Rio -  Os jovens não querem só emprego, querem trabalho, diversão e arte. É o que mostra pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, que revela: 46,4% dos jovens de 16 a 24 anos acreditam que a maior vantagem de abrir um negócio próprio é poder fazer aquilo que gostam.
O Brasil tem hoje 1,5 milhão de empreendedores na faixa etária de 16 a 24 anos, segundo o estudo. Para José Alberto Aranha, diretor do Instituto Gênesis da PUC-Rio, o aumento do número de jovens com negócio próprio é reflexo de uma série de fatores, como mudanças culturais e mais facilidades para abrir uma empresa.
A confeiteira Rosane da Costa Coelho começou a trabalhar com a mãe aos 15 e, com 20 anos, já tinha o próprio negócio. Hoje, aos 35, ela pretende expandir sua empresa e dar aulas | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
A confeiteira Rosane da Costa Coelho começou a trabalhar com a mãe aos 15 e, com 20 anos, já tinha o próprio negócio. Hoje, aos 35, ela pretende expandir sua empresa e dar aulas | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Para ele, os jovens de hoje querem ser felizes com o trabalho. “Estamos saindo de uma era industrial, na qual as pessoas eram robôs, para uma em que o capital é o conhecimento, a inteligência”, afirma José Alberto Aranha.
Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, acredita que, economicamente, o aumento de empreendedores é vantajoso para o país. “Os jovens estão se preparando, investindo em educação e gerando empregos, que é o mais importante”, avalia.
Novos empreendedores investem em hobbies
A confeiteira Rosane da Costa Coelho começou a fazer bolos aos 15 anos, para ajudar a mãe. Aos 20, já administrava a própria empresa, sozinha. Hoje, com 35 anos, Rosane expandiu o negócio e comprou uma casa, no Bairro de Fátima, onde prepara bolos, salgadinhos, docinhos e bem-casados.
No futuro, ela quer dar aulas de confeitaria. “Adoro ser confeiteira. É muito cansativo, mas depois que o bolo fica pronto, eu tenho uma satisfação muito grande”, conta. Para complementar o que aprendeu com a mãe, a boleira fez cursos na Faetec e no Senai para se atualizar. Hoje, toda a sua renda mensal vem das encomendas que recebe na confeitaria.
É cada vez mais comum encontrarmos jovens que, como Rosane, escolheram transformar o hobby em profissão e foram bem sucedidos. “Atualmente, temos uma cultura empreendedora maior, principalmente entre os jovens, que querem ser mais ativos na sociedade”, afirma José Alberto Aranha, diretor do Instituto Gênesis da PUC-Rio.
Além dos shapes, os jovens da El Phante produzem camisetas para skatistas | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Além dos shapes, os jovens da El Phante produzem camisetas para skatistas | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
Um dos donos da oficina de skate El Phante, Matheus Voto, 22 anos, explica que no início não havia a intenção de abrir uma empresa, mas o processo aconteceu de forma natural. “A gente foi numa onda de hobby. Fomos gostando e fazendo. Com o tempo, começamos a nos dedicar cada vez mais e acabamos abrindo a empresa”, conta Matheus.
Para Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular, os jovens desejam também autonomia. “Eles querem fazer seus próprios horários, ter flexibilidade para administrar seu tempo e aproveitar melhor os momentos com família e os amigos”, afirma.
Em busca de maior liberdade, os estudantes Gabriel Biangolino, 22 anos, e Fabiano Leoni, 23, decidiram abrir sua própria empresa, a Yolo. Trata-se de uma consultoria de entretenimento corporativo que organiza atividades para empresas que querem criar ambiente de trabalho mais leve. As atividades se dividem em cinco categorias: solidariedade, diversão, saúde, esportes e aprendizado.
Gabriel Biangolino e Fabiano Leoni criaram a Yolo com o objetivo de levar diversão aos locais de trabalho | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Gabriel Biangolino e Fabiano Leoni criaram a Yolo com o objetivo de levar diversão aos locais de trabalho | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia
Do hobby a um negócio lucrativo
A El Phante surgiu quando o designer Matheus Voto, 22 anos, começou a fabricar skates num laboratório na faculdade. Lá, ele conheceu Gustavo Azem, 26, Pedro Meireles, 22, Gustavo Barbosa, 26, e André Galvão, 36, que gostaram da ideia e decidiram investir no negócio.
Juntos, eles compraram uma casa em Pendotiba, Niterói, onde moram e produzem os skates que vendem na Feira da Babilônia. “A gente só chegou aqui por causa da parceria. Cada um é uma peça muito importante”, diz Matheus.
Jovens que percebem a oportunidade
Uma das principais habilidades dos jovens empreendedores é a capacidade de perceber as oportunidades de mercado. É o caso do estudante de Hotelaria Leonardo Viana, 22 anos, e de André Paixão, 37, e Eduardo Guerini, 36, que trabalham em um hotel de luxo no Rio.
Os jovens perceberam que empresas especializadas em bebidas vinham de São Paulo para fazer eventos no Rio, pois a cidade não tinha quem oferecesse o serviço. “A gente viu que poderia fazer isso, pois temos o know how”, explica Leonardo.
Surgiu, assim, o Black Cherry Bar, que presta serviço de bar e coquetelaria para eventos e festas de luxo.
Quem também soube aproveitar a oportunidade foram os estudantes de engenharia Gabriel Biangolino, 22, e Fabiano Leoni, 23, que criaram a Yolo, consultoria de entretenimento corporativo. “As empresas estão preocupadas com a qualidade de vida dos funcionários. Nossa missão é proporcionar isso”, afirma Gabriel.
Rio oferece boas oportunidades para jovens empreendedores
Até 2017, o Rio de Janeiro vai oferecer muitas oportunidades para quem deseja abrir um negócio próprio, não apenas por conta da Copa do Mundo e da Olimpíada, mas também devido às possibilidades na área do petróleo, garante José Alberto Aranha. “Neste momento, o Rio é o foco central do mundo”, afirma.
Já o diretor do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, garante que, seja na área deturismo ou na área de gastronomia e prestação de serviços, a maioria dos investimentos tem possibilidade de sucesso no Rio de Janeiro.
Para o especialista, o Brasil e, em especial, o Rio de Janeiro, ainda têm muitas opções a serem exploradas pelos jovens. “A criatividade desse público tem aumentado com o acesso à educação e aos avanços tecnológicos, e o mercado sempre estará disposto a receber boas ideias”, incentiva Meirelles.
José Alberto Aranha acredita ainda que os jovens cariocas têm todo o suporte necessário para serem empreendedores bem-sucedidos, já que a cidade é um dos principais polos universitários, culturais e tecnológicos do Brasil.