domingo, 3 de novembro de 2013

Augusto Ribeiro: Crianças com infância

Augusto Ribeiro: Crianças com infância

Muitas delas não tiveram o que comemorar no último 12 de outubro, pois estavam empunhando uma foice, segurando um fardo de lenha, vendendo o corpo ou respirando pó de carvão

O DIA
Rio - Muitas crianças brasileiras não tiveram o que comemorar no último 12 de outubro, pois estavam empunhando uma foice, segurando um fardo de lenha, vendendo o corpo ou respirando pó de carvão. Nesse dia, muitas delas estavam trabalhando, inclusive em atividades insalubres e perigosas, sem ninguém para acolhê-las.
No Brasil, o trabalho infantil ainda é problema sério, que muitos de nós desconhecemos ou não nos interessamos. Será que o olhar de uma criança castigada pela dureza da labuta é o mesmo que o de nossos filhos? Certamente não. Angústia, dor e sofrimento são refletidos nesse olhar, que mais parece o de um prisioneiro.
Prisioneiro logo do trabalho, que existe para dar dignidade ao ser humano. Temos, hoje, no país, 3,5 milhões de meninos e meninas entre 5 e 17 anos trabalhando irregularmente, vítimas de empresários inescrupulosos, que destroem o futuro de boa parte de nossas crianças.
No entanto, o Brasil vem evoluindo: houve queda de 5,41% em relação a 2011, o que significa 156 mil crianças a menos nestas condições. Já na faixa dos 10 aos 13 anos, a redução foi de 20% em 2012. Até os 13 anos, o trabalho infantil é totalmente proibido, não sendo possível nem mesmo por meio da Lei do Aprendiz. Mas precisamos fazer mais. No Rio, o Conselho da Criança e do Adolescente tem promovido ações de combate a esta prática nociva, com o apoio da prefeitura.
Ajudar o combate ao trabalho infantil é obrigação de todos. Cuidar de nossas crianças é o caminho para uma sociedade mais justa, onde elas tenham infância, vida digna, com condições de fortalecer as bases de um país sem exploração, sem miséria e com mais humanidade.
Secretário municipal de Trabalho e Emprego

    Tags: Opinião , Colunista

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