitários se jogam no sonho de ter o próprio negócio ainda nas empresas incubadoras ou por meio de ‘startups’. Mas hoje pessoas da terceira idade mostram que aliar a experiência de vida ao gosto pelo empreendedorismo também pode dar muito certo.
É o que confirma o estudo da Global Enterpreneurship Monitor (GEM), que identificou, em 2010, 1 milhão e 400 mil empresas brasileiras com menos de 42 meses de existência sendo administradas por pessoas na faixa dos 55 a 64 anos. Mas não para por aí. Os números revelam ainda que, do total de empresários maduros, 650 mil eram idosos, isto é, pessoas que já têm 60 anos ou mais.
Após os 50 anos, Luiz Cláudio Salgado partiu para um novo desafio: abrir uma clínica de pilates. Hoje, aos 68 anos, ele se tornou diretor financeiro de uma das principais redes do país | Foto: Agência O Dia / Paulo Araújo
Após os 50 anos, Luiz Cláudio Salgado partiu para um novo desafio: abrir uma clínica de pilates. Hoje, aos 68 anos, ele se tornou diretor financeiro de uma das principais redes do país | Foto: Agência O Dia / Paulo Araújo
O hoje diretor financeiro da Metacorpus Studio Pilates, Luiz Cláudio Salgado, 68 anos, é um bom exemplo de como o profissional pode se reinventar após os 50. Ele, que sempre trabalhou na área comercial, primeiro numa multinacional e depois com representação, foi chamado pelo filho e um amigo para ajudar quando resolveram abrir a empresa.
Salgado começou ajudando na fabricação dos equipamentos para pilates. “Agora, dez anos depois, sou sócio e diretor de uma empresa bem sucedida”, festeja ele.
Maiores de 60 anos são a maioria dos que procuram informações sobre franquias
E o sucesso nos negócios da turma mais experiente é rotineiro. Basta querer e correr atrás. Foi assim com quem apostou em começar o sonho de ter a própria empresa por meio de franquias.
É o caso do casal Gildo e Rachel Szpiro, de 76 e 69 anos, donos de uma loja da rede Spoleto no Shopping Downtown, na Barra da Tijuca; e também do geólogo Hélcio Castro, 58 anos, que identificou na expansão do mercado de produtos naturais uma possibilidade de sucesso e abriu uma loja da Via Verde em Botafogo, na Zona Sul.
Sem falar no aposentado Ubiratan Araújo, que, de olho na Copa do 2014 e na Olimpíada de 2016, decidiu abrir a franquia do curso de idiomas Yes em Vargem Pequena, na Zona Oeste.
Por contar com modelo pré-definido de gestão e infraestrutura, no qual o empresário tem suporte administrativo e jurídico do dono da marca, franquias são as queridinhas da terceira idade.
A presidente da Associação Brasileira de Franchinsing (ABF-Rio), Fátima Rocha, acredita que há uma mudança na forma de os mais velhos encararem a vida e de serem encarados pela sociedade. Por isso, diz, as pessoas querem trabalhar numa atividade própria, investindo o capital que juntou durante a vida. “Hoje, uma pessoa com 50, 60 anos está em plena idade produtiva. Até mesmo o governo percebe isso, quando tenta criar novas regras para a aposentadoria”, afirma.
Segundo a executiva, o sistema de franquia é uma opção para quem quer evitar riscos, como o de perder todo o capital acumulado. Uma ds vantagens da franquias, destaca Fátima, é que o interessado conta com cursos, seminários e simpósios.
Os cursos são de capacitação e gestão de franquias. Neles, são abordados temas ligados a questões jurídicas, investimentos e teoria e prática de administração em franquias, entre outros. Segundo Fátima Rocha, 90% das pessoas que procuram orientações na entidade estão na faixa dos 40 a 50 anos.
Tino para os negócios
Geólogo, Castro apostou na ‘onda natureba’ e abriu a franquia | Foto: Divulgação
Geólogo, Castro apostou na ‘onda natureba’ e abriu a franquia | Foto: Divulgação
A garra e a visão empreendedora também acompanharam o geólogo Hélcio Castro, 58 anos. De olho no crescimento do mercado de produtos naturais, ele escolheu abrir uma loja da Via Verde, em Botafogo, Zona Sul. “O desafio é importante para a mente, e a franquia é um modelo de negócio seguro”, afirma Castro.
Outro que está muito feliz com o novo empreendimento por meio de franquia é Flávio Gratacos, 50 anos, que trabalhava na área financeira. Com a mulher e a filha, ele investiu R$ 200 mil no aluguel e reforma da loja para abrir uma unidade da Laundormat, serviço de lavanderias, em Jacarepaguá, na Zona Oeste.
No primeiro ano de operação, a unidade atingiu o break even, ponto em que a empresa já é capaz de pagar coma receita os custos operacionais fixos e variáveis. A expectativa é que investimento volte em dois anos.
Trabalho garante lucros, bem-estar e satisfação
Já próximo da aposentadoria, Luiz Cláudio Salgado, 68 anos, resolveu iniciar um novo desafio ao lado do filho e do amigo, os fisioterapeutas Michel Salgado e Sérgio Machado. Juntos, criaram a Metacorpus Studio Pilates.
Passados dez anos, hoje a rede tem estúdios próprios e 360 credenciados no país. “Estava próximo de me aposentar, mas o convite do meu filho mudou os meus planos. Vale a pena empreender, pois trabalhar ajuda no bem-estar físico e na saúde”, diz o diretor da Metacorpus.
Se Luiz Salgado optou por trabalhar num empreendimento de dois jovens fisioterapeutas e candidatos a empreendedores, o engenheiro Ronaldo Wegner, 66 anos, e a fisioterapeuta, Sandra Wegner, 62, há sete anos resolveram por em prática um antigo projeto: criar um de fisioterapia aquática.
Foi assim que surgiu na Gávea a Hidrovida. A clínica oferece uma série de atividades em piscinas para adultos e crianças com problemas neurológicos.