Frei Betto: Maioridade penal
Até os bebês nascidos em berço esplêndido deverão ser preventivamente fichados na delegacia maternal
Rio - Já que o assunto é a redução da maioridade penal, tenho uma sugestão que, com certeza, facilitará, e muito, a prevenção à criminalidade. Supondo que reduzir de 18 para 16 anos é mero paliativo, tendo em vista que há assassinos com menos de 16 anos, deve-se encontrar uma solução para que, em breve, não haja nova campanha para criminalizar pivetes de 14, 12 ou 10 anos de idade.
Não sou jurista, mas vou meter a colher nesse caldeirão para sugerir que se instale uma delegacia de polícia em cada maternidade. Assim, como somos todos tratados como potenciais terroristas em aeroportos, e por isso submetidos a controles eletrônicos e revistas pessoais, todo bebê passaria então a ser considerado, pela legislação, um bandido em potencial.
Até os bebês nascidos em berço esplêndido deverão ser preventivamente fichados na delegacia maternal. Todo exame pré-natal será remetido ao Instituto Médico-Legal, onde se fará também, via gota de sangue, o exame genético.
Como todos sabemos, alguns fetos trazem o gene da compulsividade assassina. Você, leitor, e eu, graças a Deus, nascemos livres desse maldito gene. Nunca matamos ninguém além de baratas e aulas.
Aqueles, entretanto, que a perícia identificar como dotados do referido gene (que, curiosamente, predomina entre bebês das classes desfavorecidas) seriam sumariamente abortados. Os bebês que, por acaso, lograrem nascer antes de emitido o laudo pericial não seriam registrados em cartório, mas fichados na polícia. Não receberiam certidão de nascimento, e, sim, prontuário. Não iriam ao berçário, mas ao crechário, a creche do sistema penitenciário. Não teriam direito a carrinhos, e sim a gaiolas.
Tenho dito. O feito fica por conta do poder público.
Frei Betto é escritor, autor de ‘O que a vida me ensinou’ (Saraiva)
Não sou jurista, mas vou meter a colher nesse caldeirão para sugerir que se instale uma delegacia de polícia em cada maternidade. Assim, como somos todos tratados como potenciais terroristas em aeroportos, e por isso submetidos a controles eletrônicos e revistas pessoais, todo bebê passaria então a ser considerado, pela legislação, um bandido em potencial.
Até os bebês nascidos em berço esplêndido deverão ser preventivamente fichados na delegacia maternal. Todo exame pré-natal será remetido ao Instituto Médico-Legal, onde se fará também, via gota de sangue, o exame genético.
Como todos sabemos, alguns fetos trazem o gene da compulsividade assassina. Você, leitor, e eu, graças a Deus, nascemos livres desse maldito gene. Nunca matamos ninguém além de baratas e aulas.
Aqueles, entretanto, que a perícia identificar como dotados do referido gene (que, curiosamente, predomina entre bebês das classes desfavorecidas) seriam sumariamente abortados. Os bebês que, por acaso, lograrem nascer antes de emitido o laudo pericial não seriam registrados em cartório, mas fichados na polícia. Não receberiam certidão de nascimento, e, sim, prontuário. Não iriam ao berçário, mas ao crechário, a creche do sistema penitenciário. Não teriam direito a carrinhos, e sim a gaiolas.
Tenho dito. O feito fica por conta do poder público.
Frei Betto é escritor, autor de ‘O que a vida me ensinou’ (Saraiva)
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