terça-feira, 8 de abril de 2014

O mau comportamento é de todos

O mau comportamento é de todos

Basta rápida comparação entre o que se vê na Europa e o que se constata por aqui em quase todos os jogos

O DIA
Rio - Pode parecer má vontade da mídia ou do torcedor mais exigente, mas não é. Basta rápida comparação entre o que se vê na Europa e o que se constata por aqui em quase todos os jogos. E está cada vez pior. Antes de entrar no terreno do futebol propriamente dito, os personagens já carregam visão distorcida e egoísta dos fatos: os jogadores reclamam de tudo e de todos, não respeitam companheiros com entradas desleais e simulações grosseiras; também os árbitros, fracos e pressionados, quase todos aceitam contestações agressivas. Há um clima de baderna, descontrole e indisciplina na maioria dos jogos. Depois das partidas, presidentes de clubes, como aconteceu domingo com Bandeira de Mello e Roberto Dinamite, fazem reclamações absurdas. Há uma espécie de comédia de erros em que todos se perdem, seja pela paixão cega, seja pela necessidade de encontrar culpados por erros - dos jogadores ou técnicos. Está mal o futebol brasileiro e talvez as nossas boas chances na Copa só sobrevivam porque quase todos na Seleção jogam na Europa.
Reclamar com a arbitragem é comum no futebol brasileiro
Foto:  Márcio Mercante / Agência O Dia
Atraso tático
Como continuação do clima negativo, o futebol brasileiro está defasado, mas quase todos os nossos treinadores fecham os olhos. O que se vê por aqui é falta de planejamento, chutões e pouco refinamento. Estaríamos desaprendendo? Não deve ser o caso porque continuamos revelando craques. Mas a maioria dos garotos por aqui parece alienada taticamente e nem sequer aperfeiçoa um fundamento básico como o passe. Parece que estão renegando as nossas vocações naturais.
Esperanças
Em meio a um processo de castigo da bola, há algumas esperanças de renovação. Jayme de Almeida no Flamengo tenta fazer um trabalho solidário, sempre dando chance aos garotos e exigindo deles dedicação em campo. E o novo homem do Flu, Cristóvão Borges, também usa o bom senso e a simplicidade para moldar o grupo coletivamente sem abrir mão da improvisação e da criatividade. Vamos torcer para que eles aprofundem o bom trabalho que já começaram.
A demora
Adilson Batista incorreu em evidente erro ao não tirar Everton Costa antes que ele recebesse o segundo amarelo e fosse expulso. Esse é um equívoco comum entre os treinadores, que, às vezes, preferem correr o risco de manter um jogador que está bem mesmo que pendurado. Não é uma tarefa fácil essa decisão, mas o retrospecto recomenda que, a não ser em raríssimos casos, o pendurado deve sair, ainda mais quando se mostra tão nervoso como Everton Costa no clássico.
Nitroglicerina
As bruxas continuam voando em cima do Botafogo e, se o time voltar de Buenos Aires classificado, será um milagre. A equipe já tinha perdido Edilson e Marcelo Mattos, depois foi a vez de Bolatti se lesionar. Jorge Wagner andou ameaçado por conta de um problema na família e, para complicar, Eduardo Hungaro diz que vai escalar Airton, promessa de violência e expulsão. Só falta agora inventar Renato e, depois, Henrique. A coisa não está fácil em General Severiano.
O trabalho simples e sério que dá resultado
O Ituano não chegou à decisão do Paulistão à toa. Fez excelente campeonato sob inspiração do seu gestor de futebol, Juninho Paulista, tendo Doriva como técnico. A equipe fez bela campanha e lembrou os melhores tempos de Bragantino e São Caetano. É um time sem torcida, o que dificulta grandes planos, mas esse tipo de trabalho de base é um exemplo para projetos com mais fôlego.

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