Rio -  O ano velho anunciou que está indo embora. Pobre senhor cansado, ficou ultrapassado e caduco em apenas 365 dias, como pode isso? Se o tempo passarápido, a sensação parece ser mais veloz ainda, como um vento forte e pronto! Mais um ano. A passagem de bastão do ano velho para o nosso bebê mais novo, apesar de ser uma sequência, nos oferece uma oportunidade de novos planos, reformulações e mudanças. É como um recomeçar simbólico, de um 31 de dezembro em 1º de janeiro de qualquer nova etapa.
Creio que exista um primeiro de ano dentro de cada um, a partir do momento em que estejamos dispostos a isso. Aquela oportunidade que nem sempre está ao alcance de nossa compreensão, mas ao alcance de nossas tentativas. E é isso que pode nos proporcionar um ano novo, aquela sensação de um recomeço, de que podemos nos aprimorar nas coisas, nos relacionamentos, no nosso ofício. Uma ideia de evolução, porque, na verdade, viver é evoluir. Nunca se caminha para trás, mesmo que pareça que estejamos lomba a baixo.
A vida é uma sequência de dias, meses, anos. O tempo não volta, mas se refaz, se descortina em novas caminhadas ou até atalhos que podem aparecer em nosso circuito se conseguirmos ter o discernimento de rever os caminhos trilhados, e a humildade de convertê-los em chão mais fácil de pisar. Nem sempre as pedras são dispensáveis ou o oásis uma simples miragem.
Novo ano, que assim seja, a oportunidade de aprender a trocar fraldas, deliciar-se com a mamadeira, sorrir sem motivo aparente, chorar se for preciso, afinal, “quem não chora não mama”. Porque as horas nos acompanham e os dias crescem conosco, como fiéis companheiros de lar, é quando aprendemos a caminhar e falar. Um novo ano com saborde recomeço, mas certeza de episódios em sequência, numa bela dose de vida marcada em compasso de segundos: de uma simples e natural evolução.
Ana Cecília Romeu é publicitária e escritora