Rio -  A entrada da juventude da UNE na investigação dos crimes cometidos por agentes do Estado durante a ditadura militar é uma excelente notícia. Para todos os cidadãos interessados no esclarecimento de fatos obscuros de nossa história e, particularmente, para a própria juventude, que precisa ser vacinada para ensinar aos seus filhos e netos a jamais permitir que se repitam golpes contra a democracia brasileira.
A UNE, que atuará entrevistando antigos dirigentes estudantis e seus familiares vitimados pelos governos de exceção, terá como coordenador da tarefa o ex-ministro Paulo Vannuchi, incansável militante dos direitos humanos. A Comissão Nacional da Verdade, agora contando com a colaboração da entidade dos estudantes universitários, em muito deve sua criação à persistência de Vannuchi em ultrapassar barreiras conservadoras no Legislativo e no próprio Executivo.
Instituída há sete meses, a comissão, antes jocosamente comparada ao filme ‘O incrível exército de Brancaleone’, por contar com parcos meios e integrantes para uma tarefa árdua, vem mostrando capacidade de articulação com as estruturas criadas nos estados para, paralelamente, ajudar na coleta de depoimentos — como fez a OAB do Rio de Janeiro. Mesmo formada por profissionais de alto gabarito, é até possível que não consiga esgotar o trabalho no prazo de dois anos, tamanha sua amplitude e algumas dificuldades, como a entrega de arquivos militares.
Mas casos emblemáticos vão sendo elucidados, como o do deputado federal Rubens Paiva, desaparecido em 1971. Documentos entregues à comissão indicam que ele foi morto no DOI, centro de torturas que funcionava no quartel do 1º Exército, na Rua Barão de Mesquita, no Rio.
Conselheiro federal da Ordem dos Advogados do Brasil pelo Rio de Janeiro