Rio -  Pelo planejamento da secretaria de Segurança Pública, estão na lista para entrar no processo de pacificação o Complexo da Maré e a região do Grande Méier, incluindo Engenho de Dentro, Engenho Novo e o Lins, onde algumas vítimas de balas perdidas foram alvejadas.
Quase mil policiais recém-formados vão compor os quadros das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) dos complexos do Jacarezinho e Manguinhos, que serão inauguradas no dia 16. Cada uma terá duas bases, além da sede.
No Jacarezinho, 520 PMs serão distribuídos entre a sede na localidade Azul, e as bases do Rato Molhado e Pica Pau. Em Manguinhos, serão 460 militares entre as bases do Mandela e Varginha.
Depois do Carnaval, há projeto para estender as unidades, criando mais um posto noParque Arará. Pelo projeto inicial, a Maré seria a próxima a ser pacificada, contemplando ainda Ramos.
Jéssica com o marido após prestar depoimento na delegacia | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Jéssica com o marido após prestar depoimento na delegacia | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Cinco vítimas atingidas por balas perdidas na região
Em 10 dias, cinco pessoas foram vítimas de balas perdidas na área do 3º BPM, no Méier. Apenas duas sobreviveram. Para uma delas, Jéssica Elísio Vasconcellos, 22, a vida nunca mais será a mesma.
Atingida na cabeça nos primeiros minutos do ano, quando seguia para a Praça Rio Grande do Norte, no Engenho de Dentro — onde assistiria à queima de fogos da virada — , a dona de casa foi salva por sorte.
A bala não perfurou o crânio de Jéssica e, por isso, pôde ser retirada sem deixar sequela “Vou ter sempre dois aniversários para comemorar. Tenho que agradecer muito a Deus, graças a Ele não foi como nos outros casos", lembrou ela, referindo-se ao falecimento de Aline Cristina Faria Ramos, 25, Flávia da Costa Silva, 26, baleadas no Lins de Vasconcelos, e da morte cerebral de Adrielly dos Santos Vieira, 10, atingida em Piedade.
Na terça, Ana Cristina, 30, grávida de seis meses, foi alvejada em Piedade. Com um tiro no ombro, ela foi encaminhada a um hospital, liberada e passa bem.
Nesta quarta-feira, Jéssica foi à 26ª DP (Todos os Santos) prestar depoimento e realizar exame de corpo e delito. O delegado Carlos Augusto Leba descartou confrontos ou operações que pudessem originar o disparo. "Pode ter partido de comunidade ou ter sido disparado junto dos fogos".
Na Rua Pernambuco e adjacências, moradores reclamam dos constantes assaltos e tiroteios. “A violência aumentou e os bandidos sempre assaltam próximos à escadaria da Pernambuco ou nas ruas menos iluminadas. Também é comum ouvirmos barulhos de tiros nas comunidades do entorno", contou um comerciante.
De acordo com a PM, operações foram intensificadas e o policiamento reforçado na área do 3º BPM. Sobre os casos de balas perdidas, a Secretaria de Estado de Segurança do Rio alegou tratar-se de fatos isolados, que não representam tendência.